Um incêndio de grandes proporções atingiu, na madrugada desta segunda-feira (15), uma área militar da Aeronáutica localizada na Vila Nasser, em Campo Grande. O fogo começou por volta de 0h40, na esquina do quarteirão entre a Rua Lindóia e a Rua Luciara, e se espalhou rapidamente em direção à Rua Pocrane e à Avenida São Nicolau, consumindo toda a vegetação do terreno.
A intensidade das chamas, somada ao clima seco, gerou uma nuvem densa de fumaça que se espalhou pelas ruas da região. Muitos moradores foram surpreendidos enquanto dormiam e precisaram deixar suas casas às pressas para escapar da fumaça que invadia as residências.
“Foi assustador, parecia que o fogo estava dentro do quintal. A gente saiu correndo, com medo de perder tudo”, relatou uma moradora que acompanhava o trabalho improvisado de contenção.

Apoio da Aeronáutica
Apesar das diversas ligações de emergência feitas pelos vizinhos, apenas uma viatura adaptada para combate a incêndio, uma Chevrolet S10, foi deslocada ao local, com dois militares. A ajuda extra veio de forma improvisada: um terceiro militar da Aeronáutica, que reside em uma casa funcional dentro da área, se juntou aos esforços.
Sem grandes equipamentos adequados para a proporção do incêndio, a técnica utilizada foi o contrafogo. Um vizinho chegou a emprestar um isqueiro para que os militares pudessem acender o chamado pinga-fogo, numa tentativa de controlar o avanço das labaredas.
A cena indignou os moradores. “Como uma área da Aeronáutica, de tamanha responsabilidade, não tem uma brigada de incêndio preparada para dar suporte imediato?”, questionou outro vizinho, ainda ofegante pela fumaça.

Para os vizinhos, o episódio deixou clara a falta de estrutura da Aeronáutica para lidar com situações de risco em áreas sob sua responsabilidade. “Se não fosse pela colaboração improvisada entre militares dos bombeiros de MS e moradores, o incêndio poderia ter tomado proporções ainda mais graves”, relata outro morador.
Além dos prejuízos ambientais, o risco à saúde também preocupou os moradores. “Aqui temos crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios que tiveram de enfrentar a madrugada em meio à fumaça tóxica”, agravando o temor da comunidade”, conta.
O que diz a lei
Segundo a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998), os responsáveis por áreas públicas ou privadas devem adotar medidas de prevenção e combate a incêndios florestais. Já o Decreto nº 2.661/1998, que regulamenta o uso do fogo em áreas rurais, estabelece a obrigação de manter brigadas de incêndio em regiões de risco.
No caso de terrenos militares, a responsabilidade é direta do Comando da Aeronáutica, que deve preservar o meio ambiente e garantir a segurança dos vizinhos.
A reportagem do Jornal Midiamax acionou a FAB (Força Aérea Brasileira) para saber se as equipes deveriam ter acionado os Bombeiros para apoio, assim como se há previsão na melhora de resposta a este tipo de ocorrência, e aguarda posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação da Aeronáutica.