Especialistas apontam que os hábitos dos animais silvestres aumentam o risco de encontro e colisão com esses bichos no período noturno, como pode ter ocorrido no acidente que resultou na morte de quatro pessoas após queda de avião no Pantanal de Mato Grosso do Sul.
O amanhecer e o entardecer são os horários de maior risco de colisão com animais silvestres, especialmente no Pantanal, já que muitos animais do bioma têm hábitos crepusculares, sendo mais ativos ao nascer e ao pôr do sol.
Segundo informações do Corpo de Bombeiros, o piloto do Cessna 175, Marcelo Pereira de Barros, estava para pousar o avião quando avistou uma manada de porcos-do-mato nas proximidades da pista, tendo que fazer a manobra de arremeter a aeronave.
Assim, ele acabou perdendo altitude, o que levou à queda da aeronave, que explodiu ao colidir com o solo.
Segundo dados do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), entre 2012 e 2020 foram registradas 14 ocorrências envolvendo deficiências no sistema de proteção de aeródromos que podem ter contribuído com colisões no Brasil.
O que diz a Anac
Esse tipo de relação de causalidade está prevista no Manual sobre Proteção da Área Operacional do Aeródromo, da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
O manual diz que “haverá maior exposição [ao risco] se o sistema de proteção da área operacional tiver falhas que podem aumentar o risco da entrada de animais terrestres”.
Entre 2012 e 2020, foram registradas no Brasil 14 ocorrências em que deficiências no sistema de proteção da área operacional do aeródromo atuaram como possíveis fatores contribuintes para que ocorressem colisões entre aeronaves e pessoas, aeronaves e veículos ou entre aeronaves e animais.

Os dados foram levantados no Painel Sipaer (Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), ferramenta de visualização de dados desenvolvida pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos).
Desses 14 eventos registrados, 9 foram classificados pelo Cenipa como “acidentes”.
O documento fala que a “invasão da área operacional por animais expõe as operações de taxiamento, pouso e decolagem ao risco de colisão de aeronaves com fauna terrestre, especialmente em aeródromos localizados em áreas rurais dedicadas à pecuária”.
Ainda de acordo com o manual, “em aeródromos localizados em áreas rurais dedicadas à agropecuária ou somente à pecuária, o operador de aeródromo deve dedicar especial atenção para que a barreira de segurança, para ser considerada compatível com o tipo de área adjacente ao aeródromo, tenha uma estrutura física com resistência suficiente para impedir o seu rompimento por animais de médio e grande porte e dificultar a passagem de animais de pequeno porte por baixo”.
Nas redes sociais, o Hotel Barra Mansa publicou nota:
“Com imenso pesar lamentamos o acidente aéreo ocorrido em nossa propriedade, na noite de terça-feira (23), que vitimou quatro pessoas. Manifestamos nossa solidariedade às famílias e amigos neste momento de dor e seguimos colaborando com as autoridades competentes.”
O comunicado foi publicado por volta de 12h30 desta quarta-feira (24).
Comportamento de animais silvestres
O encontro com animais silvestres em deslocamento, inclusive manadas, é bastante comum em estradas e rodovias também.
Uma pesquisa conduzida pelo Projeto Bandeiras e Rodovias registrou a morte de 1.456 animais por atropelamento na BR-262 em um período de 7 meses, no trecho entre Campo Grande e a Ponte do Rio Paraguai, em Corumbá.
O levantamento foi feito entre maio e dezembro de 2023 em um trecho com cerca de 350 quilômetros.
Pesquisadores da fauna pantaneira e até mesmo autoridades rodoviárias apontam que algumas espécies se movimentam principalmente ao entardecer e no período noturno, evitando sair nas horas mais quentes do dia.
Dados do ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres) apontam que 90% das colisões em estradas ocorrem à noite, devido a maior atividade dos animais e menor visibilidade na pista.
O acidente
O avião caiu a 100 metros da cabeceira da pista e a queda foi vista por funcionários da fazenda. Com a queda, o avião explodiu.
Os corpos foram resgatados e levados para o IML (Instituto de Medicina Legal) de Aquidauana, por volta das 7h30, onde passarão por exames de DNA para identificação e serão entregues às famílias.
Avião fabricado em 1958
O avião modelo Cessna 175 que caiu nesta terça-feira (23), na região da fazenda Barra Mansa, em Aquidauana, a 135 quilômetros de Campo Grande, tinha 67 anos. O modelo foi fabricado em 1958. O avião não tinha autorização para táxi aéreo. Os corpos das vítimas passarão por exames de DNA.
Conforme já noticiado pelo Jornal Midiamax, o avião, que era de propriedade do piloto Marcelo Pereira de Barros, só estava autorizado a voar sob regras visuais, durante o dia, já que não tinha equipamentos para voos noturnos.
Conforme dados da Anac, o modelo não tinha permissão para táxi aéreo e tinha capacidade para quatro lugares, sendo três passageiros e o piloto. Como a aeronave não tinha instrumentos para voar à noite, o piloto tinha de se orientar pelo horizonte e pelo solo.
O motor original da aeronave era GO-300 com resolução de engrenagem de fábrica. O peso máximo de decolagem é de 1.066 kg. A data da compra do avião é de 9 de março de 2015. Já a classificação segundo a Anac é de pouso convencional com um motor convencional.
O fabricante do avião é o Cessna Aircraft, e o número de série é 55662. A aeronave está no nome de Marcelo Pereira de Barros.
Resgate dos corpos
O resgate dos corpos da aeronave que caiu na região da fazenda Barra Mansa, em Aquidauana, a 135 quilômetros de Campo Grande, demorou cerca de 9 horas. Na queda do avião, morreram quatro pessoas carbonizadas. Os corpos foram levados para o IML (Instituto de Medicina e Odontologia).
O trabalho de resgate foi demorado devido ao local de difícil acesso. O resgate demorou cerca de 9 horas, e três militares e uma viatura estavam empenhadas no trabalho. Os corpos chegaram ao IML de Aquidauana por volta das 7h30 da manhã desta quarta-feira (24).
Os corpos devem ser identificados por exames de DNA para depois serem entregues à família. A queda da aeronave ocorreu no início da noite de terça-feira (23). Há suspeita de que a queda da aeronave tenha sido causada por uma manobra que o piloto tentou fazer: arremeter a aeronave, que acabou perdendo altitude, caindo em seguida.
Quem eram os ocupantes da aeronave
Kongjian Yu era professor da Universidade de Pequim, sendo considerado um dos maiores arquitetos do mundo. Ele era diretor do escritório de arquitetura paisagística Turenscape. Kongjian era doutor pela universidade de Harvard, nos Estados Unidos, além de ser consultor do governo chinês.
Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz, especializado em projetos de documentários como, “Dossiê Chapecó: O Jogo por Trás da Tragédia, além da direção da série To Win or To Win para MBC/Shahid, maior grupo de mídia árabe, sobre o Al Nassr FC e um sucesso de audiência. Luiz também desde 2007 produz e dirige na Olé Produções.
Rubens Crispim Júnior era diretor de fotografia e dono da produtora audiovisual Poseidos, que atuava no mercado nacional e internacional. Rubens nasceu e viveu em São Paulo. Ele era formado em artes plásticas pela ECA-USP e participou de festivais como Short Film Corner, no Festival de Cannes.
Marcelo Pereira de Barros, piloto e dono da aeronave, era paulista, mas apaixonado pela região, conforme o Pantaneiro. Ele deixa dois filhos, Hugo e Gael.
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(Revisão: Bianca Iglesias)