Pode vir gelato, sorvete gourmet, artesanal, premium, o que for… nada é tão inesquecível quanto aquela moreninha que a gente comprava – ou compra até hoje em alguns casos – com o “tiozinho do picolé” que passava na rua.
Nos próximos dias, o Jornal Midiamax fala sobre o desenvolvimento desta região em seu novo projeto, o Fala Povo: Midiamax nos Bairros. Ao longo desta semana, no site, jornal impresso e programa televisivo do Jornal Midiamax (canal 4 da Net), várias histórias serão mostradas, além de curiosidades, pontos gastronômicos, segurança e tudo o que envolve o cotidiano da população local.
A partir da segunda-feira (22), você acompanha reportagens que vão culminar com uma edição ao vivo do programa, transmitida da região no próximo dia 27 de setembro, próximo sábado.

Wilson é um dos picolezeiros que percorre a região
No Guanandi, região sul de Campo Grande, enquanto o calor vai dando as caras, muitos trabalhadores já estão com o carrinho abastecido nas ruas, sinalizando sua chegada com aquela buzina característica e mantendo uma tradição de décadas.
Wilson Alves, de 55 anos, é vendedor há quase um ano e ressalta que, além dele, dezenas de picolezeiros, mantém a mesma rotina de trabalho: abastecem em fábricas próprias do Guanandi e percorrem a região, além de bairros vizinhos, contando que o sabor favorito é a “moreninha ou ituzinho” e depois é que chegam os outros sorvetes ou picolés.
“O pessoal aqui gosta sim de tomar um bom picolé, ainda mais neste calor”, diz Wilson, que faz uma longa caminhada pelo Guanandi, Aero Rancho e Centenário. Segundo ele, muitos clientes compram os mesmos sabores com frequência e ele está curtindo muito a atual profissão.
Aposentado sustentou esposa e 6 filhos fazendo sorvetes no Guanandi

Na principal rua do bairro, a Barra Mansa, o aposentado Jacir Perez, de 81 anos, guarda muitas lembranças, quando o assunto é sorvete. Há 10 anos, ele parou com a fábrica que tinha em casa, mas, por 32 anos este foi o sustento dele, da esposa e dos seis filhos.
“Fiz sorvete por 32 anos. Aprendi com o meu cunhado, que ainda mantém a fábrica no Guanandi. Eu aprendi em Mundo Novo, no interior, e vendia até no Paraguai. Tudo começou em 1979 e fiquei cerca de 10 anos por lá, depois estive um período em Rondonópolis e aí vim para Campo Grande. Tinha o maquinário completo. Aqui no Guanandi fiz sorvetes por 22 anos, todo mundo me conhece como o ‘gaúcho’ por aqui”, contou Jacir.

Segundo ele, o cunhado aprendeu a fazer sorvetes e o ensinou durante 15 dias consecutivos. “Ele foi até a cidade onde morávamos e ficou lá ensinando, passando os macetes tanto do picolé de fruta quanto de leite, a moreninha, o ituzinho e até os refrescos que o pessoal pedia na época. Em Mundo Novo, por exemplo, tinha muitas selarias e aí a gente fazia 2, 3 mil picolés e no outro dia vendia tudo. Foi o que salvou a pátria”, brincou o aposentado.
Já no Guanandi ele ressaltou que “tudo depende da época”. “Por aqui no calor sempre sai mais o de frut. No frio o de leite, como moreninha, aqueles no copinho também. O sorvete me deu tudo, criei seis filhos, ajudei a estudar até onde deu e aí depois foram casando, ajeitando a vida. Tenho três bisnetos e, inclusive, tem um a caminho. E aqui em casa, no quintal, ficaram as lembranças. Vendi vários carrinhos, mas, dois viraram vasos de plantas como lembrança”, finalizou.
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