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Cotidiano

Escola Plínio Mendes: meio século de ensino inclusivo e musical no Guanandi

Por trás da entrada, há uma imensa escola que atende 1.087 alunos, em 20 salas de aula
Karina Campos -

Quem observa a pequena fachada da Escola Municipal Plínio Mendes dos Santos, na Rua Barra Mansa, no bairro Guanandi, em , pode até se enganar sobre o tamanho estrutural da unidade, fundada em 1976. Por trás da entrada, há uma imensa escola que atende 1.087 alunos, em 20 salas de aula.

E, por falar em volume de alunos, considerando o papel da educação inclusiva, as aulas de Libras (Língua Brasileira de Sinais) são utilizadas como uma ferramenta essencial para promover a integração equitativa, acessível e eficaz para os alunos que possuem necessidades especiais.

Há três alunos matriculados com deficiência auditiva, no entanto, a escola também recebe alunos surdos de outras instituições para aprimorar os conhecimentos.

Libras

Libras é uma referência na escola, inclusive, foi fácil notar alunos conversando por meio da língua de sinais enquanto a reportagem visitava a unidade. As aulas não se limitam apenas aos estudantes com deficiência auditiva, mas se estendem a toda a comunidade escolar.

Os Andreia Sanches e Guilberth Kilder são os responsáveis pela construção da escola bilíngue. Enquanto ela é intérprete, ele é o intermediador. Eles descrevem que a educação em casa, por vezes, não é contínua, pois as famílias não compreendem a importância da Libras.

libras
Aula de Libras. (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

“O aluno precisa entender que em casa é diferente, falta o apoio, a família também precisa ensinar que há regras básicas de educação, saber que há uma diferença das regras em casa. Às vezes, a família acha que não é importante para os hábitos; quando chega na escola, ensinamos que precisa ter a disciplina escolar.”

As descobertas após a proibição do celular

Desde a década de 1990, a escola é um dos destaques com sua fanfarra; no entanto, tornou-se banda musical após a entrega de instrumentos de sopro e percussão. Contudo, atualmente, a banda possui mais integrantes “pequenos”, a partir dos 6 anos. O maestro Paulo Henrique Costa explica que o fenômeno aconteceu após a proibição do celular em sala de aula.

“Tivemos uma excepcionalidade esse ano. Com a proibição do celular na escola, os alunos do 6° ao 9° ano, que eram nosso ‘carro-chefe’, se debandaram, mas os menores, do 3º ao 5º ano, vieram por conta própria. Tivemos uma inversão etária. Hoje, nossa banda é infantojuvenil, atendendo alunos desde os 6 anos.”

Ao todo, 40 estudantes estão no grupo, que é uma das primeiras bandas musicais da (Rede Municipal de Ensino). Do violão ao trompete, o maestro diz que há alunos formados que não deixam a escola por conta da música.

“A música tem um poder transformador. Não é só na vertente educacional, mas também no psicossocial, pois ajuda dentro e fora de sala, com os pais também. Evoluímos na atividade curricular. Além disso, com a nova faixa etária, acabamos nos transformando em banda musical.”

escola musica
Alunos pequenos se interessaram mais por música. (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Matemática e Português

Há quem diga que a alma de professor é a base que transforma a sociedade. Se o autor desconhecido da frase assistisse a uma aula de Matemática do professor Leonardo da Silva Lima, teria certeza. As aulas de exatas ganharam uma nova interação após ele notar que os alunos estavam indo mal em Português ou não conseguiam acertar uma questão por erro de interpretação de texto.

Logo, o docente aplicou uma nova atividade de recuperação nas notas, aliando as duas disciplinas. “Então, pensei: por que não aliar o prazer da leitura com a recuperação de matemática? Junto da recuperação da nota, eles podem optar pela recuperação tradicional ou pelo resumo da leitura. Eles escolhem mais, porque são mais recompensados, pois, na recuperação tradicional, vale dois pontos, enquanto o resumo vai depender da qualidade do texto.”

matemática
Leonardo aplica Matemática de forma divertida. (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

De aluna a diretora

A diretora da unidade, Nilsa Firmino, conhece bem a escola, já que concluiu o ensino do 1° ao 9° na unidade, saiu para seguir o Ensino Médio e o Superior, mas retornou como docente. Ela garante que o local é uma segunda casa, com uma segunda família: os colegas de trabalho. A sala da direção é repleta de troféus conquistados pelos alunos, além dos trabalhos feitos à mão.

“O carinho que tenho aqui é por conta de tudo que ela me proporcionou. Se hoje sou uma professora e diretora, é porque aprendi aqui. Estudei aqui, minha primeira escola, e só saí para fazer o Ensino Médio. Depois da faculdade, retornei como professora substituta, depois fui concursada, diretora adjunta. A escola só me trouxe felicidade.”

Pensando nas conquistas que alcançou pela vivência dentro da escola, a diretora explica que, este ano, a unidade adotou um projeto de renda e atendimento psicossocial para as mães, principalmente de alunos com deficiência, com aulas de crochê.

“Geralmente, a mãe de um aluno com deficiência tem dedicação exclusiva ao filho; sendo assim, ela deixa de trabalhar. Nisso, além de não ter renda financeira, também enfrenta a solidão dentro de casa. Então, o curso de crochê oferece uma oportunidade de renda e de integração. Atualmente, 10 mães estão cursando pelos próximos dois meses. As inscrições estão abertas para toda a comunidade.”

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Diretora faz parte da primeira turma da escola. (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

A estrutura

Desde a recepção, o ambiente lúdico remete aos trabalhos manuais feitos pelos alunos — por exemplo, pinturas e trabalhos elaborados em sala de aula. Em todas as salas, há identificação com Libras.

Todo o ambiente é monitorado por câmeras de segurança, além de uma inspetora logo na porta, para controlar a entrada e a saída.

Outro destaque na escola é a brinquedoteca repleta de brinquedos interativos, especialmente para alunos dos anos primários. Um castelo foi doado por um pai e reformado pela professora responsável pelo espaço. Dentro da sala climatizada há escorregador, brinquedos de raciocínio e jogos.

A biblioteca escolar é mais que um cômodo qualquer. Logo na entrada, uma árvore feita de papel convida à leitura. O acervo reúne desde livros para o primário quanto para os alunos maiores. Além disso, o espaço também é utilizado para aulas.

Foi um aluno da Escola Plínio Mendes dos Santos? Pois saiba que o seu arquivo escolar está guardado na unidade. O acervo tem documentos de quase 50 anos, organizados conforme o ano e a letra alfabética.

Especial para aqueles alunos comunicadores, uma rádio ajuda na divulgação de recados e a tocar músicas durante o intervalo.

biblioteca
Biblioteca da escola. (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

O momento da calmaria

Todo professor enfrenta a euforia dos alunos após o intervalo. A direção adotou uma solução para o problema: o acolhimento diário. A medida é direcionada a acalmar os ânimos e à ordenação das turmas.

“O momento de recepcionar os alunos faz com que eles se acalmem e entrem na sala mais tranquilos. Geralmente, colocamos uma música reflexiva para que eles reflitam sobre o dia a dia, pensem em melhorar. As músicas têm uma mensagem para levar para a vida. Esse momento também é uma ajuda ao professor, quando o aluno entra calmo em sala, o professor consegue aplicar a metodologia melhor”, explica o professor e diretor adjunto, Rafael de Freitas Cayres.

momento calmaria
Acolhimento ajuda a acalmar estudantes antes da aula. (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Conheça mais a escola:

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Fala Povo: Midiamax nos Bairros

A história dos bairros de Campo Grande é tema do Fala Povo: Midiamax nos Bairros. Ao longo desta semana, reportagens especiais vão apresentar aos leitores aspectos históricos, indicadores socioeconômicos, demandas populares e peculiaridades das diversas regiões de Campo Grande, culminando com programa ao vivo no sábado. Quer ver seu bairro na série? Mande uma mensagem para (67) 99207-4330, o Fala Povo, WhatsApp do Jornal Midiamax! Siga nossas redes sociais clicando AQUI.

(Revisão: Dáfini Lisboa)

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