Se você é um dos 215.626 campo-grandenses que estão terminando o mês de setembro com dívidas, não se desespere! Não é fácil, mas é possível fechar o ano no azul. Por isso, o Jornal Midiamax preparou um passo a passo de como sair da bola de neve de boletos.
A Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) mostra que 65,6% dos moradores da Capital estão endividados neste mês. O principal vilão é o cartão de crédito, responsável por mais de 72% das dívidas em todas as faixas de renda.
O economista Luís Serrano, especialista em finanças, explica que quase sempre é possível dar um jeito nas contas para, pelo menos, diminuir os danos do endividamento. Ele sugere três passos para eliminar as dívidas até 2026: primeiro, fazer um diagnóstico das finanças; depois, renegociar; e por fim, criar novas fontes de renda.
1 – Diagnóstico
O primeiro passo é descobrir qual é o motivo das dívidas. Às vezes, quando se está afundado em boletos, o mais difícil é descobrir a origem e o tamanho do rombo financeiro.
“Seja qual for o tamanho da dívida ou da renda, uma coisa básica a se fazer é um diagnóstico da situação financeira para entender para onde o dinheiro está indo e se existe a possibilidade de destinar alguma coisa para a quitação”, afirma o economista Luís Serrano.
Para isso, pegue um caderno e anote: quanto você ganha, com o que e quanto gastou no último mês. Separe os gastos em essenciais (aluguel, água, energia), necessários (academia, escola, plano de saúde) e supérfluos (lazer, restaurantes, compras). Com isso, você vai descobrir se há possibilidade de redimensionar esse orçamento para sobrar recursos a fim de pagar as dívidas.
2 – Renegociação
Depois de identificar para onde está indo o dinheiro, é hora de olhar o tipo de dívida que você tem. O economista lembra que o cartão de crédito é o grande vilão do orçamento.
“A maioria dos brasileiros está endividada em cartão de crédito e, eventualmente, pode tomar crédito de uma fonte mais barata, como um consignado”, diz. Segundo ele, essa troca alivia a pressão no orçamento, porque reduz o custo da dívida.
Mas, neste caso, ele faz um alerta: não adianta renegociar se a nova parcela não couber no bolso. O economista reforça que esse é um dos erros mais comuns: fechar um acordo sem planejamento e cair de novo no efeito bola de neve. “A pior coisa que pode ser feita é renegociar dívida sem ter a convicção de que aquela nova prestação caberá no orçamento.”
3 – Fontes de renda
Se cortar gastos parece impossível, uma saída é buscar alternativas para aumentar a receita. Serrano lembra que todos têm alguma habilidade que pode ser transformada em renda extra.
“Fazer bolos, dar aulas de reforço ou fazer serviços de jardinagem, que é uma mão de obra muito escassa em Campo Grande, por exemplo. Isso pode gerar renda complementar para quitação de dívidas”, diz.
Instagram causa endividamento
Além do cartão de crédito, o especialista aponta que alguns hábitos pesam no bolso: compras por impulso, falta de planejamento e o que ele chama de “vida instagramada”.
“As pessoas em geral querem ter o estilo de vida de outras pessoas que veem no Instagram, mas esquecem que a vida na rede social são apenas recortes de bons momentos. É isso que leva a compras não planejadas e a consumo compulsivo”, afirma Serrano.
Ele orienta que cada um deve reconhecer seu perfil financeiro: se é gastador, poupador ou desligado das finanças. “Se eu sou gastador e não tenho disciplina, não posso andar com cartão de crédito no bolso. Se sou desligado, tenho que prestar mais atenção. Essa autoconsciência é fundamental”, reforça.
Outro ponto é ficar atento aos gatilhos usados no comércio, como promoções relâmpago, parcelamentos longos e ofertas que empurram o pagamento para meses depois. “Tudo isso suaviza a dor do pagamento e estimula a compra, mesmo que por impulso e sem o devido planejamento”, diz Luiz Serrano.
Quando a dívida já não tem solução
Há casos em que a bola de neve cresce tanto, que se torna impossível de pagar. Nessa situação, Serrano indica recorrer a meios judiciais, como Procon e Defensoria Pública. A Lei do Superendividamento permite que o consumidor negocie coletivamente com credores, semelhante a uma recuperação judicial.
“Precisamos perder o medo de discutir o endividamento na esfera judicial. Contudo, obviamente, é preciso ter um diagnóstico financeiro, para quem for dar um parecer, entender e propor uma negociação cabível entre os credores”, explica o economista.
E quem não está endividado?
A recomendação é manter a disciplina. Planejar cada compra, segurar o consumo e criar o que Serrano chama de “reserva da paz”: pelo menos seis meses do custo de vida guardados.
“Não é fácil neste cenário de juros altos, o melhor é que quem não está endividado continue assim. Segure seus consumos, façam compras planejadas, que caibam no orçamento, e criem uma ‘reserva da paz’”, conclui.
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(Revisão: Dáfini Lisboa)