Entidades estão em alerta e investigando a origem de bebidas batizadas e suspeitas de conter metanol — uma substância nociva — após o consumo em bares de São Paulo. Em Mato Grosso do Sul, a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) reforça aos estabelecimentos o descarte de bebidas suspeitas.
Ao Jornal Midiamax, o médico nefrologista e presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul, Dr. Marcelo Santana Silveira, explica que o metanol possui um efeito de degradação extrema no organismo humano e age como um intoxicante, causando efeitos graves, como cegueira e morte — sintomas das vítimas intoxicadas na capital paulista.
Diferença entre etanol e metanol no corpo
“Basicamente, no metabolismo do etanol, nosso corpo vai se transformar em acetaldeído, vai ser metabolizado pelo fígado e vai formar o ácido acético, que é muito parecido com um vinagre, na linguagem popular. Vai ser degradado, e o corpo vai eliminar essas substâncias para voltar à normalidade após o consumo da bebida alcoólica.”
“Muitas vezes, durante o consumo do etanol, então, devido principalmente a uma carga alta do acetaldeído, as pessoas costumam apresentar aqueles sintomas chamados de ressaca, né? Dor de cabeça, indisposição, mal-estar. Então, é o corpo trabalhando para que seja metabolizado o acetaldeído pelo fígado, transformado em ácido acético, que é o vinagre, e depois eliminado, processado pelo organismo”, explica o especialista.
✅ Clique aqui para seguir o Jornal Midiamax no Instagram
No entanto, o metanol tem como principal componente o formaldeído, um agente tóxico. “A gente tem muita dificuldade em lidar com essa substância, pois ela vai se transformar numa outra substância que chama ácido fórmico, que é extremamente perigoso. O acúmulo dele no nosso organismo, na última análise, vai se transformar em água e gás carbônico, mas o componente é bastante nocivo.”
Ainda, Silveira descreve que o ácido fórmico desencadeia “sangue ácido”, que contribui para a deterioração e intoxicação em vários órgãos, como fígado e coração.
Sintomas
Os sintomas da intoxicação por metanol podem ser confundidos com os efeitos da pós-embriaguez, pois podem aparecer entre 12 e 48 horas após o consumo da substância. As vítimas podem apresentar dor de cabeça, dores abdominais, náuseas, vômito e confusão mental.
“O principal fator que tem que ser observado é com relação à alteração visual, devido à ação do metanol no nervo óptico. Então, esse paciente pode apresentar uma cegueira, e essa cegueira pode, muitas vezes, surgir rapidamente. Ela pode voltar — o paciente fica por um período com a cegueira — ou pode ficar permanentemente, ou por períodos mais prolongados. Então, um fato que a gente tem que ficar bastante atento é com relação a essa questão da alteração visual, da cegueira.”
Portanto, após o consumo de uma bebida alcoólica suspeita de alteração, o consumidor deve ficar atento às reações, principalmente com sintomas desproporcionais e intensos.
“No caso de sintomatologia intensa após ingerir bebida alcoólica, principalmente se for uma quantidade pequena e houver reações desproporcionais, tem que se procurar atendimento médico o mais rápido possível, porque aí, sim, o tempo para ser avaliado, para ser atendido, vai contar no tratamento”, alerta.
Tratamento
O tratamento — quando identificados sinais e sintomas — busca equilibrar novamente o metabolismo do organismo. Podem ser usadas, no tratamento, soluções com bicarbonato para equilibrar o pH do sangue, além de vitaminas.
Contudo, em casos de suspeita de intoxicação pela substância, é essencial procurar ajuda médica. “Em alguns casos, o paciente pode precisar, inclusive, de hemodiálise para fazer o tratamento, para fazer a abordagem adequada de uma intoxicação por metanol.”
Alerta em MS
O especialista orienta os consumidores a terem atenção ao consumo de bebidas destiladas, buscando saber a origem e desconfiar de preços abaixo do mercado.
“A gente vive próximo à região de fronteira, com casos de adulteração de bebida alcoólica. Precisamos ter muita atenção ao adquirir essas bebidas destiladas”, finaliza.
💬 Fale com os jornalistas do Midiamax
Tem alguma denúncia, flagrante, reclamação ou sugestão de pauta para o Jornal Midiamax?
🗣️ Envie direto para nossos jornalistas pelo WhatsApp (67) 99207-4330. O sigilo está garantido na lei.
✅ Clique no nome de qualquer uma das plataformas abaixo para nos encontrar nas redes sociais:
Instagram, Facebook, TikTok, YouTube, WhatsApp, Bluesky e Threads.
(Revisão: Dáfini Lisboa)