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Cotidiano

Com direito a bolo, comerciantes ‘comemoram’ 3 anos sem estacionamento rotativo no centro

Com o fim do estacionamento rotativo, o centro de Campo Grande teve uma queda significativa no fluxo de clientes
Lethycia Anjos, Graziela Rezende -
Aniversário 43 meses sem estacionamento rotativo
Aniversário 43 meses sem estacionamento rotativo (Eliel Dias, Midiamax)

Clientes e comerciantes enfrentam há mais de três anos um problema recorrente no centro de : a falta de estacionamento rotativo. Para chamar atenção das autoridades, representantes do comércio e da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) organizaram na manhã desta quarta-feira (10), uma ação irônica com direito a bolo e parabéns para ‘celebrar’ os 43 meses sem o serviço.

O fim do estacionamento rotativo, ocorrido em 23 de março de 2022, gerou um impasse prolongado. Apesar das placas indicarem o contrário, a cobrança está interrompida e atrasos nos repasses da empresa Flexpark ao município contribuíram para a paralisação do sistema, prejudicando o comércio local. No entanto, a prefeitura afirma que um novo projeto deve sair ainda neste semestre.

Aniversário 43 meses sem estacionamento rotativo
Adelaido Vila, CDL (Eliel Dias, Midiamax)

A ação organizada pela CDL teve como objetivo chamar a atenção das autoridades e da população para a situação de abandono do centro. Segundo Adelaido Vila, presidente da entidade, a manifestação foi a forma encontrada pelo comércio de pressionar a prefeitura, após diversas tentativas sem retorno.

“Tentamos conversar de várias formas com a prefeitura e mostrar nossa preocupação com o centro de Campo Grande. Lamentavelmente, vemos um centro completamente abandonado. Para nós, a volta do estacionamento rotativo é primordial, assim como outras demandas, como segurança”, afirma Vila.

Comerciantes amargam prejuízos

O transtorno não se limita apenas aos consumidores que vão ao centro de Campo Grande. Para os empresários, o fim do estacionamento rotativo resultou em uma redução significativa de clientes. No centro há oito anos, Marcelo Massuda, proprietário de uma rede de lojas de cosméticos, explica que a falta de vagas afeta diretamente o fluxo de clientes.

“Os consumidores chegam e não têm onde estacionar. Muitas vezes, as vagas são ocupadas por funcionários das lojas ou moradores da região durante o dia inteiro, e o cliente acaba desistindo”, explica.

Além disso, o alto custo dos estacionamentos privados leva clientes a optarem por shoppings, intensificando o problema. Para amenizar a situação, Massuda firmou parcerias com estacionamentos próximos, para garantir isenção ou desconto aos clientes que gastam um valor mínimo em suas lojas. Mesmo assim, segundo ele, a dificuldade de trabalhar no centro persiste. “O centro pede socorro”, enfatiza.

‘Consumidor está acostumado a estacionar na rua’

Lademir Dallegrave, também proprietário de uma loja de cosméticos, que atua no centro de Campo Grande há 32 anos, aponta que o estacionamento é parte fundamental na experiência de compra do cliente.

“O consumidor do centro estava acostumado a estacionar na rua perto das lojas. Com a mudança na 14 de Julho e o fim do estacionamento rotativo, ficou muito difícil encontrar vagas”, explica.

Assim como Marcelo, Dallegrave ressalta que, mesmo que existam estacionamentos privados, o valor alto e a dificuldade de acesso afastam os consumidores. “A grande maioria dos clientes não está acostumada a pagar para estacionar. Eles querem estacionar na rua, como sempre fizeram. Hoje, há uma perda muito grande de consumidores porque eles simplesmente não vêm mais ao centro”, afirma.

Além disso, ele lamenta os impactos na economia local. “Nos últimos anos, vimos várias lojas fecharem e grandes redes deixarem o centro. A rua pode estar bonita, mas sem clientes, de nada adianta. A falta de estacionamento rotativo só diminuiu ainda mais o fluxo de consumidores”.

Queda de 67% no ticket médio

Nos últimos anos o comércio de Campo Grande registrou uma queda significativa no valor do ticket médio, conforme Adelaido isso também se deve ao fim do estacionamento rotativo.

“Antes da revitalização da 14, tínhamos um ticket médio de R$ 152; hoje, está em R$ 49. Isso faz com que lojas fechem e o comércio enfraqueça. Por isso, nossa ação hoje busca chamar atenção das autoridades de forma irônica, porque esperávamos uma solução prática. Sabemos como funciona um processo legislativo, mas isso é uma questão de boa vontade.”

Promessas e impasse

Em agosto deste ano, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), disse que o projeto do estacionamento rotativo estava sendo finalizado pela prefeitura e, em breve, seria encaminhado para a Câmara da Capital. A proposta passou por diversas alterações após pedidos da Casa de Leis. “O projeto já está em fase de conclusão. É algo que a população tem nos cobrado muito”.

Em 2024, a proposta chegou a ser sancionada pela prefeita, mas não teve empresas interessadas. O projeto causou polêmica e chegou a ser retirado da Câmara da Capital algumas vezes para alterações.

A última alteração tinha como objetivo manter uma concessão para a exploração e prestação dos serviços de até 12 anos a contar da assinatura do contrato. Conforme consta no Diário Oficial do dia 30 de abril de 2024, era admitida a prorrogação do prazo da concessão, mediante autorização da Câmara Municipal. Também houve a inclusão de número de vagas que serão instaladas: 6.200.

(Arquivo, Jornal Midiamax)

Sem interesse de empresas, o projeto está passando por novas alterações no Executivo. Na ocasião, o vereador Papy () disse estar cobrando a proposta e solicitou uma concessão de pelo menos 30 anos, algo que a própria Câmara rejeitava.

Vale lembrar que, em setembro de 2023, a prefeitura enviou o projeto com a concessão que tinha duração de 15 anos, prorrogáveis por mais 15. Na época, a proposta acabou rejeitada pelos vereadores que agora pedem o mesmo prazo de concessão: 30 anos.

Imbróglio e dívida da Flexpark

Flexpark no centro de Campo Grande. (Foto: Arquivo/Midiamax)

No contrato firmado em 2012, ficou estabelecido que a Flexpark deveria repassar mensalmente à Agetran 28,5% da arrecadação da renda bruta obtida com a venda de créditos usados por motoristas para estacionar nas ruas da Capital.

De janeiro a março de 2022, último mês de operação da empresa, a Flexpark acumulou ganhos de R$ 807,7 mil que renderiam repasse de R$ 237.124,30 ao município. Contudo, não pagaram a dívida.

Na ação de execução de título movida pela prefeitura, a Agetran afirma que essa não é a primeira vez que a empresa contrai dívida com o município.

Em 2017, a agência também processou a Flexpark porque a empresa devia mais de R$ 2 milhões em repasses ao município. Além disso, a ação até hoje tramita em fase de recurso.

Já em junho de 2022, a Flexpark iniciou a devolução dos créditos retidos aos consumidores. Na ocasião, o MPMS (Ministério Público de ) determinou a restituição para todos os consumidores que pagaram tarifa e não fizeram uso.

Com o encerramento do serviço prestado, o promotor de justiça titular da 43ª Promotoria de Justiça de Campo Grande, Luiz Eduardo Lemos de Almeida, firmou o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) para garantir a devolução dos créditos de quem comprou antecipadamente.

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