Os passageiros de ônibus operado pelo Consórcio Guaicurus não enfrentam somente atrasos. Em abril — justamente o mês de instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) —, usuários vivenciaram verdadeiros desafios até o ponto de desembarque: de infestação de carrapatos em terminal à explosão de vidro de uma janela em uma linha lotada.
Desde a abertura do canal de denúncias, há menos de um mês, a CPI recebeu 440 relatos de irregularidades no transporte coletivo da Capital — uma média superior a 15 reclamações por dia. A CPI pretende, ainda, investigar três fatos determinados:
- A utilização de frota com idade média e máxima no limite contratual e o estado de conservação dos veículos nos últimos cinco anos;
- O equilíbrio financeiro contratual após a aplicação dos subsídios públicos concedidos pelo Executivo Municipal de Campo Grande à empresa concessionária, por meio das Leis Complementares nº 519/2024 e nº 537/2024;
- A fiscalização feita pela Prefeitura Municipal, pela Agereg e pela Agetran no serviço de transporte público prestado pela concessionária após a assinatura do TAG (Termo de Ajustamento de Gestão) perante o TCE-MS, em novembro de 2020.
Passou perrengue em ônibus neste mês? O Jornal Midiamax separou uma lista de acontecimentos registrados por passageiros do Consórcio Guaicurus no mês de abril. Confira!
Carrapato
Um bilhete em papel simples, fixado com fita crepe transparente, alertava: “Banco com carrapatos”. O aviso, colado em um banco do Terminal Guaicurus, poderia parecer uma brincadeira, mas era verdadeiro. Foi no dia 8 de abril que um leitor do Jornal Midiamax denunciou a situação de risco sanitário na plataforma. Segundo ele, os carrapatos seriam oriundos de cachorros sem tutor que “passeiam” pelo terminal.
Carrapatos são ectoparasitas que podem transmitir doenças graves a humanos, como a febre maculosa. Em nota, a Agetran informou a reportagem que o local seria dedetizado.

Cadê meu ônibus?
Também no dia 8, passageiros protestaram no Terminal Nova Bahia após a linha 072 (Terminal Nova Bahia/Morenão) atrasar por mais de uma hora. Indignados com o descaso e com a falta de informações, em pleno horário de pico, passageiros ocuparam as pistas das plataformas.
O tumulto dentro e fora do terminal fez com que os ônibus das demais linhas fossem obrigados a desembarcar passageiros fora das plataformas. Assim, gerou atrasos em outras linhas, como a 081 (Terminal Bandeirantes/Nova Bahia) e a 073 (Avenida Euler de Azevedo/Terminal Júlio de Castilho).

Falta de segurança
Um homem foi flagrado se masturbando dentro de um ônibus da linha 061, também na manhã do dia 8 de abril, gerou revolta entre os usuários do transporte coletivo de Campo Grande. Após reportagem do Midiamax, outras passageiras denunciaram que o mesmo suspeito costuma agir da mesma forma na linha 506.
Contudo, passageira que pediu para ter a identidade preservada afirmou que vê o homem cometendo o ato desde dezembro de 2024, sempre no trajeto entre o Terminal Morenão e o bairro Roselândia. Segundo a Lei nº 13.718/18, o ato caracteriza o crime de importunação sexual — quando ato libidinoso é praticado sem o consentimento da vítima, com pena de 1 a 5 anos de detenção.
O site Não Se Cale, do Governo Federal, aponta que os casos mais comuns de importunação ocorrem em transportes públicos. Em situações como essa, a Guarda Civil Metropolitana pode ser acionada pelo 153, e a Polícia Militar pelo 190. Contudo, o Consórcio Guaicurus não se pronunciou sobre o caso.

Passageira ferida por estilhaços
Katia Rodrigues seguia para o trabalho pela linha 102 (Terminal Hércules Maymone/Terminal Guaicurus) quando foi ferida por estilhaços de vidro. Ela estava sentada próxima à janela no momento da explosão do vidro, em horário de pico.
Segundo Katia, o ônibus estava lotado e ela teve dificuldades para registrar a reclamação presencialmente. Não recebeu auxílio do motorista nem do fiscal do terminal. A assessoria do consórcio solicitou o contato da passageira para tratar diretamente da situação, entretanto, não houve um posicionamento público sobre o ocorrido.

Lotação em ônibus
A superlotação também figura entre as principais reclamações. No dia 11 de abril, uma passageira registrou vídeos mostrando a disputa por espaço para embarcar em um ônibus.
O desgaste físico e mental começa cedo para quem depende do transporte público. Uma trabalhadora — que preferiu não se identificar — contou que chegou ao Terminal Guaicurus às 6h06, mas a linha 075 (Terminal General Osório/Terminal Guaicurus) só apareceu às 6h43. Logo, o atraso gerou tumulto e correria.

CPI do Consórcio
Os depoimentos da CPI estão marcados para começar no dia 28 de abril, próxima segunda-feira. Assim, a comissão poderá até pedir apoio policial para conduzir os convidados que não comparecerem.
Segundo o vereador Maicon Nogueira (PP), membro da CPI, os convites têm efeito coercitivo. “Caso a pessoa não compareça às oitivas, podemos pedir apoio da polícia para conduzi-la até a CPI”, afirmou.
Portanto, o objetivo é evidenciar o péssimo serviço prestado à população de Campo Grande, que paga caro por ônibus sucateados, com itinerários atrasados ou inexistentes, goteiras e calor excessivo.
Sucateamento da frota
Na última semana, um flagrante escancarou o estado precário de parte da frota do transporte público de Campo Grande. Dois ônibus estavam sendo rebocados.
O ônibus de prefixo 1260, fabricado em 2011 (com 14 anos de uso), foi guinchado por outro de prefixo 1211, fabricado em 2013 (12 anos de uso), na Avenida Eduardo Elias Zahran, esquina com a Avenida Três Barras, no dia 16 de abril.
Então, segundo a página Ligados no Transporte, testemunhas relataram um barulho alto vindo do ônibus rebocado, indicando possíveis falhas mecânicas graves.
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