“Se a Gaga jogar uma carteira de trabalho do alto da suíte master do Copacabana Palace, todo mundo sai correndo”. O meme, postado no Instagram, relaciona fãs de Lady Gaga acampados no Rio de Janeiro à desocupação. E dá a entender, também, que a juventude – público majoritário da cantora – não gosta de trabalhar.
A piada é só mais uma entre as milhares que transformaram a antiga Carteira de Trabalho em protagonista de memes nas redes sociais, digamos assim. Se antes o documento era sinônimo de burocracia e papel amassado, hoje ele vive em dois mundos.
Primeiramente, no celular. Isso porque, mesmo entre a crítica velada e o humor escrachado, o documento — agora digital — se reinventa como ferramenta de inclusão, acesso e cidadania. Afinal, para milhões de brasileiros, o que antes era papel carimbado agora é sinal de futuro.
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Segundo, na internet, como símbolo desta relação nem sempre pacífica entre a juventude e o trabalho. Nas redes sociais, a CTPS virou um símbolo ambíguo. De um lado, memes que ironizam quem foge do trabalho. De outro, jovens que conquistam seu primeiro emprego e comemoram o “print da carteira assinada” como um troféu moderno.
Mas será mesmo que os jovens têm aversão ao emprego formal, como sugerem as piadas envolvendo a Carteira de Trabalho? Os dados estatísticos indicam o contrário.
Jovens mais ocupados e formalizados
A imagem dos “nem-nem” — pessoas que não estudam nem trabalham — ainda é associada à juventude, pessoas entre 14 e 29 anos, de forma geral. Talvez porque, há alguns anos, a baixa perspectiva por emprego afetou de verdade esse grupo. No entanto, a realidade tem mudado. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, o número de jovens nessa condição caiu de 101 mil em 2022 para 96 mil em 2023, segundo estudo do IBGE divulgado em março do ano passado.
No Brasil, levantamento do Ministério do Trabalho e Emprego com base na PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgado nesta semana, mostra que 14,5 milhões de jovens entre 14 e 24 anos estavam ocupados no último trimestre de 2024. Antes da pandemia, eram 14,2 milhões.
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A taxa de desemprego entre eles também caiu significativamente: de 25,2% para 14,3% desde 2019 até o momento. A informalidade nessa faixa etária reduziu de 48% para 44%. E o mais surpreendente: 53% dos jovens empregados têm Carteira de Trabalho assinada.
Em Mato Grosso do Sul, o cenário também é positivo. O Estado tem mais de 60% da população em idade ativa ocupada, o que o coloca entre os cinco melhores índices do país, segundo dados do IBGE referentes ao quarto trimestre de 2024.
Muito além do papel: a nova Carteira de Trabalho
Por trás da sigla CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência Social), agora existe um sistema digital robusto. Desde 2019, o formato físico deixou de ser emitido em grande escala, dando lugar ao aplicativo oficial, que centraliza informações profissionais e permite consulta rápida de vínculos, contratos e direitos.
As anotações à caneta foram substituídas pelo eSocial — sistema unificado que reúne dados trabalhistas, previdenciários e fiscais. O novo modelo reduziu burocracias, eliminou a necessidade de guardar o documento físico na empresa e ainda garantiu praticidade para o trabalhador, que agora pode comprovar sua experiência com alguns cliques.

Mais recentemente, a CTPS digital passou a oferecer uma funcionalidade nova: a possibilidade de solicitar empréstimos consignados com juros baixos, usando o FGTS como garantia.
Como obter a CTPS?
A obtenção da Carteira de Trabalho digital é simples, mas requer CPF, comprovante de residência com CEP, comprovante de estado civil, e uma conta autenticada na plataforma Gov.Br, do Governo Federal. É preciso fazer download do aplicativo para celular (disponível para IOS e Android) ou a versão web, utilizada em computadores tradicionais. Clique AQUI para seguir o passo a passo.
Mas… E a versão física?
Apesar de rara, a carteira de trabalho em papel ainda tem emissão em casos específicos, como para pessoas sem acesso à internet ou que vivem em áreas isoladas, como ribeirinhos, trabalhadores rurais, quilombolas e comunidades tradicionais em geral. Quem tem a sua guardada em casa, melhor cuidar bem. Afinal, digitalizado, o documento pode ter status de colecionável em algumas décadas. Será?
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