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Cotidiano

Crise climática: 2024 foi o ano mais seco e quente da década em Campo Grande

Apenas 780,6 mm de chuva, temperatura média de 25,2°C e 59,8% de umidade marcaram 2024 como um ano de extremos climáticos na Capital
Murilo Medeiros -
Tempo quente e seco em Campo Grande, imagem ilustrativa (Henrique Arakaki, Midiamax)

O ano de 2024 foi o mais seco dos últimos 17 anos em . A precipitação acumulada no ano passado foi de 780,6 mm, valor 31,8% menor que o registrado em 2019, ano com menos chuvas até então. Os dados estão disponíveis na 32ª edição do Perfil Socioeconômico da Capital, documento publicado na terça-feira (26) pela Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano).

Além disso, o ano passado foi o mais quente da década na Capital. A temperatura média foi de 25,2°C, sendo que nos anos anteriores o valor oscilava entre 22°C e 24°C. Outro destaque nas condições climáticas de 2024 é a baixa umidade relativa do ar, segunda menor da série histórica, abaixo apenas de 2023.

Todas essas condições favorecem a ocorrência de queimadas e incêndios florestais. O Perfil Socioeconômico também mostra que o atendeu a 1.501 ocorrências de focos de incêndio em vegetação no ano de 2024. Apesar de ser o menor valor desde 2017, o número ainda é alto e concentra-se principalmente nas regiões do Bandeira e Anhanduizinho.

Sem chuva

Mês a mês, Campo Grande registrou baixos volumes de chuva em 2024. No mês de março, por exemplo, que teve pluviosidade acima de 200 mm nos dois anos anteriores, choveu só 19 mm na Capital em 2024. Dezembro, janeiro e fevereiro — os outros meses do verão — também registraram chuvas abaixo da média.

Os meses de junho e julho, quando já não é esperada grande quantidade de chuva, foram o pico da seca em Campo Grande no ano passado. Apenas três meses ultrapassaram a marca de 100 mm: fevereiro, abril e dezembro. Em todos os anos anteriores, pelo menos dois meses registraram acima de 150 mm, o que não aconteceu no ano passado em Campo Grande e indica uma diminuição progressiva do volume de chuvas.

Observando a série histórica desde 2007, disponível em edições anteriores do Perfil Socioeconômico da Capital, percebe-se que a cidade registrou volumes de chuva irregulares nos últimos 17 anos. Houve um pico em 2013 (2.143,3 mm), seguido de baixas em 2014 (1.502,4 mm), 2018 (1.145,8 mm) e 2022 (1.157,6). No ano passado, o índice chegou ao menor patamar: 780,6 mm.

Veja quantos milímetros choveu em Campo Grande nos últimos 17 anos:

(Gráfico criado por inteligência artificial com dados do Perfil Socioeconômico de Campo Grande)

‘Calorão’

O documento também destaca as temperaturas médias mensais de 2024, em comparação com os últimos 10 anos. Setembro foi o mês mais quente, quando os termômetros registraram 27,4°C em média, com temperatura máxima de 34,8°C. Inclusive, apenas maio e julho não alcançaram temperaturas acima de 30°C no último ano.

Já com relação às temperaturas mínimas observadas, julho foi o mês mais frio com 16,1°C. Nos três anos anteriores, os termômetros alcançaram valores bem mais baixos na Capital: 5,6°C em junho de 2023; 7,1°C em maio de 2022; e 5,3°C em julho de 2021.

Esta elevação geral nas temperaturas é uma tendência do clima global. Relatório do Serviço Copernicus para as Alterações Climáticas afirma que 2024 foi o ano mais quente do mundo, com temperatura média global acima de 1,5°C. Segundo o documento, as transformações ambientais causadas pelo homem e o fenômeno El Niño são fatores que contribuem para as mudanças climáticas.

Na comparação dos últimos dez anos na Capital, houve uma alta de 0,9°C na média de 2018 (23,7°C) para 2019 (24,6°C). Depois, o valor manteve-se estável por dois anos, caiu 0,4°C em 2022 (24,1°C) e voltou a subir vertiginosamente no ano passado, com uma alta de 1°C e média de 25,2°C em 2024. Em resumo, Campo Grande ficou 1°C quente, em média, nos últimos 10 anos.

Veja a variação da temperatura média de Campo Grande na última década:

(Gráfico criado por inteligência artificial com dados do Perfil Socioeconômico de Campo Grande)

Umidade baixíssima

A 32ª edição do Perfil Socioeconômico da Capital apresenta os valores de umidade do ar nos últimos cinco anos, ou seja, desde 2019. No ano passado, Campo Grande teve umidade média de 59,8%, valor menor apenas que o registrado em 2023: 57,7%. Nos anos anteriores, o número sempre ficou acima de 60%, como em 2019 (65,7%), 2020 (62,7%), 2021 (61,5%) e 2022 (64,4%).

Os níveis de umidade relativa do ar preocuparam Campo Grande como nunca em 2024. A cidade se viu coberta por uma nuvem cinza de fumaça e poluição entre os meses de agosto, setembro e outubro, quando a qualidade do ar da Capital era considerada ‘muito ruim’ pelo sistema de monitoramento da (Universidade Federal de ).

Em setembro e outubro, a umidade relativa do ar alcançou o pico negativo de 21%. No entanto, o valor mínimo é mais alto que o dos anos anteriores. Setembro, por exemplo, obteve 15% de umidade mínima em 2023, 20% em 2022, 25% em 2021, 16% em 2020 e 17% em 2019.

Assim, a baixa umidade relativa do ar, aliada aos ventos vindos da Bolívia carregados de fumaça de queimadas, junto à estiagem severa do ano passado, foram fatores determinantes para as condições de qualidade do ar registradas em 2024.

Fumaça intensa em Campo Grande no início de outubro de 2024 (Foto: Nathalia Alcântara, Arquivo/Jornal Midiamax)

1,5 mil focos de incêndio

No ano de 2024, o Corpo de Bombeiros da Capital atendeu a 1.501 focos de incêndio em vegetação. O número é o menor dos últimos oito anos, que teve pico em 2019, com 4.395 focos, e vem caindo desde então. Em 2023, foram 2.067 focos de incêndio e, em 2022, 2.295.

O mês de julho, com 295 incêndios, foi o com mais atendimentos do Corpo de Bombeiros. Em seguida, junho (258) e agosto (224). Depois, maio (167) e setembro (143) seguem o ranking. Com relação às regiões da Capital, Bandeira teve 337 focos, seguida de Anhanduizinho (258), Segredo (208), Prosa (181), Lagoa (147), Imbirussu (143) e Centro (92).

A Semades (Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Gestão Urbana e Desenvolvimento Econômico, Turístico e Sustentável) recebeu 294 denúncias por conta de queimadas na Capital em 2024. No ano anterior, foram 297. Já o número de multas e autos de infração expedidos pela secretaria por este motivo somam 212 em 2024 e 140 em 2023.

Outro canal que recebe denúncias por uso incorreto de fogo é a ouvidoria do SUS (Sistema Único de Saúde). Em 2024, houve 377 protocolos de demandadas relacionadas a queimadas urbanas, variando entre focos de incêndio em residências, comércios e terrenos baldios, para a ouvidoria.

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(Revisão: Bianca Iglesias)

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