Criança precisa aprender mais do que ler e contar na escola, alerta pedagoga de Campo Grande

Educação integral é defendida pela Unesco e por especialistas em primeira infância

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(Foto: Madu Livramento/Jornal Midiamax)

O momento de matricular um filho na escola pela primeira vez nunca é fácil. O medo e angústias iniciais dão lugar a preocupações sobre acolhimento, cuidado e educação, enchendo a cabeça dos pais de dúvidas. E para nortear sobre os primeiros passos educacionais de uma criança, a pedagoga Ângela Maria Costa dá algumas dicas.

Doutora em Educação e professora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) há mais de 35 anos, a profissional explica sobre as necessidades da primeira infância. Segundo ela, nos primeiros seis anos de vida, a criança precisa da escola mais para aprender a conviver.

É claro que uma escola bonita e colorida encanta os pais, mas pensando no bem-estar e futuro das crianças, as necessidades são diversas e diferentes de antes. A profissional da educação explica que hoje já se sabe que não basta a criança aprender a ler, escrever e contar, na escola.

Esse tipo de aprendizado funcional vai ocorrer ao longo dos anos e é por isso que, na primeira infância, a prioridade deve ser a socialização e convivência. E a dica dela é: menos sala e mais área externa deve ser prioridade nas escolas.

“Na primeira infância a criança não pode ficar fechada numa sala. O quintal, a parte externa, o pátio tem que ser observado, tem que ter sombra, tem que ter areia, tem que ter espaço para essa criança correr e conviver”, afirma Ângela Maria.

Necessidades mudaram

Atuando há mais de 30 anos com educação infantil, a pedagoga Ângela Maria destaca que com o passar do tempo se aprendeu que a necessidade das crianças está além do usual. Não basta ensinar conteúdo para uma criança pequena, pois ela tem formas de aprender pelo lúdico e convivência.

“Conteúdo para a criança pequena é a sua volta. Ela é o centro, ela se sente o centro do mundo, então ela tem que conhecer os seus animais, a sua casa, a sua família, as suas roupas, a sua redondeza, e vai ampliando esse foco”, explica a pedagoga, de que não adianta ensinar sobre o que está distante daquela realidade.

É na escola que a criança aprende sobre socialização, sobre compartilhar, sobre se reconhecer e conviver. “Aprender a viver juntos é um dos pilares da educação para o século XXI. O acolhimento faz parte de tudo isso, porque é o desenvolvimento afetivo e social de cada criança”, destaca Ângela.

Confira aqui dicas para escolher a escola do seu filho.

Pilares da educação

Com base em uma abordagem de educação integral, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) desenvolveu quatro pilares da educação, que servem como guia para promover o desenvolvimento pessoal, social e profissional ao longo da vida.

Assim como detalhou a pedagoga de Mato Grosso do Sul, a Unesco detalha que educação integral ultrapassa as fronteiras da sala e considera o desenvolvimento pleno do ser humano. Essa abordagem tem como base a ideia de que a educação deve preparar os indivíduos para a vida.

Os quatro pilares são:

Aprender a conhecer – prazer de aprender e ao desenvolvimento de competências cognitivas que permitem ao indivíduo entender o mundo ao seu redor. O objetivo é desenvolver habilidades de aprendizado contínuo, como a curiosidade para aprender, interesse artístico, a capacidade de pesquisa, o pensamento crítico e a autonomia intelectual.

Aprender a fazer – trata-se de aprender a enfrentar situações concretas e resolver problemas, tanto no ambiente de trabalho quanto no cotidiano. Competências que vão além da teoria, incluindo habilidades manuais, tecnológicas e interpessoais.

Aprender a conviver – desenvolvimento de habilidades socioemocionais que permitam ao indivíduo viver em harmonia com os outros. Isso inclui a capacidade de trabalhar em equipe, de resolver conflitos, de respeitar a diversidade e de participar de forma ativa e solidária na comunidade.

Aprender a ser – desenvolver a autonomia, a responsabilidade pessoal, a ética, a sensibilidade, a imaginação e a capacidade de tomar decisões de forma consciente.

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