Logo no início da manhã deste domingo (21), eleitores de Campo Grande aderiram ao movimento nacional de protesto contra a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Blindagem, que quer submeter a abertura de ações penais à permissão do Poder Legislativo e restringir a prisão em flagrante de parlamentares.
De acordo com a proposta, o Legislativo teria até 90 dias para analisar pedidos de prisões e a abertura de processos criminais.
Até mesmo casos de prisão em flagrante por crimes inafiançáveis, como homicídio e estupro, também precisarão de autorização da Casa do parlamentar, em até 24 horas, caso a PEC entre em vigor.
O ato em Campo Grande
Com bandeiras do Brasil, faixas e cartazes, e gritos de ‘sem anistia’, os manifestantes se reúnem desde às 8h na Avenida Afonso Pena com a Rua 14 de Julho, no Centro da capital.
“Sem perdão, quero ver o Bolsonaro na prisão”, gritavam os manifestantes. Tambores, e auto-falantes também são usados para chamar a atenção de quem passa.
“A gente está fazendo um convite para a sociedade campo-grandense para vir fazer parte desse movimento. Essa posição que o Congresso Nacional tomou em relação à PEC da Impunidade, que a gente chama de PEC da Bandidagem, a população campo-grandense e o Brasil precisam entender que esse tipo de manobra política é para justamente não combater a corrupção”, compartilhou Eduardo Lopes, um dos manifestantes.
Luso de Queiroz (PSOL), candidato à prefeitura de Campo Grande na última disputa municipal, afirmou que a pauta da PEC “é para uma ‘certa galera’ que se diz patriota, que participa de esquema pesado de corrupção, conseguir se livrar”.
“É algo que vai muito além de apenas combater as decisões de Alexandre de Moraes, como a extrema-direita alega”, completou Luso.
Para Maria Rosana, que também participou do ato, a manifestação é por um país mais igualitário, sem anistia e contra a PEC da Blindagem.
“Sou contra a anistia, queremos um país justo e com distribuição de riquezas”, afirmou.
Pautas da manifestação
Apesar de a manifestação eclodir como um grito contra a PEC da Blindagem, outras pautas estão entre as reivindicações dos manifestantes do ato deste domingo em todo o país.
Entre as bandeiras levantadas estão a não concessão de anistia a Bolsonaro e envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e o fim da escala 6×1 de trabalho.
“A anistia é uma cortina de fumaça. Claro que há interesse em não responsabilizar aquelas pessoas que foram envolvidas no processo [de destruição do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal], mas a anistia, a nosso ver, ela é uma grande cortina de fumaça para esconder os outros crimes que estão acontecendo e eles não querem que sejam investigados”, completou Eduardo.
“Então é claro que nós somos contrários também à anistia dessas pessoas, porque eles atentaram contra o Estado Democrático de Direito, inclusive com o planejamento de morte, assassinato de lideranças políticas. Então, a anistia, ela não pode ser votada, ela não merece mais eco na sociedade”, finalizou Eduardo.
Votos de MS
De Mato Grosso do Sul, três parlamentares foram contrários ao texto aglutinativo da PEC: Vander Loubet (PT), Geraldo Resende (PSDB) e Camila Jara (PT).
Portanto, os outros cinco deputados de MS que participaram da votação foram favoráveis. São eles: Dagoberto Nogueira (PSDB), Marcos Pollon (PL), Rodolfo Nogueira (PL), Luiz Ovando (PP) e Beto Pereira (PSDB).
Dagoberto procurou a reportagem para se justificar sobre o voto favorável à emenda. Lembrou que na ditadura o voto era aberto. Contudo, passou a ser secreto com a Constituição de 88. “É mais razoável que o voto seja secreto em função disso, porque se for um voto aberto vai constranger os companheiros e todos os deputados vão ficar absolvidos”, disse.
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