A onda de intoxicação por metanol no Brasil acendeu o alerta sobre os riscos do consumo de bebidas alcoólicas de procedência duvidosa. Em Mato Grosso do Sul, cinco casos continuam sob investigação, enquanto um já foi descartado pelo Ministério da Saúde. Diante do cenário, cresce a dúvida na população: a contaminação por metanol também pode ocorrer em cervejas?
Luís Andrade, professor do curso de Enfermagem da Estácio, esclarece que os riscos são muito mais frequentes em destilados, devido ao processo de fabricação.
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“É mais comum que casos de intoxicação por metanol ocorram em destilados, e há uma explicação técnica para isso. Nos fermentados, como a cerveja, o processo de fermentação com leveduras gera naturalmente o teor alcoólico, que costuma ser menor. Já nos destilados, há a necessidade de separar diferentes frações, chamadas de ‘cabeça, coração e cauda'”, diz.
“Essa etapa é essencial porque é justamente no descarte da última fração que se eliminam substâncias tóxicas, como o metanol. Quando esse processo não é feito corretamente, ou quando há adulteração criminosa com adição de metanol, o risco de intoxicação aumenta. Por isso, bebidas fermentadas como a cerveja dificilmente estão associadas a esse problema”.
O professor, no entanto, faz uma ressalva. “Existem, no entanto, bebidas que passam por processos mistos, como o vinho do Porto, que envolve fermentação e destilação. Nesse caso, o risco de presença de metanol não pode ser descartado”, completa.
Possíveis sinais de adulteração:
- Priorize o consumo em estabelecimentos de confiança.
- Desconfie de preços excessivamente baixos.
- Verifique se o rótulo está legível e completo.
- Exija sempre a nota fiscal — ela é a principal garantia em caso de reclamação.
Além disso, é importante observar detalhes da embalagem e do produto: lacre torto ou violado, tampa diferente, rótulo desalinhado ou desgastado, erros ortográficos, logotipos com variações, ausência de informações obrigatórias (CNPJ, endereço do fabricante, lote) ou qualquer outra imperfeição visível.
Sinais de alerta
Ao Jornal Midiamax, o médico nefrologista e presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul, Dr. Marcelo Santana Silveira, detalha que o metanol possui um efeito de degradação extrema no organismo humano e age como um intoxicante, causando efeitos graves, como cegueira e morte — sintomas observados nas vítimas intoxicadas na capital paulista.
“Basicamente, no metabolismo do etanol, nosso corpo vai se transformar em acetaldeído, vai ser metabolizado pelo fígado e vai formar o ácido acético, que é muito parecido com um vinagre, na linguagem popular. Vai ser degradado, e o corpo vai eliminar essas substâncias para voltar à normalidade após o consumo da bebida alcoólica.”
Os sintomas da intoxicação por metanol podem ser confundidos com os de uma ressaca comum, pois podem surgir entre 12 e 48 horas após o consumo da substância. As vítimas podem apresentar dor de cabeça, dores abdominais, náuseas, vômito e confusão mental.
“O principal fator que tem que ser observado é com relação à alteração visual, devido à ação do metanol no nervo óptico. Então, esse paciente pode apresentar uma cegueira, e essa cegueira pode, muitas vezes, surgir rapidamente. Ela pode voltar — o paciente fica por um período com a cegueira — ou pode ficar permanentemente, ou por períodos mais prolongados. Então, um fato que a gente tem que ficar bastante atento é com relação a essa questão da alteração visual, da cegueira”.
Portanto, após o consumo de uma bebida alcoólica suspeita de adulteração, o consumidor deve ficar atento às reações, principalmente se os sintomas forem desproporcionais e intensos.
“No caso de sintomatologia intensa após ingerir bebida alcoólica, principalmente se for uma quantidade pequena e houver reações desproporcionais, tem que se procurar atendimento médico o mais rápido possível, porque aí, sim, o tempo para ser avaliado, para ser atendido, vai contar no tratamento”, alerta.
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(Revisão: Bianca Iglesias)