A tradicional solenidade de Corpus Christi em Campo Grande (MS), que reuniu cerca de 35 mil fiéis nesta quinta-feira (19), foi marcada por fé, emoção e também por um momento especial de gratidão: a homenagem ao padre Jesudhas Jesuadimai Fernando, sacerdote missionário indiano que, após mais de três décadas de missão no Brasil, retorna à sua terra natal, na cidade de Kanyakumari, no ponto mais ao sul da Índia.
Padre Jesudhas chegou ao Brasil em 1989, enviado pela diocese de origem após um pedido feito pelo então arcebispo de Campo Grande, dom Vitório Pavanello, que o conheceu durante uma viagem a Roma. “Encontrei um padre indiano e pedi que enviassem um bom padre para nos ajudar. Hoje, custa deixá-lo ir, pois tão filho ele se tornou para mim e para toda a Arquidiocese. Foi um grande presente para nossa Igreja”, disse dom Vitório, visivelmente emocionado, ao entregar uma lembrança simbólica ao missionário no palco principal do evento.

No Brasil, padre Jesudhas se tornou vigário em Campo Grande em 1990 e dedicou sua vida especialmente aos mais pobres, vivendo o Evangelho com simplicidade, acolhimento e coragem. Atuou em várias comunidades da Arquidiocese e deixou marcas profundas por onde passou, espirituais e humanas.
Na Paróquia Nossa Senhora Aparecida das Moreninhas, onde foi pároco por vários anos, o padre conquistou o carinho dos fiéis. A aposentada dona Tereza Marçal, de 67 anos, lembra com saudade dos tempos em que ele acompanhava as famílias da comunidade. “Era um padre muito simples, que falava pouco, mas ouvia muito. Ele não só evangelizava com palavras, mas com atitudes. Visitava os doentes, acolhia os jovens, dava atenção até pra quem nem pisava na igreja. Meu filho voltou a frequentar a missa por causa dele”, contou.
Durante a homenagem, Pe. Jesudhas fez um breve discurso de despedida. Com humildade, recordou o início da sua missão: “Eu cheguei aqui emprestado. Dom Vitório foi quem me chamou. Mas um dos motivos que me fez aceitar foi quando li num jornal da Índia que quase 100 mil católicos estavam se tornando evangélicos no Brasil por falta de sacerdotes. Eu sabia que não mudaria o mundo, mas quis fazer a minha parte. E aqui ficou meu coração.”
O missionário lembrou ainda das dificuldades no início da missão, especialmente com o idioma, a cultura e, claro, a alimentação. “Levei um choque cultural, especialmente com a comida. No começo, achei estranho o chimarrão que os padres tomavam, mas, com o tempo, aprendi a gostar e até me afeiçoei ao tereré. Agora vou levar esses costumes comigo para a Índia”, brincou, arrancando risos e aplausos do público.
A solenidade de Corpus Christi deste ano se tornou, assim, também um tributo a um sacerdote que, vindo de terras distantes, fez-se irmão, amigo e pastor de tantas comunidades sul-mato-grossenses. Uma presença que atravessou fronteiras e corações, deixando marcas que permanecerão.

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