Com ônibus do Consórcio Guaicurus sucateados e mais velhos que a média de frotas do país, apenas 19,17% do moradores de Campo Grande (64,9 mil pessoas) utilizam o transporte público para ir ao trabalho. Atrasos recorrentes levam 76,82% dos usuários a gastar mais de 30 minutos no trajeto casa-trabalho. Assim, a cidade é a 6ª capital do Brasil em demora no transporte público coletivo.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta quinta-feira (9) os dados da pesquisa “Deslocamento para Trabalho e Estudo”, com informações obtidas no Censo de 2022.
Entre os moradores de capitais do País, em média, 26,58% vão de ônibus para o trabalho. No topo do ranking, Salvador ostenta 44,67% de usuários deste médio de transporte, seguido de Manaus (40,01%) e São Luís (38,62%). Além disso, na Capital de MS, 46,6% utilizam automóvel particular, 17,45% vão de carro, 7,4% vão à pé e apenas 6,36% são de bicicleta.
Em Campo Grande, os dados da mobilidade urbana também revelam a desigualdade social na cidade. Pretos e pardos são maioria entre os vão trabalhar à pé, de motocicleta e de ônibus. Para se ter ideia, o número de pessoas pretas que utilizam transporte público na Capital é 69% maior que o de pessoas brancas. Já entre as pessoas que preferem deslocar-se de automóvel, 61,39% são brancos.
6ª Capital em demora
Campo Grande é a 6ª cidade com maior demora no trajeto diário entre a casa e o trabalho. A demora é maior até que de grandes metrópoles brasileiras, como Rio de Janeiro e São Paulo. A Capital de MS fica a frente apenas de Salvador, Belo Horizonte, Fortaleza, Manaus e Brasília.
No entanto, em todas essas cidades o percentual de pessoas que – apesar da demora – escolhem ir ao trabalho de ônibus é maior que em Campo Grande (19,17%). Em Salvador, 44,67% vão trabalhar de ônibus; Belo Horizonte 36,99%; Fortaleza 29,23%; Manaus 40,01%; e Brasília 32,1%. Ou seja, nessas capitais este pode ser um indicativo de aprovação do transporte público, mesmo passando mais tempo dentro dos ônibus.
Na lista abaixo, você confere o percentual de usuários de ônibus que levam mais de 30 minutos para chegar ao trabalho em cada uma das Capitais do Brasil:
- Salvador – 81,06%
- Belo Horizonte – 78,6%
- Fortaleza – 77,21%
- Manaus – 77,86%
- Brasília – 76,88%
- Campo Grande – 76,82%
- Recife – 76,37%
- Rio de Janeiro – 76,04%
- Goiânia – 74,15%
- São Paulo – 73,46%
- Curitiba – 73,32%
- Natal – 73,00%
- São Luís – 72,65%
- Cuiabá – 71,17%
- Porto Alegre – 70,10%
- Aracaju – 70,07%
- João Pessoa – 67,49%
- Teresina – 65,34%
- Rio Branco – 63,64%
- Macapá – 62,33%
- Florianópolis – 60,16%
- Vitória – 59,45%
- Porto Velho – 56,88%
- Boa Vista – 54,69%
- Belém – 35,61%
- Maceió – 29,59%
- Palmas – 16,5%
Ônibus atrasa a vida do campo-grandense
Segundo a pesquisa do IBGE, o meio de transporte que mais gasta o tempo dos campo-grandenses é o ônibus. Entre os que vão trabalhar à pé, 88,28% chegam ao destino em menos de 30 minutos na Capital. Naqueles que utilizam carro, 81,1% gastam menos de meia hora para chegar no serviço.
Já entre os usuários de ônibus, o valor cai para apenas 23,19%. A imensa maioria (76,82%) das pessoas que dependem do Consórcio Guaicurus para ir trabalhar gasta entre 30 minutos e 4 horas no deslocamento. Já na média brasileira, 29,55% levam menos de 30 minutos entre a casa e o local de trabalho.
Alvo de reclamações diárias de passageiros por superlotação e atrasos nas linhas, o Consórcio Guaicurus justificou o não cumprimento de horários por falta de infraestrutura no município, como ausência de mais terminais de transbordo e corredores de transporte coletivo. Tudo isso foi utilizado como argumento pelos empresários do ônibus para tentar anular 41 multas aplicadas pela Agetran em 2020, que somam R$ 28.119,93.
Mais uma vez, os pretos e pardos são os prejudicados mais prejudicados. Nessa população, 36,78% levam mais de 30 minutos para chegar ao trabalho em Campo Grande. Entre as pessoas brancas, o número cai para 28,1%, conforme o IBGE. No Brasil a desigualdade é um pouco menor, mas o cenário é semelhante: entres as pessoas negras, 35,42% levam mais de meia hora, contra 29,59% dos brancos.

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