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Cotidiano

‘Boom’ imobiliário transforma Inocência em canteiro de obras e aluguel chega a R$ 15 mil

Nos últimos dois anos, os preços dos terrenos e dos aluguéis dispararam, alterando a dinâmica social da cidade
Idaicy Solano -
Casas sendo construídas no perímetro urbano da cidade (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

A instalação da fábrica de celulose da Arauco em , no interior de , já começa a transformar a economia local, com forte impacto na economia local, sobretudo no setor imobiliário. Não é para menos: nos últimos dois anos, os preços dos terrenos e dos aluguéis dispararam, refletindo o aumento da procura por residenciais e comerciais diante da expectativa de crescimento populacional e da movimentação trazida pela obra.

Ao longo da rodovia MS-112, dezenas de alojamentos residenciais foram montados há poucos metros da cidade, para atender à demanda da fábrica. A região do trevo, na entrada do município, é vista como de maior interesse, por conta da superfície plana, e é a maior aposta da prefeitura do município para o crescimento da cidade. 

Corretor de imóveis e investidor, Neander Cortez Lucena acompanha o mercado imobiliário de Inocência de perto, há dois anos, desde que a fábrica foi confirmada na cidade. Segundo ele, o valor dos terrenos mais que triplicou no município.

“Tínhamos terrenos de R$ 30 mil a R$ 50 mil. Já hoje, o mais barato está em torno de R$ 160 mil a R$ 200 mil”, afirma. O aumento também foi sentido no valor dos aluguéis. Segundo o corretor, há dois anos, o aluguel mais caro da cidade girava em torno de mil reais. Hoje em dia, há imóveis cujo valor pode chegar até R$ 15 mil.

Preços em ritmo acelerado

O salto nos preços acompanha o ritmo acelerado das obras e projetos de infraestrutura voltados para atender à futura demanda gerada pela fábrica, prevista para entrar em operação em 2028. A tendência, segundo Neander, é que o mercado siga aquecido por, pelo menos, mais dois anos.

“Após a obra começar a operar, os preços devem baixar um pouco, mas ainda deve se manter muito acentuado. A cidade, para atender o número de habitantes que vai ter, terá que se adequar [a nova realidade]. Daqui para frente, Inocência vai ser uma cidade com um padrão de vida um pouco mais caro”, reflete o corretor. 

O ramo de construção é dos que mais tendem a ganhar com o ‘boom’ imobiliário. Enquanto novos empreendimentos do setor abrem suas portas na cidade, lojas antigas já sentem as vendas aumentarem em até 80%. Pela cidade, dezenas de casas, hotéis e alojamentos em construção denunciam o crescimento. 

Administrador da Realize, empresa de materiais de construção, Salmo Francisco revela que as vendas triplicaram na loja nos últimos 12 meses. Segundo ele, os empreendimentos que mais buscam materiais de construção são as redes de hotelaria. 

“Uma cidade que era pacata, se tornou já um canteiro de obras. Há cerca de 25 anos trabalhando com material de construção, nunca vivemos o que estamos vivendo hoje. Inocência está crescendo e todo mundo precisa de material de construção para construir”, analisa Salmo. 

Salmo comemora aumento nas vendas no setor de materiais de construção (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Moradores já sentem impacto 

Tanto os moradores antigos, quanto os migrantes que acabam de pisar os pés em Inocência já conseguem sentir os efeitos da supervalorização dos imóveis após a chegada da celulose no município. A recepcionista Ana Maria Santana Portilho, de 23 anos, chegou à cidade há três meses após aceitar uma proposta de emprego, e revela que tomou um ‘susto’ com o custo de vida. 

Ela opina que, apesar de Inocência estar em evolução, isso não justifica os preços. “Se você pesquisar, só o aluguel aqui está custando R$ 4 mil, isso é muito fora da minha realidade. A gente só veio porque já tinha moradia garantida”.

A empresária Mariene Garcia, de 39 anos, comenta que também sentiu o impacto do aumento no valor do aluguel da cidade, e afirma que isso está contribuindo na mudança no perfil socioeconômico dos moradores. 

“O que mais impacta são os preços dos aluguéis, porque foi bem repentino, a gente foi pega de surpresa. Isso impactou bastante, vi muita gente se mudando por conta disso e com isso, vai mudando o perfil econômico da cidade”, expressa a empresária. 

Com o custo de moradia em disparada, criou-se uma limitação nas opções para quem deseja se estabelecer na cidade, afastando a mão de obra, segundo avalia o comerciante Adinilson Nunes.

“Ficou muito caro, hoje, viver inocência. A gente tem uma expectativa de crescimento, mas também tem essas situações que atingem a população”. 

Conforme apurado junto à Prefeitura de Inocência, uma parceria do município com o Governo do Estado irá garantir uma área de 25 hectares, destinados à construção de futuras habitações populares. Não foi passado à reportagem informações sobre quando seriam iniciadas as obras, nem qual região da cidade receberá as moradias.

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