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Cotidiano

‘Bar dos Assunção’ já foi sucesso e vive misto de nostalgia e alegria com clientes fiéis do Lageado

Com mobilidade reduzida, próprietário não consegue mais atender o público como antes e conta com ajuda da própria clientela, construída ao longo de 17 anos
Ari Theodoro -

Na Rua Evelina Selingard, principal via nas imediações do Lageado e Parque do Sol, o Jornal Midiamax encontrou o famoso ‘Bar dos Assunção: menos 2”. O nome incomum, a conservação das pinturas na fachada e interior e a frase “parada obrigatória” logo na entrada davam a dica de que o local já existe há um bom tempo e que teve seus tempos áureos.

Logo de cara, fomos recebidos por um flamenguista, cliente antigo. “O bar é um lugar muito bacana para falar de , né? Você tem cara de corintiano”, palpitou (e acertou) Joni Arruda, de 63 anos. E foi só o início da prosa.

Morador da região há muito tempo, Joni trabalhou como pedreiro por mais de 30 anos. Muita alegria ao falar das “branquinhas” que bebe ali há tanto tempo, mas tristeza ao citar as dificuldades de saúde enfrentadas atualmente pelos proprietários. Tanto é que o próprio Joni é quem serve a bebida que vai consumir.

O dono do bar, Ramão Lima, hoje com 67 anos, explica que seu bar tem 17 anos. Foi improvisado na casa onde a esposa vive há mais de 40, após ser presenteada pelo patrão com o terreno e construção do imóvel. A ‘casa-bar’ chamava e ainda chama muito atenção, dá para notar os cômodos da residência ali na entrada. E aos fundos do ‘boteco’, fica um quintal generoso e cheio de plantas – a “chacrinha”, como ele diz.

O idoso contou dos tempos áureos, falou sobre a chegada no bairro e também proseou sobre os problemas de saúde que afetaram sua mobilidade. “Movimento parou da cintura para baixo, secou quase tudo. Vou levando a vida, minha ‘véia’ também não tá bem, mas vamos levando. Até a hora que Deus quiser, né?”, relatou.

Bar dos Assunção ‘menos 2’: que nome é esse?

O nome do estabelecimento também foi chamariz da reportagem. Bar dos Assunção “menos 2”? Afinal, o que isso significa?

Ramão conta que, ao casar com a esposa, a proprietária da edificação, decidiram montar o bar, que já chegou a ter campeonato de sinuca. Ele mesmo explicou que, ao dar o próprio sobrenome ao local, decidiu colocar “menos dois” na fachada em alusão a dois irmãos que já faleceram. Seria um tipo de brincadeira e, ao mesmo tempo, uma forma de manter os familiares vivos na memória.

Joni Arruda, o flamenguista alegre, cliente fiel do bar e amigo do Ramão (Foto: Henrique Arakaki, Midiamax)

Ramão não entrou em detalhes das complicações de saúde, mas disse que quando está em pé, precisa do apoio (do andador). Contudo, na maior parte do tempo, mantém-se sentado com as pernas em outra cadeira, devido às forte dores que relata.

Mesmo com a dificuldade na saúde, os olhos de Ramão brilham, tornando-se um farol misto de nostalgia e alegria, ao lembrar dos campeonatos de bilhar e truco que eram realizados antigamente no bar. No alto de uma prateleira, vários troféus reforçam as recordações.

“Era muito bem-arrumado, aqui. Tinha mesa de sinuca, bar lotado sempre, gente até na calçada. Aí, fiquei desse jeito, tirei as mesas… Fiquei assim, foi acabando o movimento. Não aguento andar, nem fazer praticamente nada. Pelo menos comer eu consigo, mas não é só comer, né? A gente tem que se virar”.

Como diz a clássica música de : “Ando devagar porque já tive pressa e levo este sorriso porque já chorei demais”… E é exatamente esta a trajetória dele hoje de Ramão e sua esposa. Inclusive, como também acontece na vida, já caiu alguns ‘tombos’ no bar ao se esforçar para as poucas atividades que ainda consegue fazer.

Ramão Lima, dono do bar. Foto: Henrique Arakaki/ Jornal Midiamax

Amigos ajudam Ramão e alegram o ambiente

Além do Joni, outros raros clientes e amigos continuam frequentando o estabelecimento, mas detalhe: ‘só tem cachaça mesmo’; nem cerveja o Ramão pode vender mais, devido á dificuldade para receber as entregas e refrigeração.

Petiscos, salgados, entre outros itens vendidos em bares, também não são mais vendidos lá. “De qualquer forma, o bar aqui ainda é lugar ótimo para tomar uma, né? Para rir, descontrair, para falar muito de futebol e política, também. Uns querem o Lula, outros são Bolsonaristas e assim vai”, comentou Joni.

“A gente tá por aqui, ajuda ele quando pode. Uma hora é um amigo, outra hora é outro. Ramão é muito gente boa, o bar era bem famoso e cheio, mas só ficaram poucos amigos que frequentam agora”. Enfim, realmente é um bar, ou melhor ‘casa-bar’ diferente, que reúne os bate-papos nos tempos passados com nostalgia e muitas lembranças com alegria que ainda impera entre os poucos frequentadores.”, conclui.

(Foto: Henrique Arakaki/ Jornal Midiamax)

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