Na tarde desta quinta-feira (13), a ATMS (Associação de Travesti e Transexuais do Mato Grosso do Sul) emitiu nota de repúdio sobre o caso de transfobia que aconteceu no último dia 4, em Campo Grande, quando um médico se recusou a entregar resultados de exames à paciente, uma mulher transexual de 46 anos.
Na ocasião, o médico alegou que os documentos pessoais apresentados pela vítima eram falsos. Em seguida, conforme boletim de ocorrência, o profissional teria dito: ‘você não é mulher, você é homem‘, e questionado o porquê da paciente se apresentar com um nome feminino.
Em nota publicada nas redes sociais, a ATMS diz que é inadmissível que pessoas LGBTQIQ+ sejam vítimas de discriminação e violência em espaços que deveriam servir de acolhimento.
“É inadmissível que, em pleno século XXI, pessoas LGBTQIA+ ainda sejam vítima de discriminação e violência em espaços que deveriam garantir acolhimento e respeito. A LGBTfobia é uma forma de violência que viola os princípios fundamentais da dignidade humana e dos direitos garantidos pela Constituição Federal”, ressalta.
A entidade também destacou que o ato cometido pelo profissional de saúde é crime e passível de penas que variam entre 1 e 5 anos de reclusão além de multa, conforme determinado na Lei n° 7.716/1989.
Confira a nota na íntegra:

Nota de repúdio publicada nesta quinta-feira (Foto: Reprodução ATMS)
Relembre o caso
Conforme o boletim de ocorrência, ao entrar na sala, o médico teria dito ‘você não é mulher, você é homem’, e questionado o porquê da paciente se apresentar com um nome feminino.
Após o procedimento, a vítima contou à irmã o que teria acontecido, e a mesma se deslocou até a recepção para pedir um atestado de comparecimento no local. Quando chegaram ao balcão, o médico estaria lá, e teria dito que o documento apresentado pela paciente era falso e que não entregaria o resultado do exame.
A Polícia Militar foi acionada, mas ao chegar no local, o médico não estava mais presente e as funcionárias da clínica negaram ter presenciado o ocorrido.
Revoltada com a situação, a vítima convocou amigos e familiares para participarem do protesto, que foi realizado um dia depois, na frente da clínica.
Após a concentração, a vítima foi chamada para uma reunião com a gerente administrativa da clínica. Conforme a responsável, a clínica não compactua com tal comportamento. Assim, o médico, que é terceirizado, teve a agenda suspensa para apuração do caso.