Após o Jornal Midiamax denunciar caso do motorista Vinicius Luiz Menezes da Silva, de 35 anos, que perdeu os braços e luta pelo direito de voltar a dirigir, tendo pedido negado por médico credenciado do Detran-MS, sem sequer ser avaliado, o órgão de trânsito refez a perícia médica.
Relato do jovem viralizou nas redes sociais. Ao Jornal Midiamax, ele disse que os médicos que o atenderam, na última segunda-feira (7), não o avaliaram e falaram que a ‘lei’ não permitia que um amputado pudesse dirigir — o que não é verdade. Ele ouviu, ainda, um dos profissionais questionar: “Como um amputado dirige? Com o nariz?”.
Conforme informado pelo Detran-MS à reportagem, Vinicius esteve novamente na agência do Pátio Central para realizar nova perícia, que foi acompanhada por funcionários da administração.
Em nota, o Detran-MS informou que a avaliação foi feita pelo Dr. Amaury Prieto, coordenador da equipe médica, avaliando corretamente Vinicius, que foi aprovado.
Agora, o órgão afirmou que o próximo passo é agendar o teste prático de direção, que terá acompanhamento do Dr. Amaury. “Foi um encontro bem produtivo, com muito diálogo e escuta. A história do Vinicius é um exemplo de superação, e estamos garantindo que todo o processo seja feito com o máximo respeito, sempre seguindo as normas e a lei. O Detran-MS reforça seu total compromisso com a inclusão, o acolhimento e o respeito a todos!“, finaliza a nota da assessoria de comunicação do órgão.
À reportagem, Vinicius confirmou que foi atendido com respeito dessa vez, assim como deveria ser sempre. “Tratamento totalmente diferente. O médico foi compreensivo e conversamos das adaptçãoes do carro que precisam ser feitas. Depois, vou retornar para fazer o teste prático. Foi bem tranquilo, como deveria ser”, pontuou.
O Detran-MS também informou que instaurou sindicância para apurar a conduta dos médicos.
Pessoas amputadas têm o direito de dirigir, conforme o CTB

No entanto, diferentemente do que teria afirmado o médico credenciado pelo Detran-MS para avaliar se determinada pessoa tem condições de conduzir veículo automotor, o CTB citado pelo profissional não traz tal proibição.
Na verdade, pessoas com próteses, classificadas pelo CID T05.2 (lesões traumáticas superficiais múltiplas), podem dirigir, desde que sejam consideradas aptas em avaliação médica e psicológica feita por profissionais médicos credenciados pelo Detran-MS, conforme estabelece o CTB.
Além disso, os profissionais podem apontar adaptações que devem ser feitas nos veículos que serão conduzidos por quem utiliza prótese, desde que não apresentem limitação funcional que comprometa a segurança no trânsito.
A inaptidão para dirigir alegada pelos médicos na primeira perícia só pode ser classificada com base em exames clínicos, funcionais e, se necessário, teste prático de direção veicular adaptada, o que, segundo Vinicius, não havia sido feito, na segunda-feira.
Em vídeo, Vinicius mostra que tem habilidades para dirigir com a prótese, veja:
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Vida pós-acidente
À reportagem, Vinicius conta que, após o acidente, em abril do ano passado, na zona rural de Ribas do Rio Pardo, enquanto trabalhava, ele ficou três meses hospitalizado.

Depois, decidiu mudar-se para Três Lagoas, onde a esposa residia. “Me recuperei e comecei a retomar coisas cotidianas. Fiquei um tempo sem braços, até conseguir as próteses”, lembra.
Então, aos poucos, começou a aprender habilidades para realização de pequenas tarefas diárias, até as mais complexas. “Depois que voltei a escovar os dentes, pentear cabelo, me alimentar sozinho, já consigo até escrever e desenhar. Ando de skate e, desde que coloquei a prótese, eu consigo dirigir normalmente”, explica.
Ele conta que utiliza uma prótese que permite executar movimentos complexos: “É uma prótese mecânica, que tem movimento de pinça. É bem funcional. Tenho uma vida totalmente ativa. Tenho uma autonomia que nunca imaginava que poderia ter [sem os braços]”, diz.
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