A observação durante a viagem pela BR-262, de Campo Grande a Água Clara, entre sábado (12) e domingo (13), não foi nada agradável para o servidor público Antônio Mário Oliveira, ao notar a morte de cinco antas e uma jaguatirica atropeladas em um trecho de 190 quilômetros.
O motorista descreve que os animais estavam com os corpos expostos às margens da rodovia. Ele não acionou órgãos públicos para a retirada dos animais, pois acredita que o serviço não funciona no domingo.
“Encontrei cinco antas atropeladas e mortas entre Campo Grande e Água Clara, enquanto uma jaguatirica entre Água Clara e Inocência. Todas as vezes que passo pela BR-262 encontro animais silvestres atropelados em abundância. Entretanto, em uma única noite achei um absurdo”.
Problema antigo
Desde a inauguração em 1969, a BR-262 é uma das principais rodovias que liga Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo. Regionalmente, é um dos principais trechos para o Pantanal.
Contudo, a preocupação com os atropelamentos da fauna é antigo. Apesar dos 12 anos de existência, poucas mudanças para a segurança dos animais silvestres e com os condutores foram aplicadas.
Conforme o Relatório Técnico do Incab-Ipê (Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira), entre 2013 e 2020, cerca de 700 carcaças de antas foram encontradas em rodovias do Estado. Além disso, os dados divulgados em maio de 2025 apontam que 48 pessoas morreram no trânsito após o atropelamento de antas nos últimos 10 anos.
“Diferentes instituições e pesquisadores de enorme competência já trouxeram para a mesa todos os dados científicos necessários e possibilidades de soluções adequadas e efetivas. Agora, é imprescindível e urgente que os gestores desses empreendimentos rodoviários se alinhem aos cientistas para implementar as medidas mitigatórias propostas”, aponta o instituto.
O “Manual de Orientações Técnicas para Mitigação de Colisões Veiculares com Fauna Silvestre”, lançado em 2021, apresenta diretrizes práticas para a conservação e segurança nas estradas. No entanto, a falta de implementação ainda limita sua eficácia.
Logo, o documento apresenta algumas maneiras que podem mitigar os acidentes:
- Manejo do habitat: engloba medidas que desestimulem o uso ou a aproximação de espécies silvestres na faixa de domínio, ou que as guiem para locais seguros;
- Limpeza da rodovia: alguns animais podem ser atraídos por restos de alimentos jogados nas estradas por motoristas, por derramamento de grãos, por lixões a céu aberto, lixeiras mal vedadas e por cadáveres de animais atropelados;
- Campanhas educativas: podem ser ferramentas importantes para a sensibilização da sociedade e abranger assuntos como: segurança do trânsito, informações de trechos e horários com maior probabilidade de acidentes, conduta adequada do motorista e procedimentos a serem adotados ao avistar um animal ferido na pista ou próximo a ela;
- Controle de animais domésticos: é de grande importância promover a conscientização
da comunidade lindeira para manter os animais domésticos dentro de suas propriedades e
para coibir o abandono de animais na rodovia; - Participação da comunidade lindeira: durante o planejamento, a implantação e o
funcionamento de medidas para redução de colisões veiculares com fauna, o envolvimento
da comunidade que vive às margens da rodovia é importante.
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