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Cotidiano

Ano trágico: 2025 bate recorde de mortes por acidentes aéreos em Mato Grosso do Sul

Nos últimos 10 anos, o Estado registrou 77 acidentes aeronáuticos
Karina Campos -
Avião do Corpo de Bombeiros (Foto: Madu Livramento, Midiamax)

Com a queda do avião na região da fazenda Barra Mansa, em Aquidauana, que resultou na morte do piloto Marcelo Pereira de Barros, do mundialmente conhecido arquiteto Kongjian Yu, do cineasta Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e do diretor de fotografia Rubens Crispim Júnior, registra recorde de mortes por acidentes aéreos em 2025.

Ao todo, seis pessoas perderam a vida neste ano após tragédias aeronáuticas em regiões do Estado, sendo duas quedas de aeronaves em setembro. Esse número supera as fatalidades do ano que carregava o título de pior da aviação regional, 2019, com cinco vítimas fatais.

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Os dois anos registram aumento em operações a baixa altitude e perda do controle em voo como fatores contribuintes para acidentes, conforme o levantamento do Sipaer (Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), uma ferramenta do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos).

Quanto ao número de acidentes, os anos de 2018 e 2023 lideram, com 11 e 10 ocorrências, respectivamente, enquanto 2025 registra, até o momento, seis. Dessas ocorrências, a maioria é de aeronaves privadas (40) e agrícolas (26).

Contudo, os dados do acidente que vitimou o grupo na fazenda Barra Mansa ainda não estão públicos no sistema.

Ocorrências

Nos últimos 10 anos, o sistema contabiliza 230 ocorrências aeronáuticas. Dessas, não apenas quedas são pontuadas. Há exemplos do tipo:

Detalhamento das operações aéreas
Detalhamento das operações aéreas em MS nos últimos 10 anos (Fonte: Sipaer)
  • Contato anormal com a pista
  • Falha ou mau funcionamento no sistema
  • Excursão da pista
  • Perda do controle no solo
  • Fogo ou fumaça (sem impacto)
  • Colisão com ave
  • Colisão com fauna

Também nesse período, houve 77 acidentes, 41 incidentes graves e 112 incidentes. Além disso, a maioria das ocorrências foi de aviões (209), helicópteros (6) e outros (16). Resultaram em 24 fatalidades, envolvendo 12 aeronaves e causando 27 saídas de pista.

Acidentes em 2025

Três acidentes de aeronaves resultaram em seis mortes em Mato Grosso do Sul, de janeiro a setembro de 2025.

O primeiro caso do ano aconteceu no dia 11 de março, com a queda de uma aeronave agrícola em uma propriedade rural de . Paulo Roberto Crispim, 40 anos, pilotava. O acidente ocorreu próximo à estrada rural que dá acesso à região do bairro Laranjal, pelo aterro sanitário.

Natural de , Paulo mostrava sua rotina na aviação pelas redes sociais, com um perfil lotado de imagens de voos que realizou e também de fotos de aviões.

No Pantanal, a queda da aeronave Cessna P210 resultou na morte do médico e pecuarista Ramiro Pereira de Matos, 67 anos, no dia 16 de setembro. O pecuarista estava indo para uma de suas fazendas quando a aeronave caiu.

O pecuarista era formado em medicina, mas nunca teria exercido a profissão, sempre trabalhando como agropecuarista. Ramiro era médico ortopedista, casado e tinha duas netas. Ele era um piloto experiente e tinha toda a documentação necessária para pilotar a aeronave, com validade até agosto de 2026. O pecuarista nasceu em Presidente Prudente, em São Paulo, mas viveu toda a vida em Araçatuba.

Queda com maior número de vítimas

Também no Pantanal sul-mato-grossense, quatro vidas foram perdidas na tarde da última terça-feira (23). O arquiteto Kongjian Yu e os brasileiros Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispim Júnior, junto com o piloto, estavam no Pantanal desde o dia 20 deste mês para gravar um documentário.

Kongjian Yu criou o conceito de ‘cidades-esponja‘. O termo abrange a noção de usar o paisagismo estrategicamente, de modo a minimizar os impactos de enchentes. Ele conhecia, pela primeira vez, o Pantanal. Aliás, o bioma com a maior planície alagada do mundo seria material de estudo para os próximos desafios profissionais.

Já o cineasta e documentarista Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz foi indicado ao Emmy, o Oscar da Televisão, por um documentário realizado sobre outra tragédia aérea: o voo da Chapecoense, em 2016.

Rubens Crispim Júnior era diretor de fotografia e dono da produtora audiovisual Poseidon, que atuava no mercado nacional e internacional. Rubens nasceu e viveu em São Paulo. Ele era formado em pela ECA-USP e participou de festivais como o Short Film Corner, no Festival de Cannes.

O piloto Marcelo Pereira de Barros era um profissional experiente e acostumado a levar profissionais do audiovisual para sobrevoos no Pantanal. Entre os amigos, ele carregava a fama de ser um piloto experiente e cuidadoso.

O que se sabe sobre a tragédia?

  • O arquiteto Kongjian Yu e os brasileiros Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispim Júnior estavam no Pantanal desde o dia 20 deste mês para gravar um documentário. Marcelo Pereira Barros, o piloto e dono do avião, havia sido contratado para levar o grupo aos lugares. 
  • O grupo deveria retornar na terça (23) quando ocorreu o acidente e o avião caiu explodindo na cabeceira da pista.  
  • Os corpos ficaram carbonizados e exames de DNA iriam identificar as vítimas. O resgate dos corpos demorou cerca de 9 horas devido à dificuldade de acessar o local do acidente.
  • No caso do arquiteto, a família de Kongjian Yu está vindo para o Brasil para o corpo ser periciado com a presença de familiares. Isso ocorre por respeito a uma tradição cultural. Ainda não há previsão para o procedimento.

Causas

  • A queda do avião ocorreu quando Marcelo teria feito a manobra de arremeter a aeronave, ocasionando a perda de altitude e a queda do avião.
  • Foi dito que uma manada de porcos-do-mato estaria na pista quando o piloto tentou a manobra, mas a Polícia Civil descartou a possibilidade.
  • O avião havia sido fabricado em 1958 e não tinha autorização para trabalhar como táxi aéreo.
  • A aeronave não tinha instrumentos para voar à noite.
  • O avião já havia sido alvo da Operação Ícaro em 2019 por irregularidades.
  • Morreram no acidente o piloto Marcelo Pereira de Barros, o arquiteto chinês Kongjian Yu, e os cineastas Luiz Fernando Ferraz e Rubens Crispim Jr.

O que falta saber sobre a queda do avião?

  • Manada de porcos-do-mato na pista? Ainda não há resposta para a pergunta. A polícia descartou a presença de animais como causadora do acidente.
  • A arremetida antes da queda está sendo analisada. A informação de animais na pista havia sido dada por testemunhas aos bombeiros.
  • A Polícia Civil apura se o voo foi irregular. O voo havia sido pago, mesmo a aeronave não ter autorização para operar como táxi aéreo.
  • Parte do voo teria ocorrido após o pôr do sol, o que também fere as regras, que dava permissão para a aeronave sobrevoar somente durante o dia.

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(Revisão: Bianca Iglesias)

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