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Cotidiano

Alerta: fogos de artifício de festa junina podem causar queimaduras e até amputação

A recomendação é seguir as orientações da embalagem e divertir-se com bom senso para minimizar os riscos
Murilo Medeiros -
Fogos de artifício. (Foto: Helder Carvalho, Jornal Midiamax)

Festa junina é sinônimo de tradição, comida boa, reunião de amigos, fogueira e… fogos de artifício. Apesar de coloridos e divertidos, os rojões podem ser um risco se não forem manuseados corretamente. A recomendação principal é seguir as orientações da embalagem e divertir-se com bom senso para minimizar as chances de acidente. 

Ocorrências relacionadas a itens de pirotecnia podem causar ferimentos em diversos gaus, de leves a graves, dependendo da área de exposição ou da proximidade à explosão. “Podem acontecer queimaduras em todas as regiões do corpo, até na face. Mas o que a gente mais vê são acidentes nas mãos”, explica Luiz Mandarano, ortopedista e diretor da SBCM (Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão) ao Jornal Midiamax.

O especialista alerta, também, para os riscos de amputação – principalmente de mão e dedos – além de queimaduras e surdez por uso incorreto de fogos de artifício. 

Acidentes em Mato Grosso do Sul

O Militar de já registrou 22 queimaduras causadas por fogos de artifício em 2025, a maioria em domingos. No ano passado, foram 47 atendimentos deste tipo e 55 em 2023.

Assim, em dois anos e meio, o Corpo de Bombeiros registrou 124 queimaduras decorrentes de mau uso de fogos de artifício, com a maioria das vítimas (79) do gênero masculino (64% dos registros). Já a faixa etária mais atingida são os jovens e adultos, entre 16 e 35 anos.

Como soltar rojões em segurança?

Os fogos sempre são acionados no ápice da festa, e em situações que deixam a vítima em potencial mais vulnerável. “Na empolgação, a pessoa perde a noção do perigo. Bebida com fogos é igual bebida e direção, não pode misturar. A gente percebe que quase todos os acidentes ocorrem por mau uso, soltar de forma indevida, ou não usar o suporte”, afirma Irene Coutinho, proprietária da BrasFogos, loja de fogos de artifício em .

Também é necessário, segundo o Corpo de Bombeiros, atentar-se às condições do ambiente. Nunca solte fogos de artifício em locais fechados – nem mesmo a sacada de casa é segura. O ideal é escolher uma área livre de prédios e longe da rede elétrica. Além disso, certifique-se sempre de que não há substâncias inflamáveis por perto.

Nunca carregue artefatos explosivos no bolso, nem reaproveite bombinhas ou rojões que falharam. Para grandes eventos, com muitos fogos de artifício, o mais indicado é contratar um profissional para manuseá-los. Se não houver necessidade, a regra sempre é seguir as instruções do rótulo.

“Tem um profissional que vai com os equipamentos de segurança em eventos, como chá revelação e casamentos. Já o consumidor deve seguir as orientações da caixa, seja de distância ou de manuseio do produto. Alguns foguetes maiores vêm com suporte de segurança, que possibilitam sair de perto quando acionar, não precisa soltar na mão. Os menores têm menos risco, mas sempre tem que soltar conforme a orientação da embalagem”, alerta Irene Coutinho.

Irene Coutinho, proprietária de loja de fogos de artifício. (Foto: Helder Carvalho, Jornal Midiamax)

Luiz Mandarano, ortopedista e diretor da SBCM, recomenda evitar o disparo de rojões diretamente da mão. “Muitas vezes, esses fogos de artifício são montados em estruturas que têm um controle eletrônico à distância, isso diminuiria muito a chance de explosão segurando um rojão ou um fogo de artifício diretamente com a mão”. 

O Corpo de Bombeiros repassa a mesma orientação. “Antes de acender qualquer artefato, é importante utilizar suportes adequados e nunca acender fogos de artifício com as mãos. O foguete deve ser posicionado perpendicularmente ao solo, em uma área segura, e nunca deve ser tentado reacender um artefato que tenha falhado”.

Contudo, para o médico Luiz Mandarano, o único jeito de anular os riscos é evitar soltar fogos de artifício. “O recomendado é evitar o manuseio e uso, e deixar que isso seja feito por profissionais, pessoas habilitadas para isso, e que isso seja feito de maneira remota, muitas vezes com controle eletrônico à distância”, opina Luiz Mandarano.

O que fazer se acontecer um acidente?

O ortopedista recomenda dois cuidados iniciais se houver explosões na mão: cobrir o ferimento com um pano limpo e procurar um pronto-socorro imediatamente. “O que deve ser feito na hora é cobrir o ferimento com algum curativo ou tecido, de preferência limpo. E procurar direto uma unidade de pronto atendimento, para que as medidas sejam tomadas de uma forma precoce e seja investigado que tipo de trauma que aconteceu e se há necessidade de algum tipo de tratamento de urgência ou até emergência”, afirma o médico. 

Em caso de amputação de dedos, a depender da gravidade do ferimento, é possível a cirurgia de reimplante. Contudo, isso depende de fatores como o tipo de corte e o tempo entre o acidente e o socorro. “Muitas vezes, há possibilidade de tentativa de reimplante. Agora, amputações em explosões muito graves, com perda grande de tecido, muitas vezes impedem o procedimento”, explica Luiz Mandarano.

O mais importante é procurar atendimento médico imediatamente. Nunca passe no corte substâncias como álcool e pomada sem recomendação médica. Além disso, é preciso cuidar da temperatura da parte amputada. Não coloque diretamente no gelo, nem exponha ao calor. O ideal é manter o membro somente refrigerado e ir ao hospital o mais rápido possível.

O Corpo de Bombeiros recomenda que, para queimaduras leves, deve-se fazer uma compressa de água fria no local afetado e cobrir com pano limpo. Caso a lesão seja mais grave, com bolhas ou inchaço, deve-se buscar atendimento médico imediato.

Com barulho, é crime!

Em Campo Grande, a Lei Complementar 406/21 proíbe a queima e soltura de fogos de artifício, assim como outros artefatos pirotécnicos de efeito sonoro. A pena pelo descumprimento é de multa no valor de R$ 1.000,00, que pode ser duplicada se houver reincidência.

Esta lei foi pensada para proteger pessoas com hipersensibilidade ao estampido — como idosos, crianças e pessoas com TEA (transtorno do espectro autista) — e também animais, tanto domésticos quanto silvestres. Mesmo assim, o Jornal Midiamax mostrou que a lei foi descumprida — e muito — no último réveillon.

Uma legislação ainda mais rigorosa avança no Congresso Nacional e, se for aprovada, passará a valer para todo o Brasil. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, em outubro de 2024, o Projeto de Lei 5/2022, que proíbe a fabricação, o armazenamento, a comercialização e o uso de fogos de artifício que produzam barulho acima de 70 decibéis.

Desde então, a tramitação do projeto está parada na CCJC (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania) da Câmara dos Deputados. Se for aprovado, a pena para quem utilizar fogos de artifício com som pode chegar a R$ 50 mil. Quem vender ou fabricar poderá ser punido com reclusão de um a quatro anos, além de multa de até 20% do faturamento bruto.

Tipos de fogos de artifício

Fogos de artifício. (Foto: Helder Carvalho, Jornal Midiamax)

Há quatro classes de fogos de artifício, e a principal diferença entre elas é a quantidade de pólvora. Artefatos das classes A e B, como bombinhas e serpentes voadoras, são mais seguros e podem até ser manuseados por crianças maiores de 12 anos, sempre com acompanhamento de um adulto.

Já os fogos de classes C e D são mais perigosos e requerem mais atenção. Esses são os popularmente conhecidos como rojões, foguetes, baterias ou morteiros, quando a quantidade de pólvora pode ser superior a 2,5 gramas. Para a classe D, é necessário autorização prévia do Corpo de Bombeiros. 

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