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Cotidiano

Adrenalina e euforia: por que os riscos dos esportes radicais são atrativos?

Psicólogo e praticantes de esportes radicais explicam as motivações
Karina Campos -
esportes radicais
Situações aguçam questionamentos nas redes sociais. (Henrique Arakaki, Midiamax)

Nos últimos dias, brasileiros morreram durante a prática de esportes radicais, como o fotógrafo Edson Vandeira, que morou em , e Juliana Marins. Ambos os destinos são considerados turísticos de aventura.

Nas redes sociais, os incidentes suscitam a discussão do porquê dos riscos de praticar esportes radicais serem atrativos. Muitos questionavam as vítimas das tragédias da motivação que leva à prática de tais atividades.

Antemão ao “tribunal da “, este material não abordará as condições dos acidentes citados, pois serão investigados. Contudo, irá aflorar a questão sobre o fascínio por atividades de adrenalina.

A Psicologia explica

Renan Pretti, psicólogo clínico e do esporte, especialista em comportamento humano e alto desempenho, ressalta que a Psicologia tem explicações interessantes sobre o porquê de algumas pessoas se sentirem tão atraídas por esportes radicais e situações de risco.

Para ele, quando observada com cautela, a prática não se trata de uma “loucura” ou vontade de se colocar em perigo à toa, mas da busca pelo sentimento de superação, controle sobre si e de conexão com algo maior.

“O estudioso Marvin Zuckerman fala sobre o que ele chama de ‘busca por sensações’. Ele observou que algumas pessoas têm um desejo mais forte por experiências intensas, desafiadoras e diferentes do cotidiano. Para esses indivíduos, viver com emoção, sair da rotina e enfrentar o desconhecido é uma forma de se sentir mais vivo”.

Logo, o especialista aborda que essas práticas mexem com aspectos profundos da mente e das emoções. “Não é simplesmente correr riscos por correr, é uma forma de crescimento, autoconhecimento e até de encontrar paz em meio ao caos”.

Benefícios da prática de esportes radicais

Há a opinião de que praticantes de esportes de aventura agem pelo impulso, entretanto, o cientista de comportamento Eric Brymer relata que esportes são bons para a saúde. Pretti reforça a reflexão de que os praticantes, geralmente, estão preparados, treinados e têm consciência do risco.

Brymer indica que os esportes de aventura têm um impacto positivo na saúde mental. Eles ajudam a desenvolver mais autoconfiança, foco, disciplina e até uma relação mais profunda com a natureza.

“Quem pratica esse tipo de esporte costuma dizer que ali encontra uma clareza mental única. É como se, naquele momento de desafio, tudo ficasse em silêncio dentro da cabeça. A pessoa entra em um estado de presença total, onde só existe o agora. Isso ajuda a aliviar o estresse, melhora o e até fortalece a forma como a gente lida com os problemas do dia a dia. Ou seja, muito mais do que apenas adrenalina, esses esportes oferecem um caminho de transformação pessoal. Um convite para ir além dos próprios limites e descobrir novas forças dentro de si”.

Válvula de escape

O termo “válvula de escape” é conhecido para a expressão de escapar de uma situação turbulenta do cotidiano, expelir emoções. Logo, Pretti relaciona que a prática de esportes radicais são meios de liberar neurotransmissores do prazer.

“Quando a gente enfrenta um desafio grande, como saltar de paraquedas, escalar uma montanha ou descer uma trilha intensa, o nosso cérebro libera substâncias ligadas ao prazer, como a dopamina e a adrenalina. Essas substâncias trazem uma sensação de alegria, coragem e força. É por isso que, muitas vezes, quem pratica esportes radicais relata uma sensação de bem-estar muito intensa depois da atividade”.

Ele continua: “Não se trata de fugir dos problemas ou viciar na adrenalina. O que essas pessoas buscam, na verdade, é um estado de presença, de superação e até de paz. Pode parecer estranho, mas muita gente encontra mais tranquilidade enfrentando um grande desafio do que vivendo na correria e no estresse da rotina. O risco, quando bem calculado e preparado, vira uma ferramenta para se reconectar consigo mesmo”.

Em vez de ser uma válvula de escape no sentido negativo, esses esportes funcionam como um respiro, um reencontro com o próprio corpo, com a mente e até com a espiritualidade. É um momento onde tudo faz sentido.

Renan Pretti, psicólogo clínico e do esporte
Renan Pretti, psicólogo clínico e do esporte. (Arquivo pessoal)

‘A sensação é de estar vivo’

Junior Feitosa, uma lenda sul-mato-grossense do motocross, pratica a atividade perigosa desde os 20 anos. Ele foi vice-campeão da 34ª Edição do World Vet Motocross, competição que reuniu mais de 1,2 mil pilotos do mundo. Também foi nome em campeonatos mundiais e representação do Brasil na categoria.

Ele conta que o fascínio pelo esporte radical é o teste do próprio limite e da euforia de conquistar uma . Feitosa ressalta que já perdeu amigos no esporte e também já se lesionou durante as acrobacias.

“Alguns esportes radicais não aceitam erros. Esporte radical é fascinante, mas não pode ser um salto no escuro. É preciso muito treino, dedicação e técnica, seja qual for a modalidade. Para quem pratica, é uma conquista, é adrenalina, endorfina e ação, aquilo ferve no corpo, o risco é para ser vencido. Por isso o nome radical. A sensação é de estar vivo e forte, ativo e dominando a máquina”, diz.

feitosa
Feitosa em competição estadual em MS. (Arquivo pessoal)

Longe de serem imprudentes, Junior diz que os praticantes costumam ser calculistas quanto aos riscos. Aliás, prosperar na gestão de risco é gratificante.

“O risco é iminente, não avisa, está sempre presente. Cabe ao atleta administrar os riscos que quer vencer, por isso é fascinante”, finaliza.

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