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Cotidiano

9 anos após crime, UFMS demite professor condenado por estuprar aluna

O professor Luiz Gustavo Rodrigues Oliveira Santos continuou lecionando por nove anos após o crime e foi afastado em maio depois de condenação
Murilo Medeiros -
Cidade Universitária da UFMS, em Campo Grande. (Foto: Nathalia Alcântara, Arquivo, Jornal Midiamax)

A reitoria da (Universidade Federal de ) decidiu demitir o professor de Biologia, Luiz Gustavo Rodrigues Oliveira Santos, condenado por estuprar uma aluna. Ele continuou lecionando por nove anos após o crime e foi afastado em maio de 2025, depois da condenação em primeira instância.

Então, passou a responder a um PAD (Processo Administrativo Disciplinar), que recomendou à reitoria que a pena ao servidor deveria ser de demissão. Às 21h30 desta segunda-feira (1°), a reitora Camila Ítalo assinou portaria para acolher o relatório final da comissão responsável pelo PAD e demitir o docente Luiz Gustavo Rodrigues Oliveira Santos. Antes disso, o processo se arrastou por cinco meses e meio.

Há duas semanas, acadêmicos protestaram pedindo demissão imediata do professor. O estopim da manifestação foi uma promoção ao docente, concedida pela UFMS em 15 de agosto. Após a repercussão, a universidade voltou atrás e cancelou a progressão de carreira, que previa, inclusive, aumento de salário.

‘Conduta escandalosa’

O estupro, ocorrido em 2016, veio à tona em março de 2025, após o professor Luiz Gustavo Rodrigues Oliveira Santos ser condenado a 8 anos de prisão em regime semiaberto e indenização de R$ 30 mil por danos morais. A decisão é em primeira instância, ou seja, cabe recurso.

Conforme o documento que oficializa a demissão, a medida baseia-se na Lei 8.112/1990, especificamente nos trechos que determinam que é proibido ao servidor “valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública” e que a pena de demissão será aplicada em caso de “incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição”.

No entanto, na época do crime, a UFMS informou que não abriu um PAD para apurar a denúncia da aluna, pois os indícios não estariam claros o suficiente. Apenas após a condenação, a reitoria determinou a revisão do ato administrativo e a Corregedoria passou a apurar a responsabilidade do servidor, o que culminou na demissão assinada ontem (1°).

O que diz a UFMS?

Em comunicado publicado na manhã desta terça-feira (2), a universidade confirmou a demissão. Confira a íntegra da nota:

“Após a conclusão dos trabalhos da Comissão do Processo Administrativo Disciplinar, com supervisão da Corregedoria da UFMS e parecer da Advocacia-Geral da União, a UFMS aplicou a pena de demissão ao professor Luiz Gustavo Rodrigues Oliveira Santos, nos termos dos artigos 117, IX, c.c 132, incisos V e XIII, todos da Lei nº 8.112/1990, e Súmula nº 650 do STJ, seguindo entendimento obrigatório vinculante para toda a administração pública federal.

A decisão emitida na Portaria nº 1.209-RTR/UFMS, de 1º de Setembro de 2025, acolheu o relatório final da Comissão, que seguiu todos os trâmites processuais, e opinou pela demissão do professor do Instituto de Biociências”.

Estupro em festa universitária

“Foi muito sofrido, mas estou aliviada porque existe Justiça”. Esse é o desabafo da agora ex-acadêmica da UFMS estuprada pelo seu próprio professor e orientador durante festa em uma república. A aluna, na época com 22 anos, estava dormindo em um dos quartos da república quando o professor cometeu o abuso. Durante a festa, a aluna ingeriu bebidas alcoólicas e começou a passar mal.

Amigas que já tinham percebido um comportamento estranho do professor, que durante a confraternização passava as mãos pelo corpo da vítima, visivelmente embriagada, foram ao socorro da jovem, a levando para um dos quartos da casa para que ela pudesse descansar. No entanto, o docente foi atrás e, ao perceber que a acadêmica estava no cômodo sozinha, entrou e trancou a porta. Uma das amigas percebeu a ausência do homem e foi atrás da amiga no quarto, quando viu que a porta estava trancada.

Ela chamou as amigas, que começaram a bater. O professor saiu em seguida. Quando entraram no quarto, a jovem estava chorando desorientada e sem as roupas íntimas. As amigas deram banho na vítima e perguntaram se lembrava do que havia ocorrido, e ela dizia que não. “Eu não queria acreditar no que havia ocorrido comigo”, disse a mulher, que hoje está com 31 anos.

Para o Jornal Midiamax, ela contou que, após tanta exposição, já nem acreditava mais que a Justiça poderia acontecer. “Depois de tantos anos, a Justiça chegou”. Ela contou ainda que na época pensou em desistir de processar o autor do crime, mas que teve apoio de outros professores e amigos.

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(Revisão: Bianca Iglesias)

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