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Cotidiano

Em 40 anos, Pantanal perdeu área natural equivalente ao estado de Sergipe

Em 2024, o bioma apresentou superfície de água 73% abaixo da média registrada a partir de 1985, afirma estudo do MapBiomas
Murilo Medeiros -
Pantanal
Seca no Pantanal em 2021 (Foto: Secom, MS)

Desde 1985, o Pantanal perdeu cerca de 42,5 mil hectares de cobertura vegetal a cada ano. Ao todo, 1,7 milhão de hectares (17 mil km², 12% do total) do bioma passaram de vegetação nativa e corpos d’água para áreas modificadas pelo ser humano nos últimos 40 anos, o que equivale ao território do município de e também ao estado de Sergipe. O MapBiomas divulgou estes dados nesta quarta-feira (13).

Além disso, em 1985 a água cobria 24% do Pantanal, mas essa cobertura caiu para apenas 3% em 2024. Os ciclos de inundação diminuíram a cada década e 2024 foi o ano mais seco em 40 anos, com superfície de água 73% abaixo da média histórica. foi a cidade que mais perdeu cobertura de água naquele ano, chegando a registrar perda de 259,7 mil hectares, o que corresponde a 53% do total.

Conforme o MapBiomas, este decréscimo resulta da seca extrema e da redução das cheias no Pantanal. Além disso, o bioma foi o segundo que mais ganhou novas áreas de pastagem proporcionalmente entre 1985 e 2024, atrás apenas da Amazônia. A área total do Pantanal é de 138.183 km², com 65% de território em e 35% no Mato Grosso.

Pantanal concentra grande parte dos municípios que mais perderam superfície de água (Imagem: reprodução, MapBiomas)

Por que o Pantanal está secando?

Eduardo Rosa, coordenador da equipe Pantanal do MapBiomas, explica que a redução da área alagada se deve principalmente às questões climáticas que interferem na quantidade e distribuição da água pela BAP (Bacia Hidrográfica do Alto ). No entanto, esse processo é ainda mais difícil em territórios de .

“O avanço de pastagem e as áreas agrícolas sobre as áreas naturais interferem na proteção do solo e como as águas das chuvas são absorvidas ou levadas para os rios”, afirma o especialista ao Jornal Midiamax.

Além disso, Eduardo Rosa destaca que as cheias no Pantanal dependem do entorno do bioma, principalmente as regiões de planalto em parte do Cerrado e da Amazônia. As chuvas deveriam encher as cabeças dos rios nesses locais, escoando toda a água para a planície pantaneira.

“Essa região teve uma perda de vegetação nativa da ordem de 5,3 milhões de hectares, que foram substituídos por áreas de pastagem e agricultura. Essa perda no planalto está, sim, diretamente ligada à redução de superfície de água [no Pantanal]”. Ou seja, o avanço da agropecuária no Cerrado e na Amazônia também impactam na seca do Pantanal.

Por fim, o coordenador da equipe Pantanal do MapBiomas afirma que são necessárias políticas públicas para diminuir os impactos da ação humana no bioma pantaneiro. “Valorização da vegetação nativa, práticas de conservação dos solos em áreas destinadas à agropecuária e restauração de áreas degradadas e áreas de preservação permanente no entorno de rios e nascentes, principalmente na região do planalto da BAP”.

Cerrado perdeu 40,5 mi hectares

Outro bioma predominante em Mato Grosso do Sul, o Cerrado também assiste a uma a expansão da degradação. Entre 1985 e 2024, o bioma perdeu 40,5 milhões de hectares de vegetação nativa, o que corresponde a 28% do bioma.

Neste caso, o maior avanço das modificações humanas em áreas naturais se deu antes de 1958. Além disso, a região conhecida como Matopiba, que abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, concentrou 80% do desmatamento para agricultura no Cerrado.

No últimos dez anos, entre 2015 e 2024, houve uma desaceleração da expansão agrícola no bioma: 2,7 milhões de hectares menor que na década anterior. A perda de vegetação nativa para pastagens foi menor que no período inicial, mas ainda significativa.

Cenário brasileiro

No Brasil todo, foram 111,7 milhões de hectares de cobertura vegetal perdidos, o equivalente a 13% de todo o País. O Brasil perdeu, em média, 2,9 milhões de hectares de áreas naturais por ano nos últimos 40 anos. As áreas úmidas, que envolvem floresta alagável, campo alagado, área pantanosa, apicum, mangue e corpos de água e reservatórios diminuíram 22% entre 1985 e 2024.

A maior parte modificada recebeu pastagens (62,7 milhões de hectares) e agricultura (44 milhões de hectares). Paraná (34%); São Paulo (33%) e Rio Grande do Sul (30%) registram a maior ocupação para agricultura.

A Amazônia foi o bioma que perdeu a maior área de vegetação nativa, com 52,1 milhões de hectares. Depois, o Cerrado, com 40,5 milhões de hectares; Caatinga, com 9,2 milhões de hectares; e Mata Atlântica, com 4,4 milhões. Por fim, Pantanal (1,7 milhão de hectares) e o Pampa, com 3,8 milhões.

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