VÍDEO: Tornado de fogo e fumaça devasta mata seca em Ponta Porã

Meteorologista explica que o tornado é um dos fenômenos mais complexos e extremos da natureza

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Tornado devasta mata seca (Reprodução)
23/08/2024 – Karina Campos

Em meio ao assolo dos incêndios que devastam biomas de Mato Grosso do Sul, um novo fenômeno surpreendeu trabalhadores rurais: o tornado de fogo e fumaça em uma área seca de Ponta Porã, a 298 quilômetros de Campo Grande.

As imagens impressionam, pois, enquanto o fogo consome a vegetação, o tornado gira com a fumaça densa e preta. Quem registra o vídeo não se contém ao notar as chamas sem controle. O registro foi compartilhado pela Conexão Geoclima, a maior página de meteorologia do Brasil.

O fenômeno é chamado de “firenado”, um termo dos Estados Unidos. Segundo o meteorologista do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), Vinicius Sperling, o tornado é formado por uma grande diferença de temperatura e, no caso de Ponta Porã, índices extremos elevados pelo fogo.

“O fogo esquenta o ar ao redor dele, vai se aquecendo muito rápido e esse ar ao redor do fogo, mais quente, fica mais leve e começa a subir, levando então a fumaça para cima. O ar frio em volta tenta ir paro o solo para tomar lugar do ar quente, que se leva acima do fogo. Esquentou o ar na beiradinha dele, vai esquentando esse ar na beirada. Esse ar muito mais quente que o ambiente, no entorno, que não tem fogo, sobe e o ar mais frio, relativamente mais frio, ocupa aquele lugar dele. Nisso, vai gerando um vórtex, pois esse ar frio vai subindo, vindo por cima”.

Condições extremas

Sperling ressalta que o tornado é um dos fenômenos mais extremos da natureza, além do estrago que causa. Nos Estados Unidos, onde a incidência de tornados e furacão é comum, a previsibilidade por equipamentos é mais dinâmica para rastreamento ao tocar o solo.

“Basicamente, o resultado do vórtex é o fogo esquentar muito o ar ao redor. Esse ar sobe rapidamente e vai sendo ocupado por outro ar ao entorno. Os ventos mais intensos acabam fazendo com que ele comece a rotacionar. Depois que ele rotaciona e o fogo vai aumentando. Ele próprio se realimenta, fica se retroalimentando”.

“Eu estava lendo algo assim, que se o fogo é grande o suficiente, ele cria o próprio microclima dele ali. Ele acaba sendo um pouco mais intenso do que aqueles mais fortes, do que aqueles tornados de poeira, porque as próprias chamas estão se alimentam de oxigênio fresco, porque o ar está entrando para abastecer o fogo também. Então, você tem uma dinâmica de sucção do ar para dentro do fogo. É um pouquinho complexo, porque você cria esse microclima devido ao fogo. Não é uma coisa que não é natural”.

Confira o vídeo:

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