Rua 14 de Julho ficará fechada às sextas e sábados, com melhorias na logística

Pedido de empresários do setor gastronômico foi atendido e vias ficarão fechadas das 20h às 23h59 para o público circular a pé em Campo Grande

Guilherme Cavalcante – 28/08/2024 – 07:12

Campo Grande
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Fechamento 14
Mais uma quadra da Rua 14 de Julho pode ser fechada (Ana Laura Menegat, Midiamax)

A primeira reunião de avaliação do teste de fechamento da Rua 14 de Julho, ocorrido no último fim de semana, avaliou a medida como positiva. Com isso, a medida será mantida pelo menos até novembro, estritamente às sextas e sábados, e passará por incrementos na logística e nas estruturas a serem disponibilizadas pela Prefeitura.

A Prefeitura pontuou que não houve, nem via polícia e nem via 156, reclamações de violação da lei do silêncio. “Não recebemos nenhuma reclamação, são muitos pontos positivos que nos fazem acreditar que o fechamento deve permanecer, mas temos que aperfeiçoar”, avaliou Katia Silene Saturi Warde, que está à frente da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano).

A reunião ocorreu na noite da terça-feira (27), com representantes da Prefeitura de Campo Grande e empresários do setor gastronômico da via, uma semana após o anúncio dos testes de fechamento. Como medidas de aperfeiçoamento, o Executivo garantiu a implantação de banheiros químicos, limpeza, interdições das 20h à meia-noite e combate a ambulantes, além de mais presença da GCM (Guarda Civil Metropolitana). O som ambiente e bandas ao vivo também segue limitado até as 23h59 de cada dia.

Fechamento 14
Reunião de avaliação apontou arestas e terminou com compromisso de aperfeiçoamento (Ana Laura Menegat, Midiamax)

“Na primeira reunião havia sido garantida a instalação dos banheiros químicos e também a interdição até meia-noite. Mas isso não aconteceu e teve a situação do bloqueio da via ser liberado bem mais cedo que o esperado, e começar a entrar carro na quadra quando ainda tinha uma banda tocando. A questão da limpeza não aconteceu como combinado, também, dentre outras coisas”, pontuou o empresário Leo Soldati, do Copo Bar, durante a reunião.

O atual titular da Sidagro (Secretaria Municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio), Ademar Silva, afirmou que irá reforçar com os demais setores da Prefeitura a garantia da estrutura para que o fechamento possa seguir.

“O feito vem antes do perfeito e por isso marcamos esta reunião, justamente para identificar as falhas e acertarmos. A medida é vista de forma positiva pela Prefeitura e queremos que dê certo”, pontuou.

Feira cultural e mais quadras a serem fechadas na 14 de Julho

Titular da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), Mara Bethânia Gurgel afirmou que o fechamento deverá contar com mais uma quadra – a princípio, entre as ruas Marechal Rondon e Dom Aquino, já que a quadra mais próxima à Avenida Mato Grosso é um importante corredor de ambulâncias para a Santa Casa de Campo Grande.

“A proposta da Prefeitura é aproveitar o que está acontecendo na Rua 14 de Julho para promover mais eventos culturais, como uma Feira da Economia Criativa, na qual pudéssemos ter mais atrações culturais e também favorecer participação de outros empreendedores, até para desafogar a lotação”, disse.

Isso porque, durante o primeiro teste de fechamento, o volume de pessoas nas quadras interditadas superou em muito o público usual.

“É provável que a divulgação do fechamento e o feriado tenham aumentado esse fluxo, estamos atentos a maneiras de fazer uma ocupação mais organizada e confortável”, considerou. A gestora ainda definirá como será feito o chamamento de parceiros para atuar na feira criativa.

Público recorde e problemas

Contudo, o fechamento da via não foi apenas flores. Empresários avaliaram que nas próximas edições – já nesta sexta-feira (30) – será necessário apoio da Prefeitura com a GCM (Guarda Civil Municipal) para policiamento da área, assim como combate aos ambulantes.

“O que vimos é que muita gente aproveitou para fazer uma renda extra, com cooler de bebidas a um preço desleal conosco, que estamos investindo nos imóveis e nas atrações culturais. As pessoas estão indo lá por conta da programação que nós criamos, então é injusto essa concorrência. Tivemos problemas que até então não tínhamos”, pontuou Soldati.

Sarturi confirmou que havia presenciado o comércio ilegal na sexta-feira passada e afirmou que o trabalho de fiscalização será praticado nas próximas edições a fim de combater o comércio de ambulantes.

A situação dos banheiros químicos e da limpeza da via também foi relatada como uma urgência a ser contornada. Segundo os empresários, o recorde de público fez com que a estrutura disponível nas casas não fosse suficiente para a demanda. A limpeza da via e recolhimento do lixo, também acertada na primeira reunião, ocorreu com outra logística.

Os empresários pontuam a importância do recolhimento imediato do lixo considerando a sujeira que fica após catadores romperem os sacos em busca de recicláveis. “Isso vai desagradar os lojistas que abrem de manhã. Havia um ponto próximo a Antônio Maria Coelho onde as pessoas urinavam no chão. Não acontece isso nos dias normais, então precisamos de reforço nisso para evitar ocorrer”, pontuou outro empreendedor.

Bethânia afirmou que irá reforçar junto ao gabinete da Prefeitura a instalação dos banheiros e uma logística de limpeza que considere o recolhimento do lixo após a programação e limpeza da via às 5h da manhã, deixando a Rua 14 apta a ser frequentada.

Reforço na segurança

O fechamento da Rua 14 de Julho também ocasionou ocorrências incomuns no trecho. “Notamos que muito além do nosso público usual estava ali. A expectativa de público foi muito superada. Veja bem, visitei 53 imóveis até achar o ponto que aluguei, justamente pensando em logística, segurança e conforto. Por isso, o apoio policial durante os fechamentos precisa ocorrer”, acrescentou Leo Soldati.

“Houve um momento que fomos questionar um ambulante sobre as vendas e de repente eu fui cercada por mais dois homens, que me intimidaram. Precisamos que a Prefeitura faça esse trabalho com ambulantes e também precisamos de segurança”, relatou outra empreendedora.

Fechamento 14
(Ana Laura Menegat, Midiamax)

Até um carro de som foi relatado pelos empresários nas ruas do entorno. “Temos nossos alvarás e respeitamos a legislação, mas não temos como nos responsabilizar por um carro de som aleatório que aparece no entorno. Policiamento ajudaria nisso”, conclui Soldati.

Novos estudos

A reunião também avaliou, por parte da Sefin (Secretaria Municipal de Finanças e Planejamento), necessidade de estudo para viabilidade de incentivos aos lojistas da Rua 14 de Julho, tais como desconto de IPTU (Imposto Sobre Propriedade Predial e Territorial Urbano), a fim de possibilitar que proprietários invistam nos imóveis – por exemplo, com isolamento acústico – e também aliviem o preço do aluguel, a fim de evitar um processo de gentrificação comercial. A pasta também avaliou criar estudo com o impacto de receita promovido pela ocupação na Rua 14 de Julho.

Já a Planurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano) afirmou que promoverá estudos sobre as formas de ocupação possíveis de imóveis tombados ou protegidos que estão na via, que está inserida na Zeic (Zona Especial de Interesse Cultural), para que ordenar o uso dos equipamentos.

A Prefeitura também reforçou que criará um “hub” de atendimento a lojistas do Centro, para facilitar procedimentos tais como emissão de alvarás ordinários e especiais.

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