No Nova Campo Grande, moradores protestam contra ‘cheiro de podridão’ e cobram providências

Segundo os moradores que marcaram presença no protesto, o fedor piorou consideravelmente nos últimos 20 dias

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Protesto contra mau cheiro na região do Imbirussu. (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

Cansados do “cheiro de podridão” que assola a região do bairro Nova Campo Grande há anos, moradores dos bairros Jardim Aeroporto, Vila Romana e Vila Popular se uniram em um protesto neste domingo (25) para cobrar providências sobre a origem do mau cheiro.

A manifestação aconteceu no cruzamento da Avenida Cinco com a Duque de Caxias. O local foi escolhido por ser próximo ao frigorífico da JBS que, segundo os moradores, é uma das empresas responsáveis pelo odor.

Morando há 35 anos na região do Imbirussu, Robson Fernandes conta que a manifestação não é contra as empresas, afinal, elas geram emprego para muitos moradores da região. A reclamação é contra o forte odor emitido por elas, que atrapalha diretamente o bem-estar dos moradores.

“É um cheiro podre, difícil de definir o que é”, conta Robson. “É uma mistura de muitos cheiros podres e químicos. Em alguns momentos dá até ardência nos olhos”, pontua. “A gente não sabe exatamente o que é, mas uma providência deverá ser tomada, porque além do incômodo, estamos preocupados com a saúde da população”, explica.

(Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

Segundo os moradores que marcaram presença no protesto, o fedor piorou consideravelmente nos últimos 20 dias. Nesta semana eles protocolaram uma ação coletiva e entraram com recurso no MP (Ministério Público) e encaminharam a documentação para a Prefeitura de Campo Grande e o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul).

Fábia Britez, também moradora da região, conta que vários órgãos fiscalizadores já informaram os moradores que tomarão providência, mas até que isso aconteça, eles continuam sofrendo com a “podridão”. “O problema maior é a partir das 15h, quando é feita a queima dos ossos no frigorífico”, aponta.

Sinzerlan Oliveira, que faz parte do Conselho da Região do Imbirussu, afirma que “a partir das 15h30 o cheiro na região fica insuportável. Ninguém aguenta o fedor que sai do frigorífico. Alguém precisa tomar uma providência”, afirma.

Há oito anos morando na região, o vigilante Marcos Oliveira concorda com os apontamentos e reitera que “o cheiro é tão ruim e que não dá pra definir do que é”, permanecendo forte até mesmo durante a noite.

Mau cheiro também vem de lagoa?

À reportagem, moradores apontam que o mau cheiro também vem de algumas lagoas de tratamento de resíduos de algumas dessas empresas.

O Parecer Técnico do Imasul Nº 212/2023 apontou que nessas lagoas da JBS “não há vestígios de resíduos ou extravasamentos oriundos da lagoa no solo”. Porém, há moradores que apontam que esses “piscinões” seriam uma das fontes do fedor.

VÍDEO: Moradores relatam ‘pior madrugada’ de fedor e pedem denúncia de frigorífico em Campo Grande.

Na sexta-feira (23), o Jornal Midiamax conversou com um engenheiro ambiental que explicou que essas lagoas podem emitir mau cheiro em uma intensidade que poderia ser sentida em bairros mais distantes, se levado em conta o tipo do tratamento. “Depende dos ventos e sua direção, mas à noite as lagoas desprendem lodo do fundo devido à troca térmica”, explica.

Uma forma de amenizar a fedentina seria com o uso de aeradores. “Eles aumentam a eficiência do tratamento e reduz drasticamente o odor. Mas também deve ser verificado primeiramente o pré-tratamento, peneiras e flotadores”, aponta.

(Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

Uma consultora em indústria de alimentos explicou que, geralmente, há até três lagoas que recebem a água que foi utilizada na indústria para tratamento.

“Nessas lagoas, os microorganismos atuam na decomposição da matéria orgânica que é gerada durante o abate, resultando em uma água tratada, destinada à higienização de caminhões boiadeiros e lavagem de pátio”, detalha.

Contudo, ela pontua que essas lagoas de tratamento de resíduos atendem normas do Imasul e da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano).

No fundo dessas lagoas há uma lona feita de um material chamado Pead (Polietileno de alta densidade) que atua de forma impermeabilizante. “Embaixo delas possui uma lona grossa específica para uso para não contaminar solo. São realizadas análises constantemente”, ela enfatiza.

O Jornal Midiamax solicitou uma nota para a JBS sobre o assunto, mas não recebeu resposta até o momento. O espaço continua aberto para manifestações.

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