“A Libras (Língua Brasileira de Sinais) hoje tem uma função social e humanitária”, define a professora de Língua Portuguesa Danielle de Rezende Gimenes, de 31 anos, que é tradutora intérprete de Libras e também bacharel em Direito. Celebrada todo 24 de abril, a língua é uma ferramenta de inclusão.

Ensinando a língua em uma instituição de ensino particular que oferece cursos na área de saúde em Campo Grande, Danielle explica que sempre conversa com os alunos a respeito das dificuldades que a comunidade surda enfrenta por falta de acessibilidade linguística. 

“A pessoa que aprende Libras está inserindo o sujeito surdo na sociedade e tornando esse convívio mais igualitário”, pontua a professora.

Acessibilidade 

“Pense na dificuldade que essa pessoa enfrenta para ter um atendimento médico, pois dificilmente alguém daquele espaço sabe Libras. Agora estenda essa barreira linguística para todas as outras atividades que nós, ouvintes, precisamos realizar e temos o suporte da Língua Portuguesa: comprar uma roupa nova, sair à noite para jantar, ir ao cinema, ao supermercado… Esses espaços não estão prontos para receber uma pessoa surda, pois não tem conhecimento específico em Língua de Sinais”, detalha a professora. 

Para ela, o esforço coletivo da população em torno do aprendizado da Libras tornariam menores essas barreiras. “Foi pensando nessa dificuldade que me formei em Direito, para poder garantir por meio do meu trabalho, todos os direitos que a pessoa surda tem”, compartilha. 

Vantagens 

A especialista garante que aprender Libras é possível para qualquer pessoa, “e eu sou a prova viva disso”, completa. “Comecei o curso sem saber nada, sem conhecer nenhum sinal, e hoje sou uma profissional que atua em diversos cenários para garantir o acesso linguístico da comunidade surda”, afirma Danielle.

“Muitas pessoas acreditam que não conseguem, que não tem coordenação motora para aprender, mas meu pedido é sempre o mesmo: dê pelo menos uma chance para a Língua de Sinais. Dê a si mesmo a chance de aprender uma nova língua e fazer a diferença na vida de tantos surdos que temos no nosso Mato Grosso do Sul”, convida a professora.

Para a intérprete de Libras Jessika da Silva Garcia Vernochi, de 33 anos, aprender a língua também tem a ver com poder se comunicar livremente e, também, acrescentar ao próprio currículo. “Nós vivemos por meio da comunicação, oral, escrita, os meios midiáticos, essa questão das redes sociais, tudo é questão de comunicação. Além de agregar ao seu currículo, agregar conhecimento”, pontua.

“Hoje, pessoas me procuram falando que atenderam surdos nos hospitais, atenderam surdos no Ministério Público, na Defensoria, em postos de saúde por conta, às vezes, de uma aula que eles aprenderam. Então, sim, com certeza a Libras pode agregar na vida profissional e muito além ainda”, reforça Jessika.

Onde aprender

No estado, a SED (Secretaria de Estado de Educação) oferece aulas de Libras gratuitas por meio do CAS (Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez). 

As turmas são abertas periodicamente e o chamamento para inscrições podem ser acompanhados no site do órgão: https://www.sed.ms.gov.br. É possível obter informações também pelo telefone do CAS: (67) 3314-1961.