Mudanças no financiamento imobiliário da Caixa podem desaquecer vendas em MS

Entenda mudanças que aumentaram valor de entrada para imóveis financiados

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Vista aérea da cidade de Campo Grande (Foto: Prefeitura Municipal).

O mercado imobiliário em Mato Grosso do Sul poderá desaquecer a partir de novembro deste ano, com mudanças nas regras do financiamento de imóveis anunciada pela Caixa Econômica nesta semana. Para corretora de imóveis, setor será bastante afetado e, em contrapartida, demais setores da economia.

A partir de novembro a cota de financiamento para imóveis de até R$ 1,5 milhão será reduzida, o que significa que os compradores terão que pagar uma entrada maior para terem acesso à casa própria. O banco é o principal financiador de casa própria do país, com 68% do mercado. 

As alterações afetam diretamente a classe média, que busca financiar imóveis acima do teto do programa habitacional MCMV (Minha Casa Minha Vida), que é de R$ 350 mil.

Como fica o setor imobiliário em Mato Grosso do Sul

Para a corretora de imóveis Ivoni Belo, a mudança vai exigir adaptações. “Mas é meio complicado a gente achar uma saída para isso. A saída seria os vendedores baixarem um pouco o valor do imóvel para que, dessa forma, esse consumidor pudesse buscar um financiamento que abrangesse o valor de entrada também”, pontua.

Uma das alternativas imaginadas pela profissional é, por exemplo, no caso da compra de um de R$ 150 mil, entrar com pedido de financiamento de R$ 200 mil, para que a entrada dele seja embutida nesse financiamento. 

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Construção civil – Imagem Ilustrativa. (Freepik).

“Isso seria uma possibilidade, mas é meio difícil acontecer porque esses proprietários, principalmente os construtores, normalmente já têm um orçamento fechado desse valor de imóvel, então muitos não conseguirão baixar o preço”, avalia a corretora. “No entanto, quando o ‘cinto aperta’, muita coisa pode acontecer”, completa.

Deixar essa conta para o consumidor, no entanto, é arriscado e, até mesmo, totalmente inviável, na visão da corretora. 

“O que a gente vê hoje são pessoas buscando a compra do imóvel, mas que não têm valor de entrada, não têm como arcar com a entrada e a documentação. Então as pessoas já usavam esse artifício de solicitar um financiamento maior, e torcer para que a avaliação do imóvel atingisse o valor desejável, para não precisar pagar entrada, então agora complicou mais ainda”, analisa. 

Acordos para vender

Na visão do presidente do CRECI-MS (Conselho Regional de Corretores de Imóveis 14ª Região), Eli Rodrigues, a tendência é que o mercado se adapte e se reinvente.

“O que acontece nesses casos é que geralmente o mercado se reinventa. Quando os financiamentos ficam mais difíceis de serem feitos, às vezes quem está vendendo faz um parcelamento também de uma parte. Comprador e vendedor vão chegando em um acordo que fique bom para ambos”, pondera. 

Para ele, como o valor dos imóveis ainda está compensativo, é preciso que o consumidor aproveite o momento. “A pessoa interessada tem que fazer realmente um esforço e contas, para ver o que fica melhor, pois o momento está bom”, finaliza.

Para Ivoni, para o comprador, o caminho é se preparar para adquirir o imóvel, mesmo diante do desafio de programar financeiramente. 

“Uma dica para o consumidor sempre vai ser: se prepare para compra, mas é o que está sendo muito difícil com a nossa economia. Infelizmente o setor imobiliário vai ser grandemente afetado e, em contrapartida, todos os outros setores, porque a economia dá uma desacelerada. Então, a tendência, se esse cenário continuar, é piorar”, conclui.

Como ficam os financiamentos

trabalhador
Trabalhador da construção civil (Arquivo, Jornal Midiamax)

A partir do próximo mês, o banco só vai financiar até 70% do valor do imóvel pelo SAC (Sistema de Amortização Constante) e, pelo sistema Price, os financiamentos aprovados pelo banco serão de até 50% do valor do imóvel.

O modelo atual admitia cota de até 80% do valor do imóvel pelo SAC, e 70% pelo Price. Com a mudança, compradores terão que assumir um valor maior de entrada para conseguir adquirir um imóvel. 

Por exemplo, pelo modelo atual, se um imóvel vale R$ 500 mil, a Caixa financia até R$ 350 mil (70%) pelo Price. Sendo assim, o cliente paga os 30% restantes (R$ 150 mil).

Com a mudança, que passará a valer em novembro, o mesmo imóvel de R$ 500 mil terá R$ 250 mil (50%) financiados pela Caixa, fazendo com que o cliente tenha que pagar os outros 50% de entrada: R$ 250 mil. 

Clientes que já tenham um financiamento habitacional ativo pela Caixa também não poderão contrair mais um financiamento pelo banco. 

Motivo da redução de financiamento

A decisão de reduzir o teto para o financiamento do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), linha de crédito utilizada para financiar o setor imobiliário, é uma reação à diminuição de recursos disponíveis na poupança, segundo a Caixa. 

A poupança acumula retirada líquida de R$ 11,239 bilhões no ano, conforme informações do Banco Central. 

Deixar dinheiro na poupança deixou de ser um investimento atrativo e as pessoas passaram a buscar opções mais rentáveis de investimento. 

Com isso, a fatia do SBPE disponível, para ser usada pelos bancos como fonte de recursos do financiamento imobiliário, acabou diminuindo. 

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