Moradores exigem investigação sobre ‘podridão’ do Nova Campo Grande e marcam protesto no domingo
Mau cheiro teria piorado nas últimas semanas; alguns moradores acordam de madrugada devido ao fedor
Thalya Godoy, Monique Faria –
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“Chega de podridão”. Esse é, resumidamente, o pedido dos moradores do Nova Campo Grande sobre o mau cheiro que castiga há anos os bairros na saída para Aquidauana. Neste sentido, a população marcou um protesto no domingo (25) para cobrar providências sobre a origem do fedor.
A manifestação está marcada para iniciar às 8h, no cruzamento da Avenida Cinco com a Duque de Caxias. O ponto de encontro fica próximo a uma planta frigorífica da JBS, apontada pelos moradores como uma das empresas responsáveis pelo fedor.
A população cobra providências das autoridades competentes sobre a fiscalização e, se a fonte do mau cheiro que há muitos anos assola a região Imbirussu, estaria ligada ao frigorífico e/ou a outras empresas.
“Não podemos ficar à mercê de uma situação como esta que, além de ser uma falta de respeito com os moradores, pode implicar em questões de saúde pública, já que não se sabe o que está sendo atirado no ar e é respirado por nós”, cobra a vice-presidente da Associação dos Moradores do Nova Campo Grande, Fábia Britez.
Qual a causa do cheiro?
Quem mora há muitos anos em bairros próximos ao Núcleo Industrial atribui o forte odor à queima de ossos que ocorre no frigorífico da multinacional.
“Normalmente, o mau cheiro começa esse horário [16h] e vai até à noite. De manhã e de tarde um pouco, depois eles começam a queimar os ossos, parece. Quando o vento vem para cá, a gente sente bastante”, contou um morador da Avenida Cinco com a Avenida Oito.
Um engenheiro ambiental consultado pelo Jornal Midiamax, que pediu para não ser identificado, explicou que o forte odor é comum em frigoríficos em que há a graxaria, em que se cozinha ossos para fabricação de farinhas e óleo para enriquecer ração animal.
Contudo, os moradores querem que empresas de outros setores também sejam investigadas para saber se há uma ou mais fontes do forte odor. Alguns descrevem que a fedentina é parecida com o de carne podre, enquanto outros assemelham o cheiro ao de esgoto.
Outra possível fonte mencionada pela população seriam as lagoas de tratamento de resíduos de algumas empresas.
“Tem uma lagoa aqui no frigorífico [da JBS] e quando o vento está de lá para cá, fica insuportável. Não é todo dia, mas tem dia que começa cedo e vai até à noite”, contou um morador da Rua 34, no Nova Campo Grande. A via é paralela à Avenida Cinco, onde está a lagoa.
O Parecer Técnico do Imasul Nº 212/2023 apontou que nessas lagoas da JBS “não há vestígios de resíduos ou extravasamentos oriundos da lagoa no solo”. Porém, há moradores que apontam que esses “piscinões” seriam uma das fontes do fedor.
VÍDEO: Moradores relatam ‘pior madrugada’ de fedor e pedem denúncia de frigorífico em Campo Grande.
O engenheiro ambiental explica que essas lagoas podem emitir mau cheiro em uma intensidade que poderia ser sentida em bairros mais distantes, se levado em conta o tipo do tratamento. “Depende dos ventos e sua direção, mas à noite as lagoas desprendem lodo do fundo devido à troca térmica”, explica.
Uma forma de amenizar a fedentina seria com o uso de aeradores. “Eles aumentam a eficiência do tratamento e reduz drasticamente o odor. Mas também deve ser verificado primeiramente o pré-tratamento, peneiras e flotadores”, aponta.
Uma consultora em indústria de alimentos explicou que, geralmente, há até três lagoas que recebem a água que foi utilizada na indústria para tratamento.
“Nessas lagoas, os microorganismos atuam na decomposição da matéria orgânica que é gerada durante o abate, resultando em uma água tratada que é destinada a higienização de caminhões boiadeiros e lavagem de pátio”, detalha.
Contudo, ela pontua que essas lagoas de tratamento de resíduos atendem normas do Imasul e da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano).
No fundo dessas lagoas há uma lona feita de um material chamado Pead (Polietileno de alta densidade) que atua de forma impermeabilizante. “Embaixo delas possui uma lona grossa específica para uso para não contaminar solo. São realizadas análises constantemente”, ela enfatiza.
O Jornal Midiamax solicitou uma nota para a JBS sobre o assunto, mas não recebeu resposta. O espaço continua aberto para manifestações.
Vistoria
O DAEX-MPMS (Departamento Especial de Apoio às Atividades de Execução do Ministério Público de Mato Grosso do Sul) deve realizar uma vistoria para verificar o forte odor que estaria vindo da JBS.
Um relatório do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) teria apontado que o fedor era inerente às atividades do frigorífico, mas o MPMS deve conduzir uma vistoria devido às denúncias dos moradores sobre o local. Não há prazo, por enquanto, para uma resposta.
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