Após mais de 28 horas do rompimento da barragem de um lago no loteamento Nasa Park, entre Jaraguari e Campo Grande, a Defesa Civil ainda não divulgou o número exato de pessoas afetadas pela tragédia ambiental.

Na manhã de terça-feira (20), casas foram invadidas pela enxurrada, famílias perderam tudo, um trecho da BR-163 foi danificado e houve impacto ambiental. Devido ao desastre, o Nasa Park foi autuado em R$ 800 mil, sendo R$ 750 mil de multa para o empreendimento e R$ 50 mil direto ao proprietário.

O Jornal Midiamax acionou a Defesa Civil na tarde de terça-feira questionando sobre as famílias e residências afetadas, mas não houve retorno das informações. Após 28 horas do incidente, a equipe entrou em contato novamente na tarde desta quarta-feira (21) indagando sobre o número de pessoas atingidas.

Entretanto, a reportagem foi informada apenas que “aproximadamente 15 pessoas” foram atingidas, sem exatidão nos dados. A enxurrada atingiu uma grande área onde tinham moradores em pequenas propriedades rurais.

O Jornal Midiamax também questionou sobre a falta de exatidão nos dados inerentes ao desastre ambiental e aguarda retorno. O espaço segue aberto para manifestação.

Família atingida dormiu na lama

“Estamos num esgoto a céu aberto”, o relato da moradora Gabrielle do Prado Lopes revela que o cenário ainda é desastre nas propriedades rurais atingidas pela enchente causada pelo rompimento da barragem do loteamento Nasa Park. Na manhã desta quarta-feira (21), as vítimas tentam limpar a lama e retirar o entulho.

Aos prantos, Gabrielle observa o pai na busca por animais que morreram com a enxurrada, às margens da BR-163. A família mora no local há mais de 40 anos. Agora, lamentam a falta de assistência, tanto do poder público, quanto do loteamento particular que seria responsável pela barragem.

Ela, as filhas e os pais não conseguiram dormir, apesar de se recusarem a deixar o imóvel, pois não têm para onde ir. Além disso, durante a noite e madrugada foram vítimas de tentativas de furtos dos poucos animais que sobreviveram.

“Minhas filhas só choram, presenciaram toda essa tragédia. Não tivemos respaldo de ninguém e nada. A polícia até fez uma ronda aqui à noite, pois tentaram roubar os porcos e verduras. O povo tenta aproveito da tragédia dos outros. Aqui a gente está num esgoto a céu aberto. A lama tampou tudo [saída de água]. Estamos tentando lavar a casa, mas não consigo porque está tudo entupido”, relata.

Sobre as famílias atingidas, como a de Gabrielle, a Defesa Civil informou ao Jornal Midiamax que repassou as informações para a Assistência Social de Jaraguari para atender à demanda.

Conforme o Núcleo de Geoprocessamento do Ministério Público, 11 propriedades foram afetadas. No entanto, este número pode aumentar à medida que novas imagens de satélite da área forem analisadas.

Sem conseguir limpar

Contudo, semelhante a outras tragédias, após a redução da água, o odor é forte. A família também se preocupa com questões sanitárias. Gabrielle ressalta que o esgoto da casa está entupido e a sujeira não tem para onde ir. Como registrado pelo Jornal Midiamax na visita das casas, há muita lama, entulho e galhos arrastados pela enchente da barragem em todas as propriedades atingidas.

“Tivemos perda total, perdemos tudo que tinha dentro da casa. Meu irmão só está com a roupa do corpo. Não deu tempo de tirar nada. Perdemos toda a plantação de mandioca, milho e a horta. Toda nossa renda. O que vai ser da gente agora? Nenhuma autoridade veio aqui para ver se tem água nos canos. Nós queremos um pouco de dignidade”, desabafa.

Barragem estava irregular

A barragem do lago construído no loteamento de luxo Nasa Park é totalmente irregular. A estrutura nunca recebeu autorização do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) para construção e nem certificado ambiental. Além disso, o empreendimento recebe notificações desde 2019 sobre a necessidade de regularizar a barragem, mas nunca se regularizou.

A informação é do Imasul, que explica que a barragem do Nasa Park foi vistoriada pelo órgão em 2019, com a presença do proprietário, e recebeu classificação ‘Alta’ para riscos e danos. Na prática, a classificação significa que a barragem apresentava fissuras e necessidade de melhorias e, caso rompesse, provocaria muitos danos.

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