Instituto Mirim revolta pais ao substituir marmitas de estudantes por salgados: ‘única refeição’

A decisão tomada atende a período de quatro meses, enquanto a cozinha da instituição estiver em reforma

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(Reprodução, Prefeitura de Campo Grande)

Pais de alunos que integram o Instituto Mirim de Campo Grande contestam uma determinação da instituição que suspendeu, temporariamente, a entrega de marmitas para os jovens devido a uma obra na cozinha, que começou nesta semana. Segundo os responsáveis que entraram em contato com a reportagem, a determinação foi comunicada em reunião, no dia 14 de março. Como alternativa para a não suspensão completa de refeição, desde segunda-feira (1), salgados estão sendo entregues aos jovens.

Para as famílias atendidas, o cenário gera preocupação, visto que os jovens saem cedo de casa para trabalhar e só voltam à noite, após as aulas. Para muitos, a marmita entregue pelo Instituto é a única refeição do dia.

“A reunião, na verdade, era pra alinhar questões dos adolescentes, condutas que não estavam ‘ok’. Por último, no final da reunião, eles apenas informaram que os adolescentes não iam receber mais o almoço, de abril até agosto, porque a cozinha estaria passando por uma reforma. Por isso seria enviado para eles um salgado, ao invés do almoço”, contou um familiar.

A tia de um dos participantes do Instituto Mirim afirma que o sobrinho sai de casa por volta das 10h para estar no trabalho meio-dia. Ela questiona a falta de uma solução mais assertiva para o período de obras da cozinha, como a contratação de um fornecedor que possa produzir marmitas semelhantes às que já são oferecidas pela instituição normalmente.

“Um adolescente que tem que estar no trabalho meio-dia sai de casa às 10h. Esse almoço sempre foi servido. A questão contratual deles não fala que eles são obrigados a dar alimentação, mas a partir do momento que é concedido um benefício, ele não pode ser suprimido. Muitos ali são adolescentes carentes que não ganham nem um salário mínimo”, aponta.

“O adolescente sai 10h, vai trabalhar, sai dali, vai pra escola e vai jantar só quando chega em casa ou então o lanche da escola, por volta das 22h. Nós não estamos falando de adultos, estamos falando de adolescentes. Meu sobrinho ainda tem um bom suporte familiar. E quem não tem?”, acrescenta.

A mãe do estudante confirma a informação e pontua que na reunião foi passado que 1 salgado será entregue por adolescente ao longo dos quatro meses de obra.

“Eles são adolescentes. Se com a marmita, meu filho já sentia fome durante a tarde, imagina só com o salgado?”, questiona. “Meu filho sai de casa às 10h. Por volta das 11h30 ele chega no trabalho. 11h40 servem o salgado e meio-dia ele começa o expediente. Ele sai do trabalho 17h, mas só chega em casa por volta das 18h/18h10. Quando dá, ele consegue comer mais alguma coisa, mas 19h ele já tem que estar na escola. Ele só volta pra casa 22h20”, explica.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande que apenas pontuou que o Instituto Mirim é um órgão independente, por isso a tratativa é exclusiva com eles.

À reportagem, o Instituto Mirim afirmou, em nota, que ficaria a cargo das famílias reforçarem a alimentação dos menores durante o período da reforma: “Durante o período de reforma, que tem previsão de duração de 120 dias, foi comunicado às famílias que a instituição procurando alternativas para não suspender totalmente a entrega de alimentação, iria contribuir diariamente com o envio de um salgado dos adolescentes que habitualmente recebem a marmita, cabendo às famílias reforçarem a
alimentação dos adolescentes para os dias que a rotina é trabalho e escola”.

Ainda conforme a instituição, “os mirins que estão com jornada de curso presencial no Instituto Mirim,
atividade prática na empresa e turno escolar, estão recebendo o almoço na instituição normalmente”.

Por fim, o Instituto Mirim afirma que “o oferecimento gratuito do aporte nutricional só é possível porque temos produção própria, portanto, com a reforma da cozinha e do refeitório, visando oferecer um melhor atendimento para os beneficiados, os recursos financeiros não são suficientes para fazer a reforma e manter o fornecimento das marmitas”.

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*Editada às 18h27 para acréscimo de nota do Instituto Mirim, enviada após a publicação da reportagem

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