Indefinição marca véspera de posse de 40 conselheiros tutelares em Campo Grande

Edital unificado do CMDCA de 2023 prevê posse em 10 de janeiro, mas Campo Grande ainda não decidiu sobre futuro dos eleitos

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Adriane Lopes (Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Edital do CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) de 2023 previa a diplomação e posse dos novos conselheiros tutelares de Campo Grande em 10 de janeiro de 2024. Porém, na véspera, a prefeitura de Campo Grande ainda não decidiu sobre a posse dos 40 conselheiros eleitos.

Definidos por eleição conforme prevê edital unificado do CMDCA, foram eleitos 40 conselheiros tutelares para atuar em Campo Grande pelos próximos quatro anos. O pleito previa a instalação de três novos conselhos, atendendo à resolução federal de uma unidade para cada 100 mil habitantes.

Porém, na tarde desta terça-feira (9), os 40 conselheiros eleitos, representantes do CMDCA e setor jurídico se reuniram com a prefeita Adriane Lopes (PP). Após horas de discussões, nenhuma decisão foi tomada, apenas a decisão de uma nova reunião na quarta-feira (10).

O impasse está na posse dos conselheiros. A prefeitura alega que não tem local para abrigar os 15 novos cargos e só quer empossar 25 eleitos nesta semana. Já o CMDCA afirma que não há possibilidade de empossar apenas parte dos eleitos, o que comprometeria o pleito, levando a um cancelamento.

Impasse na esfera jurídica

Conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Campo Grande tem 898 mil habitantes, dessa forma, precisa ter oito conselhos tutelares para atender a população. Atualmente, Campo Grande tem apenas cinco conselhos físicos.

Os novos conselhos devem ser criados nas regiões: Prosa, Imbirussu e Anhanduizinho. Em reunião, a prefeitura alega que tem prédios vazios em duas regiões, mas precisaria locar um espaço na região do Anhanduizinho para abrigar um novo conselho tutelar.

Representantes jurídicos participaram da reunião e entendem que a posse de apenas 25 conselheiros eleitos pode levar à impugnação do pleito. Presidente da comissão da criança e adolescente da OAB, Maria Isabella Saldanha, lembra que a lei federal define a posse dos conselheiros tutelares em 10 de janeiro.

“A proteção à criança é prioridade absoluta e a prefeitura está tentando aplicar essa prioridade às situações atuais. Como a eleição foi feita para 40 conselheiros, empossar apenas 25 abre chance para que todo o pleito seja cancelado”, afirma a advogada.

Processo bem definido

“Campo Grande corre o risco de ficar sem conselheiros tutelares, mas estamos trabalhando para que não ocorra a impugnação”, afirma Adriano Vargas, presidente da Associação dos Conselheiros.

Adriano Vargas, presidente da Associação dos Conselheiros (Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Ele alega que desde o primeiro edital publicado em julho de 2023, era prevista a posse de 40 conselheiros tutelares e em nenhum momento a prefeitura questionou o edital. “Fizemos uma contra proposta de empossar os 40 conselheiros, com prazo de 90 dias para implantação dos espaços adequados”, afirma Adriano.

A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, disse em entrevista que sabe da importância dos novos conselhos, mas o município passa por situações financeiras e jurídicas. “Discutimos sobre a posse e nossa proposta é criar um cronograma de execução para implantação dos novos conselhos”, afirma.

Priscilla Peres e Monique Farias, Jornal Midiamax

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