A altura e os galhos majestosos da figueira centenária fizeram história no canteiro da Avenida Mato Grosso, entre a Rua 14 de Julho e 13 de Maio, no Centro de Campo Grande. O que por anos proporcionou a vitalidade, sombra e simbolismo de meio ambiente, dá espaço para a preocupação com o risco de queda, pois uma das centenárias está condenada e com previsão de remoção.

Plantadas em 1920, pelo então prefeito Arlindo Gomes, que era advogado e botânico. Na época, distribuíram as mudas pela Avenida Afonso Pena e Mato Grosso.

Contudo, a figueira condenada está nitidamente morta. Não há mais folhas, os troncos e galhos estão secos. As raízes estão firmes e até extrapola para a calçada. A fuligem cai e é perceptível ao se aproximar. Comerciantes e moradores notam diariamente os galhos caindo, um risco para quem passa ou estaciona próximo.

Majestosa na altura (Alicce Rodrigues, Midiamax)

Figueira se decompondo

Paulo Roberto, comerciante, adianta que não estaciona embaixo da árvore “nem a pau”. Ele diz que grande parte dos comerciantes e moradores entendem a preocupação da queda dos galhos, enquanto o desaviso vem de desconhecidos.

“Se bem que basta olhar para cima e ver como está crítica a condição da árvore. Qualquer vento pode causar um estrago. Em agosto e setembro, geralmente, venta muito e pode acontecer uma tragédia. Há um mês veio uma equipe da prefeitura, até com um profissional de Brasília, acho. Parece que o processo de autorização para retirada já foi concluído”.

Sendo assim, ele relembra que as árvores históricas são tombadas como patrimônio da cidade, por isso, considera-se tentar tratar a figueira e há demora na remoção.

“Mas pelo tombamento delas, deveriam ter mais equipes cuidado de maneira constante, não é o que acontece. Precisa limpar, ao menos, os galhos que são mais frágeis e podem cair com mais facilidade”.

Raízes firmes (Alicce Rodrigues, Midiamax)

‘É uma pena isso acontecer’

A centenária não é uma simples árvore, afinal, está plantada no canteiro antes de muita gente nascer. Campo Grande possui uma das maiores quantidades de árvores na área urbana. Uma funcionária da região comenta que sente a fuligem cair quando se aproxima.

“Eu até disse para minha mãe que está caindo fuligem dos galhos, estão se desfazendo aos poucos. Isso é perigoso, pode cair em algum carro estacionado ou machucar alguém. Recentemente, veio uma equipe da prefeitura para podar as árvores, só essa que não foi”.

Outro funcionário de uma ótica relembra que a árvore proporcionava uma ótima sombra, mas há seis meses vem “morrendo aos poucos” e em quatro meses secou.

“É uma pena isso acontecer. Os galhos estão muito secos e é perigoso. Eu até estaciono do outro lado da via. Quando a equipe de análise veio, pegaram um pedaço da árvore para analisar”.

Envelhecimento natural

A Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) diz que a retirada está na programação da pasta, entretanto, sem indicar uma previsão.

Desde 2017, a pasta realiza anualmente o tratamento fitossanitário nas figueiras (Ficus microcarpa) localizadas no canteiro central da Avenida Mato Grosso. Um trabalho contínuo de manejo que tem por objetivo preservar e proteger a saúde das árvores.

Em abril de 2024, a Semadur realizou mais uma ação de tratamento fitossanitário na árvore mencionada, executando o manejo em duas etapas. Durante a ação, a Semadur realizou a pulverização do óleo de neem durante a noite para controle de pragas como a mosca branca, além da aplicação de macro e micronutrientes, adubos NPK e compostos biológicos via fertilizante organomineral durante o dia para tratar questões nutricionais e fisiológicas das árvores. Portanto, a segunda etapa foi realizada após alguns dias com supervisão técnica pela Semadur.

A Semadur observou a progressão do processo de senescência da árvore mencionada e realizou procedimentos para tentar prolongar sua vida. No entanto, apesar das intervenções, não foi possível evitar a perda de vitalidade, conforme constatado em Parecer Técnico.

Com base no parecer técnico emitido pela Semadur, que identificou a figueira como atendendo aos requisitos da Lei Complementar n. 184/2011, a lei autoriza a supressão de árvores em logradouros públicos e lotes particulares quando seu estado fitossanitário justificar ou quando apresentarem risco iminente de queda, e a supressão da árvore está programada para ser executada.