Em pior junho da história, Mato Grosso do Sul registra mais de 2,4 mil focos de incêndio

Especialistas afirmam que foram pegos de surpresa, mas pior está por vir

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Brigadistas atuam nos focos de incêndio (Foto: Henrique Arakaki/Jornal Midiamax)

Mato Grosso do Sul começa a última semana de junho com o registro de 2.481 focos de incêndio até o dia 23. O montante é o maior número já registrado em junho e se iguala a dados de agosto de 2020, por exemplo, quando as queimadas tomaram proporções históricas.

Os dados de monitoramento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostram o que o Jornal Midiamax viu in loco na semana passada. Equipe de reportagem esteve em Corumbá, cidade com maior número de focos de incêndio do país, e viu de perto a devastação deixada pelas queimadas.

Com os dados até 23 de junho, Mato Grosso do Sul tem média de 107 focos de queimadas por dia no mês. Corumbá acumula 2.141 focos de queimadas em 2024, sendo a cidade do país com maior número de focos.

Os números do Pantanal são similares. São 2.363 focos de incêndio em junho e o final de semana foi de muito fogo no bioma. No dia 23, foram registrados 165 focos, outros 256 focos no dia 22 e ainda 213 no dia 21 de junho.

Números em tempo real do sistema Alerta do Corpo de Bombeiros de MS apontam para 3.973 focos de calor ativos em cinco municípios. São 12,9 mil hectares queimados em um único dia e 107 mil hectares consumidos pelas chamas em 60 dias.

Fumaça tomou conta de Corumbá

corumbá fumaça pantanal

Fumaça é vista de longe (Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Brigadistas que atuam em um grande incêndio na entrada de Corumbá informaram ao Jornal Midiamax que na vegetação há uma condição que intensifica a formação de fumaça, que tomou conta da cidade.

A parte subterrânea tem vegetação seca, mas a parte de cima ainda é de vegetação verde, que aumenta o fumaceiro. A fumaça branca é vista de longe. O foco fica às margens do Rio Paraguai e corumbaenses assistem tristes à queimada. Além disso, o vento ajuda a levar a fumaça para a cidade.

“Eu sei que é prejudicial, mas o brigadista só vai sair do campo quando controlar a situação”. O relato do chefe de Brigada Pantanal do Prevfogo, Anderson Thiago é o retrato da realidade enfrentada por 39 brigadistas que combatem os incêndios do Pantanal atualmente. Calor, baixa umidade, fogo e fumaça dia e noite.

O Pantanal está em chamas, com 1.729 focos de incêndios em junho no Mato Grosso do Sul e 250 focos em apenas um dia. Desde janeiro de 2024, pesquisadores alertam para o período de estiagem no Pantanal, mas o fogo chegou antes do que as equipes de combate esperavam.

Pior está por vir

Profissionais envolvidos no monitoramento dos incêndios no Pantanal alegam terem sido ‘pegos de surpresa’ com o avanço das chamas nesta época do ano. Isso porque, historicamente, o fogo costuma ter o ápice em agosto e setembro.

Porém, com a situação da forma que está – com Corumbá encoberta por fumaça, centenas de animais mortos e mais de 200 mil hectares do Pantanal consumidos pelas chamas –, a descrença em um futuro próximo mais ameno é inevitável.

Reportagem do Jornal Midiamax percorreu o trecho de 450 km entre Campo Grande e Corumbá na quinta-feira (20), rumo ao Pantanal sul-mato-grossense, e acompanhou o trabalho dos brigadistas, rotina da população corumbaense e o avanço do fogo.

Conteúdos relacionados

upa
tempo