Evento que abre a campanha do Agosto Lilás em Mato Grosso do Sul recebeu na tarde desta quinta-feira (8) a delegada Eugênia Villa, da Polícia Civil do Piauí, responsável por criar a primeira delegacia do Brasil especializada em investigar feminicídios.

Com o tema “Mulheres vivas, feminicídio zero”, o evento reuniu representantes das lutas pela segurança da mulher e abordou a importância das políticas públicas nesse sentido. 

“Momentos como esse fazem com que a gente promova diálogos, traga boas práticas e revele caminhos, estratégias, para que a gente possa aperfeiçoar o que estamos fazendo”, avaliou a delegada Villa, pioneira no enfrentamento à violência contra a mulher no Brasil. 

Para ela, encontros como esse e campanhas de conscientização são fundamentais para “apontar nossos erros, nossos entraves, mas também nossas potencialidades para que a gente possa aperfeiçoar”, pontuou.

“Quando são promovidos diálogos interinstitucionais, é possível ver o que está sendo feito e o que poderia ser feito”, completou a delegada.

Trajetória de Eugênia

Delegada Eugênia Villa (Henrique Arakaki, Midiamax).

Piauiense, Eugênia é filha de procuradores do Estado e, atualmente, tem 60 anos. Após trajetória de 15 anos na arquitetura, formou-se em Direito em 1999 e, pouco tempo depois, foi aprovada em concurso público para o cargo de delegada da Polícia Civil do Piauí.

Com mestrado e doutorado na área, criou procedimentos e políticas de combate à violência de gênero dentro da polícia e foi a primeira mulher a ocupar o cargo de corregedora.

“Esses diálogos são imprescindíveis porque não se vence um cenário que é multiforme de forma isolada, só se vence com a atuação da rede em concertação. Não tem como ser de outra forma a não ser assim”, argumenta.

Aumento de medidas protetivas

O evento também contou com a presença da delegada Elaine Benicasa, titular da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) de Mato Grosso do Sul.

De acordo com Benincasa, o mais recente Anuário Brasileiro de Segurança Pública indica diminuição no número de casos de feminicídios em Mato Grosso do Sul, o que é um reflexo do aumento do registro de medidas protetivas, segundo a delegada. 

“Não é só uma estatística estadual, mas nacional. Antes, quase 100% dos feminicídios não tinham medida protetiva”, comentou. 

Para ela, o aumento de medidas é muito significativo e mostra que as mulheres estão, cada vez mais, conscientes da importância e da força desse tipo de medida. 

Principais alvos 

Segundo Manuela Nicodemos, titular da Subsecretaria de Políticas Públicas para Mulheres, do Governo do Estado, mulheres negras e indígenas são as principais vítimas nesses casos.

Na visão da gestora da pasta, os dados poderiam ser ainda maiores. Isso porque ainda há um grande silêncio nas notificações, o que indica subnotificação.

Como denunciar violência contra mulher

No Brasil, o Ligue 180 é um serviço de utilidade pública essencial para o enfrentamento à violência contra a mulher. Além de receber denúncias de violações contra as mulheres, a central encaminha o conteúdo dos relatos aos órgãos competentes e monitora o andamento dos processos.

O serviço também fornece orientação a mulheres em situação de violência, direcionando-as para os serviços especializados da rede de atendimento.