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Cotidiano

Em MS, 50 mil caminhoneiros vivem os desafios e alegrias da vida nas estradas

Entre os maiores desafios da categoria está a permanência na profissão
Liana Feitosa -
Caminhões nas estradas (Foto: Reprodução).

Mato Grosso do Sul emprega cerca de 150 mil trabalhadores no transporte. Desses, 50 mil são motoristas de caminhão. Neste dia 16 de setembro, Dia do Caminhoneiro, o Midiamax conversou com profissionais que vivem os desafios dessa profissão fundamental para a economia do estado e do Brasil.

“A importância dos caminhoneiros é justamente essa, para a economia do país. Até nos momentos de crise que a gente passou, como foi a pandemia, os nossos trabalhadores do transporte tiveram uma importância muito relevante porque eles que levam e trazem o alimento e fazem o transporte de cargas em geral”, explica o presidente do Sindicargas MS, Gilmar Ribeiro. 

Dia do caminhoneiro
Gilmar Ribeiro (Arquivo pessoal)

Ele conta que, atualmente, um dos maiores desafios da categoria é justamente manter esses profissionais na profissão. 

“Até porque falta muita infraestrutura onde eles estão fazendo a sua jornada de trabalho, nas rodovias pelo país. Faltam locais de parada, banho, uma infraestrutura melhor”, detalha Gilmar.

O caminhoneiro Almir Lima da Silva, de 63 anos, endossa a afirmação de Gilmar. Ele começou na profissão em 1981, quando tinha 20 anos de idade. Hoje, 43 anos depois, as adversidades seguem bastante parecidas.

Desafios da profissão

“O desafio é aquela história, né? Todo dia você mata um leão porque as dificuldades da estrada são muito grandes. Nas rodovias você não tem pontos de apoio. Se você para nos postos onde você não abastece, você tem que pagar banho, enfim”, relata o caminhoneiro.

O também caminhoneiro Antônio Carlos Pinto, de 60 anos, pontua que esses fatos fazem parte de uma realidade que sempre existiu. 

Caminhoneiro Antônio Carlos Pinto (Foto: Arquivo pessoal).

“Uma das coisas que falta e sempre faltou, até hoje, é a segurança. Nós não temos segurança nas estradas. Eu dependo de estrada boa, sinalizada, parar em local seguro. A gente muitas vezes chega em posto que tem que pagar para tomar banho. Às vezes você se sente seguro no local, mas aí você vai expulso daquele local porque você não abasteceu ali. Eu já peguei banho de R$ 12 na estrada. É complicado, muito complicado, mas que nem diz a história: só ficam os bons, entendeu?”, relata Carlos.

A segurança também tem a ver com outros motoristas que trafegam nas estradas. “O mais perigoso da rodovia são as pessoas que acham que sabem dirigir, saem para a estrada e não sabem, não entendem nada de trânsito. É o mais perigoso, então eu tenho que dirigir para mim e para os outros. Não é dirigir para mim e para o outro, não, é para os outros mesmo”, argumenta Carlos, que conduz um caminhão-tanque, que transporta combustível. 

“Tem muita irresponsabilidade e também tem muita falta de respeito. Muita gente não tem respeito com a gente, nós motoristas. Tem pessoas que enxergam a gente sempre por baixo, sempre sendo menos, e não é verdade isso aí”, compartilha Carlos.

“Tenho 42 anos como motorista profissional e falo para você: tenho muitas conquistas sendo caminhoneiro. Então, sou muito feliz no que eu faço”, completa.

Segundo o presidente do Sindicargas MS, a infraestrutura é uma questão recorrente. “Muitas rodovias têm muito buraco, rodovias sem condições de acostamento. Isso gera muito risco para eles, então eles enfrentam muito perigo”, complementa.

Além de tudo isso, ainda há a escassez de mão de obra. “A gente está numa profissão que, se não cuidar dela, vai ser uma profissão escassa. Por quê? Porque o filho desse motorista hoje, não vai ser motorista no futuro”, explica. 

De acordo com o representante, para tentar sanar esse gargalo, foram criados programas de incentivo à categoria para que ela permaneça mais tempo ativa, e também mantenha o interesse em ser motorista de caminhão.

Modernidade e tecnologia

Enquanto a infraestrutura das estradas continua sendo um desafio e parece avançar a passos muito lentos, os caminhões, por sua vez, que são o instrumento de trabalho desses profissionais, estão cada vez mais modernos e sofisticados.

Parte interna do moderno caminhão DAF XF Super Space Cab (Foto: Divulgação).

“Os caminhões passaram por mudanças, são modernos, têm computador de bordo. Também temos smartphones que controlam a jornada de trabalho, câmeras ligadas nos veículos”, conta Gilmar.

“Dependendo da atividade, se for transporte de combustível, a maioria tem câmeras instaladas pelo caminhão para controlar a fadiga e toda a movimentação do caminhoneiro, se ele faz uso de celular ou não, etc.”, completa.

Ele detalha que a maioria dos profissionais já está acostumada com essas tecnologias, se adaptaram às mudanças, e até mesmo motoristas mais antigos também estão fazendo essa transição para os caminhões modernos.

“Hoje a diferença é que os caminhões estão muito confortáveis, muito modernos, não é igual antigamente que não tinha a modernidade que tem hoje, não tinha ar-condicionado, não tinha veículo automático, não era nada disso. Era tudo um sistema rústico. Mudou muita coisa e quanto a isso melhorou muito”, expõe Almir. 

Satisfação

Apesar das dificuldades e da falta de infraestrutura, a satisfação de “estar no trecho” parece se sobrepor entre esses profissionais, e os relatos de apreço pela profissão se multiplicam. “A gente fica muito feliz por ter essa profissão maravilhosa”, diz Carlos.

No caso de Almir, mesmo aposentado há 10 anos, não pensa em deixar a profissão nos próximos 5 ou 10 anos. “Já estou aposentado, mas ainda estou trabalhando. Estou com saúde, não tem como parar. É uma profissão que eu aprendi e estou até hoje”, afirma.

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