Doação de medula óssea começa com sim que salva e transforma vidas de quem recebe e doa

Professor de Campo Grande conseguiu doação de medula óssea de Luiz, que mora em Curitiba e estava na lista do Redome havia mais de dois anos

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Doação transformou doador e receptor em irmãos de sangue (Foto: arquivo pessoal)

Poder de transformar vidas. Parece ousado, mas é mais simples do que se imagina. Esse é o entendimento que Luiz Eduardo Pereira de Andrade, de 31 anos, sentiu quando foi convidado a dar continuidade no processo de doação de medula óssea, mais de dois anos depois de se cadastrar no Redome (Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea), em Curitiba – a cerca de 980 quilômetros de Campo Grande.

O dia em que aceitou se voluntariar e assinou um documento básico, sem complicações, ou burocracias, preenchido – naquele momento – despretensiosamente, Luiz ainda não tinha ideia de que estava prestes a mudar de vida para sempre.

“Eu doava sangue no hospital de clínicas de Curitiba já fazia algum tempo. E numa dessas doações eu fui convidado a ser doador de medula óssea. Foi uma coisa bem informal e aceitei. Passado uns dois anos o Redome me ligou para informar que tinha uma compatibilidade”, lembra.

Depois disso, começou a fazer exames para saber as condições de saúde. Com os resultados favoráveis, Luiz foi questionado mais uma vez se queria seguir com o processo. Ele garante que esse segundo, sim, mudou a percepção de como ‘enxergava’ a vida.

“Mudou muita coisa depois que fiz esse transplante porque a vivência nos hospitais faz com que a gente saia dessa bolha e perceba que tem muita gente, muitas famílias enfrentando problemas sérios de saúde e essa sensação de saber que você pode ajudar alguém a sair dessa situação problemática é o que muda o nosso jeito de pensar e faz com que a gente passe a ser grato as coisas simples da vida”, ressalta.

Segunda chance

E a medida em que Luiz se dispunha a ajudar, em Campo Grande, a história do professor de biomedicina, Carlos Alberto Rezende – diagnosticado, em agosto de 2015, com aplasia medular severa – mudava. As chances de estender a jornada da vida cresciam e algo que parecia ‘impossível’ ficava cada vez mais próximo de ser concretizado.

“A gente não espera esse dia. Não alimentamos essa esperança para que a gente não se frustre. Quando vivi essa ansiedade de esperar um doador – o que era quase impossível – eu vivia dia a dia com alegria por ter uma nova oportunidade, um novo dia, e com intensidade porque poderia ser o último”, relata.

O apoio da família, amigos e, principalmente, da esposa,Tatiana Amorim de Deus, que na época ainda era namorada do professor Carlão, como é chamado -, foi fundamental em todo o processo, desde o descobrimento da doença, até o transplante em novembro de 2016.

“Quando fui diagnosticado eu fiz uma escolha de lutar pela vida e a minha escolha reflete em escolhas de quem está ao meu lado. Na época eu e minha esposa namorávamos há um ano. Disse que ela não precisava ficar comigo porque era uma luta que eu iria travar e a chance de que eu perderia era gigantesca. Não queria que ela se sentisse obrigada a passar por isso, mas ela escolheu permanecer comigo”, frisa.

Professor Carlão durante internação (Foto: arquivo pessoal)

Projeto de gratidão

O professor conta que quando descobriu a doença fez o compromisso de ajudar outras vidas. E assim, pouco tempo depois iniciou o Instituto Sangue Bom, que desde então, realizou mais de 4.800 ações de solidariedade.

“Dentro do leito do hospital ainda, sem saber qual doença que eu tinha, firmei um compromisso de gratidão. Independente do que fosse acontecer pela frente, enquanto vida tivesse, eu iria me dedicar às doações de sangue e de medula óssea. Assim, fundei o projeto Sangue Bom”, explica.

Além de realizar ações voltadas à conscientização sobre a importância de doações, tanto de sangue, quanto de medula óssea e órgãos, o projeto também incentiva a prática de esportes, a fim de promover qualidade de vida, prevenir doenças, estreitar vínculos e disseminar a empatia.

“É um projeto de amor que exige muito trabalho e dedicação. Quero transformar Campo Grande no maior centro de cadastro de medulas do país. Trabalho incansavelmente para isso e quanto maior o número de pessoas alcançadas, maiores as chances de um doador compatível”, destaca.

Professor Carlão e Luiz Eduardo na Corrida de São Silvestre, em 2021 (Foto: arquivo pessoal)

Irmãos de sangue

Cerca de três anos após o transplante, doador e receptor puderam pedir a quebra de sigilo para se conhecerem. O encontro entre os “irmãos de sangue” – como se chamam – estreitou ainda mais o vínculo e fortaleceu os projetos de atrair novos voluntários para a causa.

“Quando encontrei o professor Carlão e a mulher dele, comecei a pensar que hoje ele está vivo por um gesto de doação. Parece simples, mas é algo gigantesco. É incrível pensar que hoje alguém está vivendo sua rotina devido a uma coisa que era sua. Minha mensagem é que as pessoas se movimentem para isso porque é uma coisa grandiosa que a gente pode deixar para outras pessoas e que muda uma família inteira, não apenas quem recebe”, observa.

E para quem teve a vida devolvida por meio da doação de medula óssea a mensagem que fica é: tenha empatia e disponha-se!

“Biologicamente, na ciência isso tudo é prova de que somos da mesma espécie. Espiritualmente, independentemente da fé que você professe, é prova evidente que somos uma grande família. Somos irmãos e irmãs e existe nesse lado uma grande curiosidade, a existência de um ser superior. Por mais tecnologia que a gente tenha no nosso dia-a-dia, não é possível produzir sangue artificialmente. O sangue é produzido por organismos individuais é o mesmo em todos os indivíduos da espécie humana, mas o sangue de um cidadão só pode salvar o outro quando alguém se incomoda com a situação desfavorável do próximo. Isso é empatia, mas não é apenas se incomodar, é preciso ter atitude”, conclui.

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