Dificuldade de acesso, falta de chuvas e calorão favorecem 3,2 mil focos de incêndio no Pantanal
Bombeiros, brigadistas e militares atuam em força-tarefa pelo 115° dia na região pantaneira
Karina Campos –
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A força-tarefa de combate aos incêndios no Pantanal completa 115 dias nesta quinta-feira (25). A atualização do boletim semanal, divulgada pelo Governo do Estado, indica que a área queimada é de 606.975 hectares e foram registrados 3.284 focos de calor desde janeiro deste ano. A falta de chuvas, dificuldade de acesso e calor acima da média favorecem o aumento dos danos no bioma.
Os dados do Lasa-UFRJ (Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro) mostram que a área queimada é 2.397,8% maior em comparação com 2020, quando foram queimados 293.900 hectares, no período de 1º de janeiro a 23 de julho deste ano.
Já os focos de calor aumentaram de 212 no ano passado para 3.284 neste ano, um aumento de 1.449,1%, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Em comparação com 2020, que teve 2.751 focos de calor, a alta é de 19,4%.
Combate diário
O subcomandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Adriano Noleto Rampazo, informou que há quatro policiais militares, oito militares de Goiás da Liga Nacional de Bombeiros, um policial federal, 12 militares do Exército Brasileiro, dois da Força Aérea e 20 da Marinha do Brasil, além de três integrantes do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) envolvidos na força-tarefa.
“A Liga Nacional chegou aqui na segunda-feira e na terça-feira à noite já estava em combate na região de Maracangalha, onde a travessia do rio foi um desafio. Hoje eles se dirigem para outro grande foco de incêndio em Nhecolândia, originado após um caminhão pegar fogo. Hoje estamos enviando 15 militares de helicóptero da Marinha, cinco viaturas para o grande combate de hoje”.
Rampazo mencionou que a semana anterior teve menos focos devido a uma breve chuva e queda nas temperaturas, mas nos últimos dias, o aumento dos casos mobilizou várias frentes de combate, especialmente em Corumbá.
“Bombeiros do Paraná chegaram ontem em Campo Grande e já estão a caminho de Corumbá, devendo chegar hoje. O Ibama também está auxiliando com uma aeronave da Força Aérea Brasileira. Hoje há um grande foco próximo ao Parque Estadual de Rio Negro. Na semana passada, houve um combate intenso na região do Rabicho, que já está controlado e em fase de monitoramento”.
Neste novo local, o comandante da operação prevê três dias de atuação das equipes. A chegada ao local é complicada devido a serras, áreas de mata e planícies alagadas, tornando o uso de aeronaves essencial.
“Passamos o dia inteiro ontem tentando chegar; uma viatura da Força Nacional quebrou e algumas de nossas viaturas ficaram atoladas. Pedimos tratores para ajudar, mas só chegaram ontem à noite. Por isso, mobilizamos mais militares de Corumbá que estavam no incêndio em Maracangalha e fomos de helicóptero para melhorar nossa mobilidade”.
Alto risco de incêndios
A meteorologista e coordenadora do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima) adiantou que a situação tende a piorar devido às péssimas condições de tempo estável, seco e temperaturas acima da média. Até o próximo domingo (28), as temperaturas máximas variarão de 34 a 37°C, com umidade relativa do ar entre 10% e 30%, condições favoráveis para ocorrências de incêndios florestais.
“Esperamos temperaturas altas. Ontem, Corumbá registrou umidade de apenas 14%. Segundo o mapa do Lasa, o risco de incêndio varia de muito alto a extremo, sendo os piores dias previstos para 27 e 28 de julho. A previsão para os próximos dias, segunda (29) e terça-feira (30), indica a chegada de uma frente fria com aumento da nebulosidade e leve queda nas temperaturas, mas a chance de chuva é apenas para Porto Murtinho”.
Para o trimestre de julho a setembro, as informações permanecem em alerta, devido à alta probabilidade de incêndios, especialmente em Bonito, Dois Irmãos do Buriti e Camapuã.
Resgate da fauna
Arthur Falcette, secretário-executivo de Meio Ambiente, explicou que o Gretap (Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal) continua atuando nas áreas atingidas e em outras com risco de queimadas.
“Hoje, a atuação acontece em duas grandes frentes: o fornecimento de alimentos e o afugentamento da fauna. A equipe acompanha as colunas de fogo, prevê a movimentação dos animais e realiza o afugentamento preventivo. É importante destacar a importância dos aceiros, tanto criados pelos bombeiros quanto pelos proprietários, que servem como corredores para a fauna escapar durante os incêndios”.
“Nas áreas já queimadas, fornecemos alimentos básicos, pois o fogo consome a biomassa disponível, prejudicando a alimentação dos animais. O Gretap fornece essa nutrição básica para que possam se sustentar até que a área se regenere e o ecossistema se recupere”.
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