Defesa alega distúrbio mental e pede soltura de ‘Acumulador da Rua Planalto’
Morador foi preso no dia 13 de agosto por bloquear calçadas com pilhas de lixo
Clayton Neves –
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A defesa de José Fernandes da Silva, de 54 anos, conhecido como o ‘acumulador da Rua Planalto’, pediu à Justiça que o morador seja posto em liberdade e submetido a exames que avaliem suas condições psiquiátricas. No pedido, o advogado alega “perceptível distúrbio mental ou psicológico, que evidencia insanidade”.
No dia 13 de agosto, José foi preso em flagrante após, mais uma vez, ser flagrado bloqueando ruas com pilhas de lixo descartado irregularmente ao redor da casa onde mora. O morador teve prisão preventiva decretada e foi necessário um mutirão de limpeza para retirar todo o entulho acumulado.
“A família, já tentou por inúmeras vezes um atendimento médico do acusado, porém o mesmo se recusa a consultar um médico, porém o mesmo apresenta um quadro de esquizofrenia, bipolaridade e depressão, e necessita da realização do exame de insanidade mental”, detalha o pedido feito ao juiz da 3ª Vara Criminal de Campo Grande.
A defesa ainda alega que o problema é agravado pelo uso de drogas e álcool, e que manter José Fernandes detido pode acentuar a situação psicológica e oferecer risco ao morador. Por isso, o pedido é para que “exames sejam realizados por médico perito para a devida avaliação médica e internação e após que seja concedida a liberdade provisória do acusado mediante a imposição de medidas cautelares”.
O pedido foi encaminhado para análise do Ministério Público no dia 27 de agosto e o prazo para emissão do parecer do MPE é de 10 dias.
Entenda o caso
Quase um mês atrás, José aceitou conversar com o Jornal Midiamax para explicar o motivo de suas ações.
Ele contou que tudo começou em 2006, quando recebeu uma notificação judicial de desapropriação de seu terreno de 1 mil metros quadrados, localizado entre a Rua Rolândia e a Avenida Fábio Zahran.
Segundo ele, a área foi desapropriada para a construção da Avenida Fábio Zahran, que naquela época, era chamada de Via Morena.
A princípio, mesmo discordando da decisão, José concordou com a desapropriação, desde que houvesse garantias de que ele receberia um novo terreno ou o valor correspondente à área desapropriada.
“Eu disse que saía desde que me dessem uma área em outro lugar, ou me pagassem o valor que o terreno valia. Um oficial fez o levantamento e disse que valia apenas R$ 106 mil, isso não pagava nem o que investi no terreno. Depois chegaram com caçamba e destruíram tudo, até mataram meus animais”, relatou José ao repórter Clayton Neves.
Indignação
Mesmo sem saber ler, ele sabia que o valor estava muito aquém do esperado. Quando o local foi oficialmente desapropriado, ele já morava há um ano na casa localizada na Rua Planalto.
O processo se arrastou por anos, durante os quais José começou a realizar protestos para chamar atenção para seu caso.
No entanto, o impasse persistia sem solução até 2023, quando encontrou uma nova maneira de chamar atenção para o problema.
“Tentei de tudo. Fazia várias manifestações, mas nunca deram moral. Cheguei a ser expulso da prefeitura. Até então, sempre mantive minha casa muito bem cuidada, o jardim era impecável, as crianças brincavam e a manutenção era recorrente”.
‘Minha casa não era assim’
Aos poucos, José sucumbiu e, como último recurso, iniciou os protestos em frente à sua casa na Rua Planalto.
Primeiro, fixou uma faixa na frente da residência, onde relatava que teve seu terreno desapropriado e não recebeu compensação por isso. Em seguida, começou a espalhar lixo e objetos pela calçada.
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