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Cotidiano

Consórcio Guaicurus merece aumento da passagem? O que diz quem anda de ônibus em Campo Grande

O Consórcio Guaicurus, responsável pela concessão, está em guerra judicial pelo reajuste anual e a recomposição da tarifa, que acontece a cada 7 anos
Priscilla Peres, Clayton Neves -
(Foto: Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)

está às vésperas de ter um reajuste na tarifa do transporte público, mas quem pega ônibus todo dia reclama do preço e principalmente da qualidade do serviço oferecido. Falta de ar condicionado, superlotação, tempo de espera e precariedade dos ônibus são alguns dos ‘perrengues’ enfrentados pelo usuário todos os dias.

O , responsável pela concessão, está em guerra judicial pelo reajuste anual e a recomposição da tarifa, que acontece a cada 7 anos. Recentemente, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu manter o reajuste anual, mas suspender a outra.

A revisão dos 7 anos poderia implicar em um aumento anual de R$ 63 milhões nos lucros do Consórcio, conforme apontou em parecer o procurador municipal de Campo Grande, Arthur Leonardo dos Santos Araújo.

Consórcio Guaicurus merece aumento da passagem?

O Jornal Midiamax foi às ruas ouvir quem de fato tem propriedade no assunto, a população que depende do transporte público para ir e vir. E as reclamações são variadas. Para quem depende de ônibus, o Consórcio Guaicurus está bem longe de merecer um aumento na passagem.

Antônio Pereira de Oliveira Filho

“Para que aumentar, já está matando todo mundo. O consórcio não merece aumentar, tem é que baixar o preço. Esse povo ganha dinheiro, mas a gente anda no ônibus, sem ar-condicionado, quando chove molha, criança e idosos passando mal, eles só veem o lado deles. Tem que ganhar o deles, mas tem que respeitar o pobre. Uma capital como Campo Grande e nós não temos pessoas dignas para ver isso aí”.

Marcia de Souza

“Acho que não merece aumentar, está muito bom como está. Não precisa aumentar mais não. Para mim, as coisas estão muito difíceis, sou aposentada, recebo pouco, já tenho um monte de coisa para pagar, daí você quer sair e não tem dinheiro”.

Marineide Martinez

“Quase não ando de ônibus, mas acredito que o preço acompanhou a inflação e o aumento natural das coisas. Mesmo assim, o valor está bom e se subir mais, vai ficar pesado para quem anda de ônibus”.

Antônio Welson

“Uso mais Uber, porém acho interessante que se tenha uma passagem do transporte público com valor acessível. Se tem aumento, tem que ter uma boa justificativa para isso. Valor atual é bem alto para quem depende e precisaria de uma justificativa”.

Martina Palácios

“Está muito caro, não tem conforto, muito difícil, principalmente nos horários de pico”.

Andréia Luiza

“Consórcio Guaicurus não merece esse aumento, os trabalhadores que dependem do ônibus não tem tanto aumento salarial para arcar com a tarifa de ônibus”.

Claudia Cuter

“Se o aumento trouxer benefícios para quem utiliza, a pessoa vai estar pagando pelo conforto, mas se não apresentar melhoras e continuar a mesma situação, com demora e os ônibus precários, vai sacrificar ainda mais os usuários”.

Julieta Spiler

“Acho que o consórcio não tem que aumentar por que não tem ônibus suficiente para os trabalhadores irem para trabalhar, fora a situação dos terminais, onde não se encontra informações. A passagem tem que baixar mais ainda, por porque em Campo Grande o transporte é muito ruim”.

Ouvídio Roja

“Não tem que aumentar por que o da população é pouco e se for assim o pessoal nem consegue subir no ônibus mais”.

Higor Milan

“Na situação que está o transporte, não tem que aumentar. Está muito complicado”.

Armênio Ramão

“Tenho gratuidade, mas vejo o aumento como muito pesado para os usuários, porque o preço já está complicado de se pagar”.

Reunião com ‘chefão’ do Consórcio

Integrante da família Constantino, apontada como verdadeira dona do Consórcio Guaicurus, deve vir a Campo Grande para negociar com a prefeitura o aumento da tarifa do transporte público. Empresa e município travam uma briga judicial sobre o reajuste da tarifa às vésperas da revisão anual.

Ao Jornal Midiamax, o presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, Carlos Augusto Borges, o Carlão do PSB, disse que “Paulo Constantino Neto está vindo para uma reunião com a prefeitura, a Agereg, o Consórcio e a Câmara”. A reunião deve acontecer na próxima semana, mas ainda não tem data exata.

“O Paulo Constantino Neto é o neto do dono da empresa, o presidente do consórcio. Ele é o que tem a maior parte. É o dono da Gol”, disse o vereador. Apesar da fala, não há registros oficiais sobre a posse da família Constantino sobre o Consórcio Guaicurus.

Delação de 2017, revelada em 2019 pelo Midiamax, apontou a família Constantino como verdadeira dona do Consórcio Guaicurus. A delação foi feita pelo advogado Sacha Reck, que ajudou os empresários interessados na concessão do transporte público em 2011 e 2012 em Campo Grande.

Delação revelou fraude a licitação

A licitação que entregou o contrato milionário do transporte coletivo urbano de Campo Grande foi direcionada para o Consórcio Guaicurus vencer. A fraude foi detalhada pelo advogado que ajudou os empresários, Sacha Reck, em acordo de colaboração com o Ministério Público do que se tornou público em 2017. A delação foi obtida com exclusividade pelo Jornal Midiamax.

Um dos responsáveis pela formação do Consórcio Guaicurus, o advogado paranaense confirmou que houve direcionamento na licitação do contrato dos ônibus de Campo Grande, realizada em 2012, no final da gestão de Nelson Trad Filho (PSD) como prefeito.

Na delação, Reck relata que atuou, na capital de Mato Grosso do Sul, com o mesmo esquema utilizado em diversas cidades do país para fraudar licitações dos serviços de ônibus em cidades brasileiras. Fora de MS, as investigações caminharam e Sacha já foi condenado por improbidade no Distrito Federal.

De acordo com investigações do Ministério Público do Paraná, o esquema funcionava de modo que tudo era combinado entre empresários, advogados e funcionários públicos. Eles definiam em conjunto como seria o texto dos editais de licitação para garantir a vitória das empresas que faziam parte da fraude.

Guerra judicial por reajuste

Há meses tramita na Justiça um processo entre o Consórcio Guaicurus e a Agereg, para reajuste da tarifa do transporte público de Campo Grande. Ainda em fevereiro, as partes precisam decidir sobre o reajuste anual da tarifa.

São dois reajustes em disputa. Um que deve aumentar o valor real da tarifa de ônibus para os usuários e até o momento está mantido e outro que é referente a um período contratual de 7 anos.

O que a Agereg relata é que o Consórcio teve lucros nos últimos 7 anos, ao contrário do que alega. “Importante frisar que desde 2019 o Consórcio Guaicurus alega prejuízos com a pandemia da COVID-19 e diminuição de passageiros, além disso, deixou de cumprir cláusulas contratuais, acarretando óbice à revisão dos primeiros 07 (sete) anos do contrato”, pontua a Agência na contestação.

“Assim, esta AGEREG realizará a revisão contratual no próximo ciclo, que se encerrará em 2026, considerando os lucros que o Consórcio obteve no período dos primeiros 07 (sete) anos da execução do contrato, bem como os alegados prejuízos e descumprimentos contratuais do Consórcio, mesmo porque, caso ocorra, a revisão considerando o primeiro ciclo do contrato trará efeitos negativos ao Consórcio”.

Entenda o caso

No começo deste mês de fevereiro, decisão do presidente do TJMS, desembargador Sérgio Fernandes Martins, suspende a recomposição da tarifa que ocorre a cada 7 anos. No entanto, mantém o reajuste anual, que deve acontecer.

Na decisão, o desembargador aponta que a Agereg é acusada pelo Consórcio Guaicurus de descumprir o contrato, no termo do reajuste da tarifa, que tem como data-base o mês de outubro.

Também é citado o acúmulo mensal de déficit tarifário. A partir disso, o desembargador cita a decisão do juízo da 4ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos que deferiu parcialmente a tutela, determinando o reajuste da tarifa.

Essa decisão de primeiro grau chegou a ser suspensa pelo desembargador Eduardo Machado Rocha, que depois retrocedeu e manteve a determinação. A Agereg chegou a citar que “não há desequilíbrio econômico-financeiro a ser corrigido”.

Também conforme o Município, a decisão de reajuste causará grave lesão à ordem e à economia públicas.

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