Às vezes no olho, em um lado só do rosto, na nuca, ou na cabeça inteira. A dor de cabeça é o sintoma médico mais comum que indica que algo no organismo não vai bem. Como podem ser divididas em algumas categorias, terão diferentes tipos de tratamento. E é isso, portanto, que faz os olhares se voltarem ao sintoma. Afinal, sentir dor não é normal.

Não é à toa, portanto, que existe um dia dedicado ao combate a essa dor: neste domingo (19), a comunidade médica levanta a bandeira do Dia Nacional de Combate à Dor de Cabeça, que inclui desde aquela dorzinha chata que aparece de vez em quando até casos mais sérios. Muitas vezes, as pessoas ignoram essa dor, mas afeta muita gente em todo lugar.

“A dor de cabeça mais comum é a do tipo tensional, que geralmente está relacionada com estresse emocional ou má postura, como ficar com a cabeça ou pescoço inclinados. Às vezes, pode ser causada por problemas na articulação da mandíbula, chamada de ATM ou DTM”, disse o médico neurologista Lucas Moura.

Duas categorias, diversas causas

O profissional explica ao Jornal Midiamax que dores de cabeça têm duas categorias. A primeira delas é a primária, quando o sintoma principal são episódios recorrentes de dores de cabeça – como enxaqueca e cefaleia do tipo tensional.

A mais comum é a enxaqueca, que pode ser hereditária ou desenvolver-se ao longo da vida, uma alteração na atividade elétrica e química do cérebro e dos vasos sanguíneos, que causa vários sinais e sintomas, incluindo algo chamado de aura, que são sintomas focais.

“Por exemplo, numa enxaqueca com aura retiniana, a pessoa vê luzes cintilantes; numa enxaqueca com aura visual, há uma região de perda de visão; numa enxaqueca hemiplégica, perde-se a força muscular numa metade do corpo; numa enxaqueca sensorial, pode haver formigamento em várias partes do corpo; a enxaqueca labiríntica, conhecida como migrânea, causa sintomas semelhantes à labirintite”, afirmou Moura.

O médico também fala sobre dores faciais, como a nevralgia do nervo trigêmeo, que afeta a sensação na face durante a mastigação, e a nevralgia do nervo occipital, que causa dores intensas na parte de trás da cabeça.

Mas há, também, as dores de cabeça secundárias, que são sintomas de uma outra doença, seja neurológica ou sistêmica, como meningite, dengue ou tumor cerebral.

Assim, portanto, torna-se essencial diferenciar entre dor de cabeça primária e secundária. A causa da dor de cabeça secundária normalmente precisa ser investigada através de exames adicionais.

“São aquelas causadas por doenças crônicas ou problemas de saúde, como a Covid, dengue, zika ou sinusite. Também inclui aneurisma, tumor cerebral e outras infecções, como a meningite”, exemplificou o neurologista.

Quando procurar ajuda médica? 

A médica Fernanda Torraca explica que a Classificação Internacional das Cefaleias descreve mais de 350 tipos de dores de cabeça na literatura médica, que atingem mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo.

Segundo ela, a cefaleia impacta na qualidade de vida das pessoas, ao passo que é uma das principais causas de incapacidade, diminuição da produtividade no trabalho e consequentemente reduz a qualidade de vida dos pacientes.

“É importante avaliar sempre o impacto nos aspectos pessoais, familiares, sociais e profissionais na vida do paciente com dor crônica. Diante disso, a principal intervenção é a profilaxia das crises e tratamento adequado da cefaleia”, explicou.

Neste caso, ela orienta que o paciente busque a medicina da dor, que é uma especialidade médica dedicada ao alívio e tratamento da dor aguda e crônica, visando melhorar a qualidade de vida dos nossos pacientes.

“Eu sempre enfatizo aos meus pacientes que sentir dor não é normal, por isso a importância em procurar ajuda de um médico especialista”, alerta.

Os perigos da automedicação

Se alguém tem dor de cabeça mais de três vezes por mês, durante três meses seguidos, é importante procurar ajuda de um médico especialista. Não é recomendado tomar remédios por conta própria, pois isso pode fazer com que a dor de cabeça se torne um problema constante.

O acesso a informações médicas na internet aumenta o risco de autodiagnóstico e da automedicação, cada vez mais frequentes.

“Mas lembre-se que ingerir medicamentos sem acompanhamento médico adequado pode gerar consequências graves como: intoxicação, interação medicamentosa, reação alérgica, dependência e resistência aos medicamentos, além de mascarar o diagnóstico correto da sua doença”, disse a médica Fernanda Torraca.

Embora não haja uma cura definitiva, é crucial ter acompanhamento médico e cuidados adequados para melhorar a qualidade de vida de quem sofre com essas dores. O tratamento preventivo envolve usar uma combinação de remédios e terapias que não envolvem medicamentos.

Além disso, existem métodos alternativos que podem ajudar a aliviar a dor e reduzir a frequência das crises, como por exemplo, alongamentos, meditação, sono regulado, alimentação regrada, atividades físicas e outros.

Dados sobre dor de cabeça no Brasil

Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia, a dor de cabeça é muito comum, afetando cerca de 94% dos homens e 99% das mulheres ao longo da vida. Nos consultórios médicos, é a terceira queixa mais comum, ficando atrás apenas de infecções respiratórias e problemas digestivos. 

Nas unidades de saúde, é responsável por 9,3% das consultas não agendadas, e nos consultórios de neurologia, é a razão mais frequente de consulta. Pacientes com dor de cabeça representam 4,5% das consultas de urgência, sendo a quarta razão mais comum para procurar atendimento nessas unidades. 

Além disso, há um protocolo nacional para diagnóstico e tratamento de dor de cabeça em unidades de urgência no Brasil, que pode ser útil para orientar o tratamento.