Cemitério de animais: Grupo contabiliza centenas de espécies vítimas do fogo no Pantanal

Grupo inicia uma missão no entorno de Corumbá e Ladário para levantar dados e resgatar animais feridos pelo fogo

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
animal
Animais mortos na BR-262 (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

O Gretap (Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal) contabilizou durante levantamento na manhã desta quinta-feira (20) centenas de animais mortos por conta dos incêndios que assolam o Pantanal, em Corumbá.

Os especialistas percorreram a a Estrada Parque Pantanal até o Porto Manga, segundo a Coordenadora Operacional do Gretap, Paula Helena Santa Rita, para cobrir a área afetada pelo fogo e identificar fauna afetada.

“Nós percorremos por onde o fogo passou para ver quais animais morreram queimados e quais ainda estão feridos para serem resgatados. A maioria são anfíbios, répteis, algumas aves e até peixes”, explica.

animal
Jacaré cabonizado (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Reportagem do Jornal Midiamax percorreu o trecho de 450 km entre Campo Grande e Corumbá nesta quinta-feira (20), rumo ao Pantanal sul-mato-grossense e encontrou diversos animais carbonizados na BR-262.

Paula relata que na Bahia Seca o fogo cercou o local e aqueceu a água. Com isso, dezenas de peixes boiando mortos. Segundo a coordenadora, em 2020 – ano trágico para o Pantanal – os animais dali passaram pelo mesmo.

“Foi identificado um jacaré adulto que tinha 12 animais próximos; lagartos, anfíbios e serpentes”, relata. Mas o que chamou mais atenção de Paula foi uma família de Emas, que andava pelas cinzas em busca de algum alimento, já que não tinham como fugir para outro lugar.

animais
Equipe do Gretap (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Missão

O grupo inicia uma missão no entorno de Corumbá e Ladário para levantar dados e resgatar animais, de barco. Paula explica que muitos animais, ao fugir do fogo, procuram por um curso d’água, como o jacaré citado anteriormente.

A missão deve durar sete dias e conta com sete integrantes, entre técnicos, biólogos e médicos veterinários. Os animais resgatados serão encaminhados para atendimento em Corumbá e os casos mais graves serão avaliados e enviados para tratamento no CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande.

animais
Equipe do Gretap (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Questão de sobrevivência

Paula ainda observou que animais domésticos e animais silvestres têm sido vistos juntos pelo único propósito de sobreviver aos incêndios. “É um instinto de sobrevivência”, ressalta.

Porém, esse contato – do ponto de vista biológico – é ruim pois pode propagar doenças para ambos os lados: animais de produção e silvestres.

Além disso, a coordenadora avalia que as queimadas realmente se anteciparam em 2024. Como comparação, citou 2020, que em junho ainda não tinha a situação que Mato Grosso do Sul tem vivido.

animais
Equipe do Gretap (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

No entanto, para Paula, o número de animais incinerados ainda é inferior ao registrado em 2020. “Isso mostra uma mudança de comportamento dos animais e também da população local”, avalia. Segundo ela, os aceiros construídos pela população tem sido usado pelos animais como corredor de fuga.

Cemitério de animais

Na BR-262, rodovia que dá acesso a Corumbá, dezenas de animais mortos atropelados na pista são o retrato de que a interação entre homem e natureza está distante do equilíbrio que se espera.

Pela estrada, cercada por vegetação nativa, placas de trânsito alertam sobre a presença de quem sempre esteve ali. ‘Dirija com atenção, risco de animais na pista’, alerta a placa, em vão.

Fumaça tomou contra de Corumbá

Brigadistas que atuam em um grande incêndio na entrada de Corumbá informaram ao Jornal Midiamax que na vegetação há uma condição que intensifica a formação de fumaça, que tomou conta da cidade.

A parte subterrânea tem vegetação seca, mas a parte de cima ainda é de vegetação verde, que aumenta o fumaceiro. A fumaça branca é vista de longe. O foco fica às margens do rio Paraguai e corumbaenses assistem tristes a queimada. Além disso, o vento ajuda a levar a fumaça para a cidade.

“Eu sei que é prejudicial, mas o brigadista só vai sair do campo quando controlar a situação”. O relato do chefe de Brigada Pantanal do Prevfogo, Anderson Thiago é o retrato da realidade enfrentada por 39 brigadistas que combatem os incêndios do Pantanal atualmente. Calor, baixa umidade, fogo e fumaça dia e noite.

O Pantanal está em chamas, com 1.729 focos de incêndios em junho no Mato Grosso do Sul e 250 focos em apenas um dia. Desde janeiro de 2024, pesquisadores alertam para o período de estiagem no Pantanal, mas o fogo chegou antes do que as equipes de combate esperavam.

Conteúdos relacionados

grávida
corumbá