O trecho da BR-163 que foi atingido pela água do lago onde houve o rompimento da barragem, entre Campo Grande e Jaraguari, deve ficar parcialmente interditado por pelo menos 12h por conta dos danos estruturais provocados pelo incidente.

Conforme a PRF (Polícia Rodoviária Federal), a estimativa para que a pista sul da rodovia continue funcionando no sistema de pare-e-siga é de 12h, mas tudo vai depender da avaliação dos técnicos da CCR-MS Via, concessionária que administra a BR-163.

A pista foi liberada duas horas após a interdição total da rodovia por conta da passagem da água. A orientação da PRF é que veículos que precisam passar por vias pavimentadas aguardem na BR-163. O tempo varia conforme a demanda, segundo a CCR.

Orientações aos motoristas

Além disso, existe uma estrada não-pavimentada entre os km 495 e km 511, que pode ser usada em caso de emergência. “Nós aconselhamos que tenha paciência e aguarde. A medida que eles verificarem e as obras que já estão sendo iniciadas ali tiverem condições, vai ampliando o espaço de forma que a gente consiga liberar nos dois sentidos.”, diz o PRF Fábio Sodré ao Jornal Midiamax.

Para o atendimento a esta ocorrência, a CCR mobilizou 21 viaturas e 82 colaboradores das áreas de engenharia, operação, conservação e resgate direcionados para o local. Entre os recursos disponibilizados para a operação, estão 3 viaturas de resgate, 2 guinchos leves, 1 guincho pesado, 1 viatura de inspeção, 3 equipes multifuncionais, 3 retroescavadeiras, 3 caminhões caçamba, 1 escavadeira hidráulica, 1 caminhão prancha, além de equipes especializadas em pintura e manutenção do pavimento.

Segundo o Gerente de Operação da concessionária, Harrison Szesz, a intervenção no trecho é complexa. “Tem uma análise também da estrutura da rodovia; da estrutura do solo; também está vindo um especialista para fazer essa análise”, informa.

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Trecho atingido da BR-163 (Divulgação, CCR MSVia)

Rompimento da barragem

Imagens exclusivas enviadas ao Jornal Midiamax, registradas na área interna do condomínio de luxo mostram uma cratera formada no lado após o rompimento da barragem, na manhã desta terça-feira (20).

Segundo moradores, a água não invadiu residências do condomínio, entretanto, destruiu a avenida de acesso para as casas após a formação de um ‘sumidouro’ com o rompimento da barragem.

Em um dos vídeos é possível notar a profundidade e a força da água. Os moradores que fizeram as imagens demonstram preocupação com a situação: “Está rompendo tudo”.

represa secou após o rompimento da barragem. Imagens registradas por moradores revelam a tragédia ambiental e estrutural na região. “Acabou tudo, só galho e peixe. Tomara que não tenha ninguém em cima dessa ponte”, descreve.

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Rompimento de barragem (Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)

Sem certificado

O loteamento de luxo Nasa Park onde a barragem de um lago rompeu não tinha a licença atualizada, segundo informou o Corpo de Bombeiros. A água e a lama chegaram a interditar a BR-163 e atingiu residências.

“O condomínio está com a licença atrasada. Ou seja, não tinha o documento regular para o funcionamento do lago”, diz o Tenente Coronel Fabio Pereira Lima, do CBMMS. Segundo informações da corporação, não há vítimas e pelo menos três residências foram atingidas.

‘Só deu tempo de fugir’

Morador da região conta que vive com a mãe e três crianças em uma casa na área rural. Ele recebeu um aviso do cunhado sobre o rompimento da barragem, mas em 4 minutos a água invadiu toda a casa.

“Só tive tempo de colocar a família no carro e fugir”, contou o morador, ainda em choque com toda a situação. Os trabalhadores ainda contam que ouviram um estrondo muito alto, pouco antes da água se espalhar.

“O sentimento é de revolta, é um descaso com a nossa população. Essa tragédia já estava anunciada, ali onde eu moro tem cerca de 10 casas, com certeza a água invadiu e destruiu tudo”, conta outro morador da região.

Uso do lago era cobrado no Nasa Park

Conforme relatos, o lago pertence a um empresário que não mora no condomínio de luxo e impôs taxa para uso da represa. O uso era permitido após o pagamento de um boleto mensal de R$ 400, no qual o jet ski do proprietário já era vinculado e, assim, garantia o livre acesso ao local.

Ainda de acordo com relatos, o local pertence ao município de Jaraguari e os moradores pagam somente IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). O Jornal Midiamax tentou contato com a empresa que administrava o lago, agora seco, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.