Acrissul diz que veto de Carrefour à carne do Mercosul é ‘meramente ideológico’

Associação defende que o Brasil é um dos principais produtores de proteína animal do mundo

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Imagem ilustrativa de carne bovina (Henrique Arakaki, Midiamax)

Depois do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, postar um comunicado em suas redes sociais afirmando que a rede se comprometeria a não vender carnes do Mercosul, independentemente dos ‘preços e quantidades de carne oferecidos’, a Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) afirmou que o veto é ‘meramente ideológico’.

Em nota oficial divulgada pela Acrissul é dito que a entidade rechaça a declaração de Alexandre Bompard, e afirma que a decisão não possui motivo razoável e que seria algo ideológico. Confira o pronunciamento na íntegra:

“A Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), entidade representativa do setor produtivo, vem a público rechaçar a lamentável declaração do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, feita nesta quarta-feira, de que a empresa não comercializará mais carne proveniente do Mercosul. 

O embargo é ato meramente ideológico, não possui qualquer motivo razoável para impor tais restrições à carne produzida no Mercosul.

O Brasil já se consolidou entre os principais produtores de proteína animal do mundo, garantindo a segurança alimentar de numerosas populações espalhadas pelos mais de 180 países com os quais mantemos estreitos laços comerciais, inclusive da União Europeia.

A Acrissul reforça, portanto, o compromisso do agro brasileiro com a qualidade, sanidade e sustentabilidade dos alimentos, fatores que têm sido considerados pelo mercado global para comprar e consumir a carne brasileira, o que atesta a sua qualidade.

É preciso respeito às normais internacionais. O Brasil tem feito a sua parte”.

Repúdio

A declaração feita na quarta-feira (20), teria ocorrido devido à pressão de agricultores franceses incomodados com o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, que acusam o Mercosul de trazer produtos mais baratos ao mercado europeu que suspostamente não seguem os mesmos padrões ambientais e trabalhistas. Assim, a decisão é válida apenas para as lojas da França.

Mas a fala também gerou resposta do secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura familiar de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, que afirmou que a medida é algo lamentável. “Essa é uma medida lamentável e unilateral, reflexo da pressão de produtores europeus que não têm competitividade frente aos países do Mercosul. Ignora os altos padrões de qualidade, sustentabilidade e boas práticas do Brasil”.

“Os produtos brasileiros seguem padrões sanitários e ambientais de excelência. Essa decisão desconsidera os avanços que temos feito na área de sustentabilidade. Estamos falando de carnes que seguem padrões tão rigorosos quanto os europeus, mas com um preço que os produtores franceses não conseguem igualar. Isso não é sobre qualidade; é sobre competitividade” adicionou o secretário.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) também se posicionou contra a decisão do Carrefour. Em nota, o Mapa frisou a qualidade dos produtos brasileiros em consonância com as diretrizes internacionais, ressaltou que o país mantém relações comerciais com cerca de 160 países, e lamentou o posicionamento da empresa.

Taís Wölfert

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