De pontos descobertos a goteiras no ônibus: os desafios do campo-grandense em dia de chuva
Chuva com acumulado que ultrapassou 159 mm deixou a cidade em meio ao caos nesta quarta-feira (4)
Mariane Chianezi, Ranziel Oliveira –
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Nesta quarta-feira (4), Campo Grande enfrentou um dilúvio quando registrou acumulado de 159 milímetros de chuva em pouco mais de 12 horas. Se a vida do usuário do transporte público já é complicada em dias ensolarados, uma chuva capaz de alagar quase toda a cidade só aumenta os desafios, que não são poucos.
Para a gerente de loja Maikele Paim de Souza, de 28 anos, os horários dos ônibus, que já são atrasados, ficam ainda mais complicados. E, além disso, uma das principais reclamações são os pontos de ônibus descobertos.
“Quando chove os horários ficam piores, geralmente não é certo, fica mais complicado ainda. Deviam colocar mais ônibus, quando começa a chover forte a pessoa não consegue sair de casa, e aí ela perde o ônibus. Tem ponto com buraco, ficam cheios de lama ou não tem nem cobertura. Como você vai ficar esperando na chuva?”, questiona Maikele.
A reclamação pontuada pelo estudante de análise e desenvolvimento de sistemas Wescley Almeida Costa, de 18 anos, é sobre o interior dos ônibus. “A higiene [é um problema]. O ônibus fica muito sujo e os bancos ficam molhados. Você fica em pé e não tem como deixar a mochila no chão porque está sujo. Fora o calor, porque as pessoas fecham a janela e fica muito abafado, não tem um ventilador lá dentro”, comenta.
Assim como a gerente de loja, o acadêmico chamou atenção para os pontos sem cobertura. “E quando você desce do ônibus na chuva, não tem uma cobertura ou proteção nos pontos. Fora a enxurrada. Eu mesmo pego o 089, ele para em pontos que não têm nenhuma proteção”, afirma.
Alaide de Jesus Pereira, de 52 anos, disse à reportagem que a chuva causa diversos atrasos nas linhas e deixa os trajetos até chegar no trabalho ou em casa bem mais longos.
“A demora, o que mais demora falta transporte a mais, e a gente precisa ficar esperando nos pontos embaixo de chuva. Eles demoram na chuva e agora mesmo eu perdi o ônibus no terminal”, pontua.
Ela explica que pega ônibus no Centro para o Terminal Guaicurus e lá, pega o 126 para ir ao Los Angeles. “Se eu perco o do Centro, perco o do terminal também. Na chuva, eles demoram. A pandemia ainda não acabou, mas os ônibus estão lotados. Nos pontos de ônibus não tem um que você não se molha. Se vem chuva de vento, mesmo nos terminais você se molha”, disse.
Leitores do Midiamax já flagraram até passageiros usando guarda-chuva dentro dos ônibus para fugir de goteiras.
Chuva deixa Campo Grande no caos
Um dilúvio atingiu Campo Grande nesta quarta-feira (4) deixando ruas submergidas, córregos transbordados e um verdadeiro caos na cidade diante de tamanho acumulado de chuva. Conforme o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), até às 14h, o acumulado de chuva na Capital já ultrapassava os 159 milímetros.
Vinicius Sperling, do Cemtec-MS, disse que, em avaliações climáticas anteriores, a meteorologia já previa um intenso volume de chuva para Campo Grande. Porém, chuva registrada nesta quarta-feira (4) surpreendeu.
“Na previsão que enviamos segunda-feira era bem claro os altos acumulados de chuva na quarta-feira. Informamos algo acima de 50 mm/24 horas, mas Campo Grande foi fora do padrão”, disse. Segundo o meteorologista, o avanço da frente fria junto ao fluxo de umidade formou a combinação para o alto acumulado de chuva.
A chuva esperada para janeiro todo é, historicamente, 231 mm, segundo o Cemtec-MS. Em apenas 12h choveu 68% do esperado. A previsão indica que ainda deverá ocorrer mais chuvas torrenciais na Capital até o fim de semana.
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