Nem o Papa se livrou do vandalismo que levou o pé de Manoel de Barros

Pela cidade, espaços públicos colecionam sinais de pichações e estragos provocados por vândalos

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Retratos do vandalismo em Campo Grande. (Fotos: Montagem / Midiamax)

Na Avenida Afonso Pena, bem no Centro de Campo Grande, a estátua de Manoel de Barros permanece sem um dos pés há quase dois anos, desde a madrugada em que vândalos serraram parte do monumento. Em espaços públicos por toda a cidade, se repetem histórias do vandalismo que vitimou Manoel. 

Pia quebrada e sem torneiras na Praça Ary Coelho, em Campo Grande. (Foto: Henrique Arakaki / Jornal Midiamax)

Na praça do Papa, galeria em homenagem aos líderes do Vaticano teve metade das fotos arrancadas, dando lugar a grande paredão vazio. No local, nem mesmo a estátua de João Paulo II se livrou da ação de vândalos, que levaram a placa com informações sobre a escultura. 

“É uma situação bem complicada porque é um espaço feito para toda a população usar e fica assim, feio. As pessoas precisam mudar a mentalidade e também ajudar a manter esses espaços, não apenas cobrar do Poder Público”, comenta o motorista carreteiro Thiago de Souza Campos, de 38 anos, que curtia manhã de lazer com a família. 

Para um comerciante, de 49 anos, o problema da depredação é cultural. “Talvez se a galeria fosse fechada evitaria alguma coisa, mas exposto assim não adianta, o pessoal vem e arranca mesmo e se a Prefeitura conserta, eles vêm e tiram de novo”, relata. 

Na Praça do Rádio Clube, os estragos também são visíveis. Por todo o espaço, bancos que antes serviam de descanso para moradores já não têm mais o assento de madeira e ficaram apenas bases de concreto inservíveis para sentar. O mesmo acontece com latas de lixo quebradas e até com o monumento em homenagem à comunidade, que teve vidros depredados e fios arrancados. 

Além de pichação, fotos da galeria dos papas foram arrancadas na Praça do Papa. (Foto: Henrique Arakaki / Midiamax)

No parquinho para crianças, brinquedos novos contrastam com dezenas de pichações, que também aparecem na concha acústica do espaço. 

Perto dali, na Praça Ary Coelho, danos provocados pelo tempo se juntam às ações de criminosos. No banheiro, por exemplo, pias quebradas e vasos sanitários com válvula danificada compõem o cenário. 

Concha acústica da Praça do Rádio Clube ganhou pichação em 2021. (Foto: Henrique Arakaki / Jornal Midiamax)

Conhecido ponto de encontro da cidade, a Orla Morena é outro espaço que coleciona lixo por toda parte e pichações com declarações de amor, desenhos variados e símbolos dos quais pouco se entende. Entre os estragos, um banco de concreto quebrado ao meio e até uma das cercas que ganhou enorme buraco para abrir passagem entre a quadra de futebol e a pista de caminhada.

“Nem sei o que pensar quando vejo tudo isso, é triste ver que as pessoas não se conscientizam e destroem o que foi construído para eles mesmos”, comenta um morador que passeava com o cachorro pela área. 

Até mesmo no mais conhecido cartão postal da cidade, o Parque das Nações Indígenas, o vandalismo se fez presente. Pichações do casal ‘Nathy e Henrique’ e homenagens ao Bairro Zé Pereira estão estampadas entre paredes do espaço.

Monumento na praça do rádio perdeu fios e teve vidro quebrado com pedrada. (Foto: Henrique Arakaki / Jornal Midiamax)

Com tantos casos pela cidade, quem paga a conta do vandalismo é a população como um todo, afinal, cabe ao Poder Público restaurar o rastro de estrago deixado pelos criminosos. O Jornal Midiamax questionou o Município sobre as medidas adotadas para coibir crimes do tipo e perguntou sobre quanto é gasto anualmente nos consertos, no entanto, não tivemos posicionamento a respeito.

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