Moradores recém-instalados na Favela Cidade de Deus são notificados a desocupar barracos

Barracos foram derrubados na última quinta-feira (16)

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Barracos da Cidade de Deus foram derrubados e notificados para desocuparem a área dentro de 5 dias (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Moradores recém-instalados na favela conhecida como “Cidade de Deus”, na região do bairro José Teruel Filho, na Rua Evelina Figueiredo Selingardi, em Campo Grande, foram notificados para desocupar os barracos. A partir do aviso entregue nesta segunda-feira (20), as famílias têm cinco dias para deixar o espaço.

Segundo os moradores, na última quinta-feira (16), alguns barracos teriam sido derrubados por maquinários. Sem aviso prévio, alguns tiveram que recolher os poucos pertences enquanto a patrola passava. O comunicado nesta manhã ressaltava que a área é pública.

O serviço de entrega foi feito com apoio de servidores da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) e GCM (Guarda Civil Metropolitana). Equipes de núcleo da SAS (Secretaria de Assistência Social) também passaram pela região. A maioria das notificações foi destinada para famílias que se instalaram recentemente, os mais antigos não foram informados.

Barracos derrubados na quinta-feira (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Marilei Cabral Silva, de 24 anos, foi uma das desabrigadas e teve o barraco destruído, onde mora com o marido e os três filhos, sendo o mais velho de oito anos. Ela teria se mudado para o local há cerca de um mês, mas, sem recurso financeiro, vive de programas de assistência social.

“Mandaram tirar as coisas e [disseram] que iriam desmanchar, que se não tirasse iam passar por cima. Se tivesse condições [financeiras], não estaria aguentando humilhação com criança. Pagava aluguel de R$ 500, mas não tinha mais dinheiro”, disse.

Ariane Gomes Patrocínio mora há alguns meses na comunidade, com o marido e a filha de três anos. Antes pagava aluguel de R$ 700 e tinha gastos com água, luz e alimentação. Ela diz que a região foi a segunda a tentar levar um lar, o primeiro foi na Favela do Canguru, mas deixou o local por frequentes alagamentos.

“Tinha muito chuva lá, era risco, aqui é mais seguro. Não consegui manter a casa, optei por construir esse barraco. A gente fica com medo porque não tenho para onde ir. Aqui tem criança e idoso. Falaram que tem cinco dias para desocupar, mas vamos para onde?”

O que diz a prefeitura?

Em nota, a Emha (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários) informa que as famílias notificadas devem procurar atendimento na Emha para verificar a situação cadastral junto à Agência. Após isso, o caso será avaliado pela Emha para fins de estudo de viabilidade de atendimento no futuro. Vale destacar que em fevereiro deste ano foram entregues 91 novas moradias disponibilizadas às famílias do Jardim José Teruel.

(Matéria atualizada às 14h30 para acréscimo do posicionamento da prefeitura)

Área desocupada (Nathalia Alcântara, Midiamax)

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