O possível fechamento do serviço de pediatria nos CRS (Centro Regional de Saúde) Tiradentes e Nova Bahia e a redução nas escalas de plantões nas unidades de saúde de Campo Grande têm gerado controvérsias. De um lado, funcionários alegam terem sido informados do corte de pediatras. Do outro, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) afirma que se trata apenas de um remanejamento de profissionais.

O assunto entrou em debate após uma publicação viralizar no Facebook. Nela, o autor alega que a prefeitura de Campo Grande determinou a redução do número de médicos nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), corte de 20% dos pediatras e o fechamento do setor de pediatria nas unidades de saúde dos bairros Tiradentes e Nova Bahia.

A publicação também apresenta uma escala de plantões que, segundo o autor, seria implementada a partir de julho. Nela consta o número de médicos escalados em dez unidades de saúde de Campo Grande, sendo que em cinco não há médicos a noite A postagem gerou revolta nas redes sociais.

Escala plantões
Foto: Divulgação

Após a repercussão da notícia, um médico que preferiu não se identificar informou ter recebido o comunicado sobre a redução das escalas e o fechamento do setor de pediatria por meio de grupos de WhatsApp da Unidade de Saúde em que atua.

“Essa escala que aparece na reportagem foi entregue em reunião a todos os diretores clínicos e chefia das UPAs da Sesau. Lá estava a escala reduzida e plantão de 6h que ninguém pega porque não compensa”, afirmou.

Para o médico o fechamento do setor de pediatria das unidades ocasionaria um caos no setor de saúde pública da Capital, visto que o atendimento realizado nelas é fundamental para desafogar as Unidades de Saúde com maiores demandas.

“No Tiradentes e no Nova Bahia só existe pediatria à noite, e o fluxo é intenso, porque muitos pais levam as suas crianças doentes após o trabalho. E a ideia deles é fechar a pediatria nessas unidades. As duas unidades desafogam UPAs lotadíssimas como a Coronel Antonino e Universitário”, disse.

Fechamento Upas
Foto: Divulgação

Segundo o médico, a redução nas escalas trará inúmeros prejuízos a população. Ele afirma que o número atual de médicos não é suficiente para cobrir a demanda.

“Nas UPAs, por exemplo, são em média seis plantonistas, mas apenas quatro ficam para atendimento à população. As UPAs possuem duas áreas de internação que necessitam de assistência médica, onde um médico fica na área vermelha e outro na área amarela. Se reduzir vai ficar ainda pior”, enfatizou.

De acordo com o presidente do SinMed/MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Marcelo Santana, o sindicato é contra essa medida. “Na verdade, o serviço de saúde tem que ser ampliado e não diminuído e principalmente agora nesse período. A gente acabou de passar por um situação extremamente crítica na pediatria”, diz ao Jornal Midiamax.

“A questão de você adequar as contas ela deve ser realizada, mas não dentro de escala de serviço essencial e emergencial”, completa.

Sesau nega que haverá corte de pediatras

Em contrapartida, a Sesau alega que a proposta não se trata de redução, mas sim de remanejamento das escalas.

Segundo a secretaria, no período da madrugada, há uma redução de 80% na procura por atendimentos pediátricos, por isso os profissionais que atendem nesses horários seriam remanejados para outras unidades de saúde.

“Não haverá corte de pediatras. A proposta é remanejar os profissionais que atendiam no Aero Rancho e Tiradentes de madrugada para o dia nas unidades. Assim, a escala seria reforçada, e não reduzida”, diz a secretaria.

Já o atendimento em pediatria será mantido 24h nas unidades onde historicamente há uma procura maior. Nas UPAs de maior porte, como Coronel Antonino, Leblon e Universitário, os médicos clínicos são capacitados para atender todas as faixas-etárias, de criança a idoso.

Em relação à escala divulgada no Facebook, a Sesau esclareceu que se trata de uma proposta de adequação dos plantões.

“Nessa escala não há redução, apenas organização e remanejamento para onde há maior demanda. Isso está em discussão e não houve deliberação em relação à implementação de maneira efetiva. A informação de que a mudança passaria a vigorar em julho é equivocada”, diz a secretaria.